Capitulo 45

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    Tudo estava quieto.   Pinheiros altos balançavam com uma brisa fria.   Harry estava deitado de costas, esparramado no chão úmido.   O céu, surgindo entre as árvores densas, estava cinza — se era com o crepúsculo ou com a tempestade, ele não sabia.   Lentamente, Harry se levantou.

Ele estava em uma clareira – a mesma clareira que assombrara tantos de seus sonhos.   As sombras eram longas e a floresta estava silenciosa, como se esperasse.   Alcançando seu braço, Harry encontrou seu coldre de varinha vazio.   Olhando ao redor da clareira, ele viu a varinha dos Anciões no chão a poucos metros de distância.   Invocando-o silenciosamente, ele se arrastou para frente.   Seus pés mal faziam barulho nas agulhas de pinheiro molhadas.   Ele se perguntou se Rony e Fleur permaneceram, observando das sombras.

Do outro lado da clareira, onde Voldemort estava, não havia nada além de uma pilha densa de cinzas.   As bordas da pilha foram se afastando lentamente, levadas pela brisa.   Harry olhou.   Ele enfiou a mão no bolso.

Com certeza, seus dedos roçaram o polimento suave da pedra da ressurreição.   Ele levou a mão à garganta.   A capa da invisibilidade estava presa em seu pescoço, arrastando-se atrás dele com um peso confortável que ele não sentia há anos.

Um galho quebrou; seu estalo perfurou o ar como um tiro.   Harry se virou, varinha estendida.

Um rosto sardento familiar saiu das sombras.   Harry ficou boquiaberto.   Desgastado pela guerra, seu amigo de infância não envelheceu um dia desde a última vez que o viu.   Ron agarrou o ombro de Harry antes de puxá-lo para um abraço.   "Acabou", disse ele, a voz embargada de emoção.   "Ele se foi."

Envolvendo seus braços ao redor de Ron, Harry apertou os olhos com força.   Sua garganta apertou com emoção, então ele apenas o segurou e respirou.   Quando abriu os olhos, Harry viu outro rosto familiar.   Fleur caminhava com o passo decidido que há muito substituía seu passeio juvenil.   Ela também estendeu a mão e agarrou o braço dele.   Harry sentiu seu rosto se contorcer em um sorriso que também era um soluço.

“Acabou, 'Arry,” ela disse.

"Ele se foi," Harry sussurrou.   “Ele realmente se foi.”

Ron o apertou com força enquanto Fleur assentiu.   Harry sentiu lágrimas quentes transbordando enquanto sua respiração estremecia em seu peito.   Ele estendeu uma mão para tocar sua cicatriz.   Ele afastou os dedos ensanguentados e sorriu.   “A horcrux se foi.”   Ron assentiu, afrouxando seu aperto para se inclinar para trás e olhar Harry nos olhos.

"Eu pensei que você -" A voz de Ron se interrompeu, incapaz de falar.   Ele balançou sua cabeça.   “Você não estava se movendo.   Você apenas deita aí.”

Harry agarrou o braço de Ron, oferecendo o mínimo conforto que podia.   "Eu estou bem.   Estou aqui."

Ron balançou a cabeça, rindo de alívio e incredulidade.   “Potter sorte.”

"Venha, devemos contar aos outros", disse Fleur, gesticulando de volta para o castelo.   Harry assentiu.   Ron passou um braço ao redor de seus ombros, sem vontade de soltá-lo ainda.   Harry envolveu seu próprio braço em volta da cintura de Ron, precisando do contato com a mesma ternura.   Parecia que anos tinham passado em vez de momentos.   Ele caminhou até a morte, dizendo adeus a todos que ainda amava, apenas para encontrar um milagre de segundas chances.   Ele se apertou mais perto de Ron.   Eles eram tudo o que restava: o último dos Potters, o último dos Weasleys, o último do Trio Dourado.   Ron não parava de olhar para ele, mas Harry olhava para cima também, tentando memorizar as sardas de seu rosto, a mandíbula afiada, o castanho profundo de seus olhos.  Seu coração doía com a falta dele.

O Sangue em minhas mãos me assusta muito.Onde histórias criam vida. Descubra agora