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22 anos atrás...

Maria Do Cândido

- Amor e agora oque vamos fazer ? - Pergunto atordoada.

- Oque vamos fazer o caralho ! O bagulho é simples - Foi até a comoda e pegou um pacote - Aqui tem o suficiente pra tu fazer o aborto e esquecer de mim !

- Oque tá maluco ? Não vou tirar minha cria ! - Gritei revoltada.

- Quer oque ? Que eu desista da minha carreira na policia , e assuma uma favelada , moradora do alemão ! Tu fumou né ? - Disse com ódio.

- Tu prometeu que estaria sempre comigo ! Independente do que aconteça ! - Disse e ele gargalhou.

- Tu acreditou ? Meu um corpinho gostosin desse nos promete qualquer coisa pra pode comer - Gargalhou - Agora rala daqui !

Sai de lá dissolada , o choro me consumia , peguei um táxi e fui em direção o alemão , chegando lá subi o morro em passos lentos ate chegar na casa da minha melhor amiga a Cida e bater em seu portão , logo escutando um 'Já Vai' e logo em seguida o portão ser destrancado e aberto.

- Ô comadre entra ! - Disse e me abraçou.

- Oi comadre - disse Paulo seu marido sentado no sofá assistindo tevê - Tá vindo de onde mulher ?

- Fui falar com ele ! - Foi tudo oque saiu da minha garganta.

- Foi falar com o bota preta ? - Disse Cida.

- Sim ! - Concordei.

- E oque deu ? - Perguntou Paulo aflito.

- Ele me deu dinheiro e mandou eu abortar , falou que não se envolveria mais comigo , que era para mim esquece-lo e nunca mais procura-lo , sai de la sem chão e sem sentido , não sei oque fazer e nem oque decidir , só sei que o meu filho vai nascer ! - Digo convicta do que sei.

- Esta certa , deixa esse cú azul pra la , não precisa dele pra nada , tem a gente não é mesmo Paulo ? - Diz apertando minhas mãos.

- Claro , meu afilhado ninguem toca - Disse me fazendo rir em meio ao choro.

3 Meses depois...

Uma barriga de cinco meses , no qual descobri ser um menino , minha comadre e meu cumpade estão me ajudando em relação ao Carlos , o policial nunca mais o ví.

4 meses depois...

Completei meus nove meses e agora estou em trabalho de parto , o nome do meu menino será André Ricardo , vi o pai dele umas duas vezes nesse meio tempo ele estava de serviço.

12 anos depois...

André Rodrigo

Cria de favela é foda , todo mundo ta ligado que sou bicho solto , pra cima e pra baixo , vários role com bike emprestada , também varias treta com os maluco folgado que aparece , dando um tapa no beck , vendo minha coroa batalhar pra me dar uma vida melhor , Pai ? Nem sei quem é , só sei que mesmo antes de eu nascer já tentou me matar.

Mãe ? Ah minha base , meu tudo , sei que sou menor sem juizo mais sei bem em quem confiar , recebi a proposta do patrão pra virar fugueteiro , dinheiro rapido , vida um pouco mais boa logo aceitei.

Passou mais três anos eu subi de cargo virei Vapor , sabia que minha coroa não se orgulhava mas o dinheiro , maconha e cocotas era oque importava.

- André Rodrigo , já falei sai enquanto é tempo isso não é vida - Disse enquanto lavava a louça.

- Qual foi ? Não é vida mermo não , mas é oque ta tendo coroa - Digo arrumando meu boné.

- Me ouve menino , tô cansada de tanta preocupação , Eu te amo muito pra te ver nessa vida - Disse enxugando as mãos.

- Também Te Amo Dona Maria - Beijo sua testa e sorrio.

Saio pro trampo , comprimento alguns parças indo em direção a boca , chinelo no pé camisa no ombro , bolsa nas costas e um bermuda da cyclone era minha vestimenta.

- Fala Patrão - Digo sentando com ele na viela.

- E muleque bom , chega ae - Diz entrando em uma casinha la aonde fica o dinheiro e restante da mercadoria.

- Oque temos hoje chefe - Digo ajeitando o boné pra trás.

- Vai ficar com a maconha e o pó hoje - Me entregou e eu logo guardei - Se continua assim tu so tem a crescer aqui ! Agora camba , vai correr atras do seu.

Sai de la sonhando mais alto do que nunca , virar gerente ou patrão a muleke , sei que nao é pra ter orgulho , mas fazer oque se foi oque me restou.

Seis anos depois...
( 13/04/2015 )

Foi dito e certo aos 17 virei gerente , hoje aos 21 sou dono desse morrão aqui , o antigo patrão rodo foi preso e morto na cadeia por rivais , eu assumi , me chamam de Pesadelo , se já era ruim hoje sou pior.

Minha mãe não gosta do meu estilo de vida , mas respeita , hoje ela trabalha em um barzinho que montei pra ela , meus padrinhos , ainda moram por aqui e são minha base também , faz alguma semana que assumi o cargo , mistura de poder com uma certa liberdade era oque eu sentia.

- Tão invadindo - Entro o menor na casinha gritando.

- Quem é menor ? - Falo pegando uma Glock e uma AK-47 Automantica.

- Os verme Patrão ! - Fico no veneno.

Ouço os tiros pra tudo que é lado assim que desço a rua vejo dois policiais caidos , e um dos meus , somos em maioria , são poucos os que passam da entrada.

- Perdeu Ladrão - Ouço atrás de mim e me viro vendo o Sargento da Policia.

- Será ? - Sorrio de lado encarando seu rosto , uma sensação estranha.

Não se ouvia mais tiros , apenas eu e ele se encarando , quando ele destrava a Três oitão dele ouço um disparo e vejo o cair no chão , e sua arma voar , um tiro na perna , corro até ele e aponto o Fuzil é agora que metralho ele penso comigo , ele estava estirado no chão , eu de frente mirando em sua cabeça , mas ouço minha coroa gritar enquanto chora.

- Oh porfavor meu filho , esse daí é o teu pai não aperta esse gatilho - Minha mão tremeu , senti uma lagrima cair.

- Ele não vale nada a senhora , foi mãe e pai ! - Gritei e bati a ponta do fuzil na cabeça dele.

- Oh Porfavor meu filho , esse daí é o teu pai não aperta esse gatilho - Novamente minha mão tremeu , comecei a chorar , eu sentia uma dor inesplicavel.

Uma dor no peito , a mão tremula os olhos enxargados , olhando aquele rosto que tanto lembra o meu , minha mente junto com o odio mandava eu mata-lo , mas desde menor wu prometi que numca seria como ele.

- Só não te mato por que não sou igual ao senhor - Disse virando as costas e indo pra casa.

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