Capítulo 22: No pior dos termos

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 No instante em que alcançou o galho com impulso, o céu e a terra ficaram invertidos para Wendellin.

 - Ah! Uff!

 Foi logo após uma corrida a toda velocidade. Não conseguir enroscar os dedos nos ramos da árvore após enorme propulsão mal calculada era algo semelhante macacos num geral e pessoas. Wendellin não conseguiu ficar suspenso e caiu de cabeça na lama. Colocou a mão no chão por reflexo, mas não conseguiu prevenir arrastar um pouco na sujeira. Do jeito que estava, virou o corpo em um giro e ficou de barriga para cima.

 A respiração estava agitada e o campo de visão piscava por conta da falta de oxigênio. Havia uma sensação desconfortável às costas e, vendo o céu vermelho pelas frestas que existiam na floresta, Wendellin encheu o peito com o ar preenchido do aroma de folhas e árvores queimadas.

 Então, estendeu o braço para os céus e fechou a mão.

 - Pffff! Argh!! Não dá mais! Tô passando mal, já! Essa foi a última tentativa! Terminei por hoje!

 Deixando o suor escorrer sem parar e se misturar com a lama, Wendellin torceu a cara e gritou a realização da tarefa. Quase desistiu várias vezes durante o caminho, mas a cada vez o garoto usou sua força de vontade invencível e, por fim, completou sua meta. O tamanho da emoção era equivalente à quantidade de falhas. Com isso, finalmente poderia descansar de mente tranquila.

 - Hum...?

 Um dragão apareceu de ponta-cabeça no campo de visão do garoto com uma sensação agradável de realização. Era um réptil amarelo de feição afiada e uma cauda de serpente que balançava vagarosamente para os lados. Wendellin respirou fundo ao ver o pequeno animal com símbolos característicos nos olhos também amarelos.

 - Acho que eu não vou me acostumar nunca com esse tipo de visão

 O garoto usou as costas da mão para limpar o suor da testa, mas, assim como a palma, esteva suja a ponto de fazer um risco marrom por onde ela passou. Ele apenas suspirou mais uma vez enquanto erguia o tronco.

 - Agora...

 O rosto indiferente de Wendellin encarou o pequeno dragão amarelo, que deu a volta pela poça e parou bem na sua frente. Nesse momento, o garoto pôde sentir uma intenção diferente exalar do animal, ao qual ele disse:

 - Por favor, agora não

 Mas, como que ignorando-o propositalmente, o pequeno dragão balançou o quadril e, antes mesmo que o garoto pudesse adiantar o próprio corpo, o réptil fantasioso saltou majestosamente e caiu de barriga na parte mais funda da poça, como se realmente quisesse fazer bagunça. No mesmo instante do impacto, Wendellin conseguiu usar as mãos para cobrir o rosto - a única parte do corpo de foi salva.

 E como se não bastasse, a pequena criatura começou a rolar pela lama, manchando completamente aquela cor amarelo natural, que o garoto achava tão bela. O semblante dela era de quem estava realmente gostando de tudo aquilo, diferente do jovem rapaz, que torceu o nariz com toda a bagunça.

 - Olha o que você fez, praga! Onde eu vou me limpar agora, aquele rio aqui perto tá mais sujo que eu

 Batendo as mãos da calça arremangada até a metade da coxa, Wendellin não gostava nem um pouco da sensação esquisita de estar completamente sujo. Era como se existisse uma camada superficial em cima da própria pele que o fazia desconfortável. Mas, o que mais lhe incomodava era a camisa colada no próprio tronco por conta da sujeira e, principalmente, por causa do suor.

 O cheiro forte já era corriqueiro, então o garoto acabou se acostumando. Mas a sensação de grude era algo que não teria como chegar ao mesmo fim, e agora com a lama, as roupas também estavam mais pesadas. Deixar no pouco de sol que surgia iria demorar muito, mas ele precisava fazer alguma coisa.

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