Capítulo 14: As engrenagens se movem

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 Mesmo agora, era assolado por arrependimentos que rasgavam sua alma quando se lembrava daquele momento. Os dedos estendidos foram manchados pelas cinzas e uma fagulha de dor arranhou seu cérebro. Teve seus sentimentos aflorados pela única ação que conseguiu tomar.

 Conseguia se lembras dos mil pensamentos que teve. Mesmo agora, ainda os tinha presos em sua cabeça. Mesmo agora, não encontrara uma motivação que justificasse o que ele havia feito... Por isso, continuou sozinho, encolhido nos corredores destruídos, com suas mãos manchadas de sangue.

 - Alguém...

 O que escapou dos lábios foi um fragmento de uma esperança inexistente que viera inconscientemente.

 Lembrou-se mais uma vez de como era ter problemas. Ou, entendeu que, na verdade, seus problemas passados não eram nada se comparados ao presente.

 - Por favor...

 Dessa vez, ele conseguiu abrir...



 ..........



 Galiban, que segurou Elisalina e respirou fundo, fora jogado para o chão violentamente. Então, a palma da mão raspou nos detritos e a linha de visão foi deslocada.

- Ahh...

 A poeira que voou logo tomou conta de todo o lugar. A visão era praticamente nula. Respirar era uma tarefa extremamente difícil. Mal ele conseguia sentir o próprio corpo. No chão, a única percepção que teve fora tardia, de que estava abraçado em algo mais pesado do que ele lembrava.

 - Unhh...! P-Pequena... Tá bem...?

 Chamando por uma garota, tencionou a ponta dos dedos na pele que segurava. Galiban não conseguia abrir os olhos, quanto mais escutar, então, não tinha ideia de como ela estava.  Sendo assim, ele só podia torcer pelo melhor.

 - Não consigo... Unggff... Respirar

 O elfo lutava para conseguir um pouco de ar limpo enquanto tentava verificar se o calor que sentia na ponta dos dedos não era uma simples percepção da morte o consumindo aos poucos, mas sim, da garota que segurou no momento em que os espíritos explodiram.

 - Minha cabeça...!

 Antes de si próprio, deveria proteger a pequena elfa que insistiu em participar dessa missão perigosa, mas de extrema importância.

 - Que dor...!

 Galiban passou por uma experiência de apenas alguns instantes entre a perda de consciência e o despertar.

 Apenas um segundos atrás, o ar explodiu e ele foi jogado no chão com uma força inimaginável, tingindo sua mente de preto. E após perder momentaneamente todos os cinco sentidos, se viu gradativamente conseguindo ter suas percepções de volta.

- Ahh - suspirou ele, e continuou - As coisas vão de mal a pior em instantes...

 Deixando sua indignação no vento, ele focou no próprio corpo: uma rápida quantidade de espíritos circulou por todos os espaços, movimentando o sangue e todas as células, agilizando o processo de cura natural do organismo.

 Galiban percebeu seu corpo completamente rijo desde a alma, por conta do choque de ter sido pego por uma explosão. O seu pulmão se contorcia e ele mal conseguia respirar. Mas era questão de tempo até estar totalmente curado. Seus anos lutando quase que diariamente o ensinou a se curar com praticidade e velocidade. Já estava acostumado com esse tipo de situação.

 - Tô mal...

  - Unhh...!

 O elfo, após um grande esforço aplicado, conseguiu abrir os olhos, relutantemente olhou para o lado e viu sua própria imagem em pé, corrigindo o ângulo do corpo enquanto mexia na camisa, parecendo checar alguma coisa - talvez, vendo se não possuía nenhum ferimento.

O Berço do CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora