Pesadelo— Como, caralhos eu vim parar aqui ? — Falei me sentando na cama e sentindo a ânsia vir.
A minha cabeça lembrava constantemente das drogas que eu não deveria ter usado, e da insensibilidade que elas causam em mim.
— Tentando se matar ? — Minha mãe parada na porta me encarava com o olhar de julgamento.
— Pelo visto não deu certo ! — Exclamei terminando de por uma calça .
— Você comanda um morro, tem pessoas que se importa com você ! E além de tudo é um homem e não um moleque, então faz favor de tomar postura e agir como homem se não eu vou acabar tendo que enterrar meu filho mais cedo ! — Ela saiu batendo a porta e me deixando sozinho.
Terminei de me vestir e peguei minha moto indo em direção a boca, quando entrei o enjoo me atingiu e minha cabeça rodava sendo que estava parado.
— Tá vivo cuzão? — Olhei para trás vendo PD sorrindo mais que um palhaço.
— Preferia que não — Sussurrei e sentei na cadeira atrás de uma mesa de ferro improvisada. — Preferia muito que não.
— Debulhou gostoso, bateu até na cara da Carminha — Eu virei para ele franzindo a cara e dando de ombros.
— Aquela mina já tava me tirando, brinca muito — Bati a mão na mesa e derrubei alguns negócios.
— Cala a boca que você não é ela — PD gritou rindo e eu encarei sério — Você disse isso para a Carminha por que ela te chamou pelo nome.
— Vish — Sussurrei.
Barulhos de fogos reinou e me fez levantar em um solavanco, peguei o colete e o fuzil e sai a milhão pedindo reforço pelo radinho, eu gritava e trocava tentando ao máximo não ser atingido.
Qualquer coisa era escudo sem problema algum, o foco é se manter vivo, quando entrei em uma viela vi ninguém e me escondi ali.
— Vai caralho, não deixa passar do meio. — Gritei no radinho — Tem que fazer caveirão voltar de ré !
Quando eu larguei o radinho senti alguém me empurrar e o barulho de tiro próximo, quando eu consegui me levantar eu vi ela caída.
— Izabella ? Você tá louca ? — Fui até ela e vi o ombro sangrando. — Caralho ! Caralho ! Preciso de ajuda no beco da 13, para ontem !
Pressionei com a mão mesmo largando o fuzil nas costas ouvindo os tiros diminuir, mas não, algo me dizia que não tinha acabado, sentei atrás da lixeira colocando ela entre minhas pernas e segurando ela ali.
— Fala alguma coisa, pelo amor de Deus — Eu falava baixinho — Você tá bem ? — Bati na minha própria testa — Que pergunta merda, você tomou um tiro. Por que você fez isso ?
— Eu não iria deixar você morrer ! — Ela falou baixo, e tentou se mexer — Caralho, um tiro dói.
Tudo que eu fiz foi rir — Tu brinca mais que a brincadeira — Você tá machucada, lógico que dói.
Não sei quanto tempo eu estava ali, segurando ela e podem me julgar se eu já amava ela antes agora depois dessa eu amo mais ainda, e eu prefiro manter ela viva só o que me importa.
Quando me senti seguro, eu peguei ela nos braços e corri para a casa, com ela em meu colo quieta sem falar nada e eu só queria que fosse mentira a cena no meu colo.
— O que aconteceu ? — Meu padrinho disse correndo em minha direção — Bella ? O que você fez André ?
— Ela pulou na minha bala, literalmente ! Ela não deixou me atingirem padrinho, eu tava de costa iam me pegar na covardia — Suspirei.
Peguei o radinho — Mandei pegarem a porra de um carro para mim, essa merda não chegou, vou cobrar nessa porra ! — Gritei chutando a porta da sala.
A enfermeira chegou com PD atrás e eu sentei no chão no canto da sala, me sentindo o pior de tudo ali, culpa minha, só minha... Eu largaria o movimento por ela, eu viraria um engomadinho por ela.
— Sabe que essa merda é culpa sua? — O pai dela me encarou e eu não podia revidar dessa vez.
— É mesmo. — Dei de ombros.
Eu senti a vontade de chorar pela primeira vez em séculos, nem a falta do meu pai fazia isso comigo, nem a morte de amigos mas só de pensar que poderia ter sido ali o fim dela minha garganta fechou e eu nem parecia mais ali o vagabundo, dono do morro intocável e filho da puta, eu só era o André.
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Patrão
Teen FictionIniciada :02/10/2017 História de Pesadelo e Izabella O pai nem se quer conheceu, cria da quebrada e sempre correu pelo seu! Nunca foi certo e isso ele admitia. Filho de Dona Maria sempre fez de tudo para que nunca lhe faltasse carinho e comida...