A reconstrução gradativa dos músculos sempre causava uma dor excruciante em Raksena. A habilidade natural de todo ser vivo, de alguma maneira, a machucava sem nem pensar duas vezes. Tecidos e células retornam ao estado inicial enquanto o cérebro recebe constantes pontadas das ligações nervosas. Esse fato desgasta a consciência de Raksena como uma onda. E mesmo em uma situação ruim, essa não seria uma exceção.
- ...
Após restaurar superficialmente os machucados mais leves, a primeira coisa que Raksena sentiu foi um mal-estar. Sentiu ânsia com a sensação ruim de pontadas afiadas na consciência antes mesmo de perceber. Tossindo com uma sensação de algo preso na garganta e cheiro ruim de terra sobre a língua, Raksena usou todas as forças para respirar profundamente.
- Arhhg...! - deixou escapar, com a respiração arranhada.
A demi-humana mordeu os lábios, apertando os olhos no local mal iluminado. Após piscar algumas vezes e se acostumar com todas as dores que sentia, olhou para o céu azul, sendo tomado pelas cinzas da destruição e fumaça que, há pouco tempo atrás, haviam infestado ambos os seus pulmões.
A movimentação rápida do fluxo espiritual por todo o corpo, sem dúvida, era extremamente conveniente, mesmo com a dor do próprio tecido se regenerando. Contudo, limpar os alvéolos pulmonares era um trabalho difícil, que teria de ser minuciosamente feito, caso contrário, poderia colapsar a qualquer momento num futuro próximo. Portanto, respirar ainda era uma tarefa bastante difícil para ela.
- ...!!
Após uma breve fungada, além da dor, o característico cheiro da morte pairava pelo lugar. Sem dúvidas, estava melhorando.
Colocando as mãos na grama, Raksena ergueu o tronco e remendou as lembranças bagunçadas para tentar ignorar a dor latejante que vinha da própria virilha. O cérebro não conseguia processar a enchente de dados durante a sessão de cura.
Assim que pisou para fora da cela, logo foi atacada impiedosamente por Konall, que não mediu esforços para machuca-la. E então, apesar dos machucados, conseguir fugir e sair da prisão. No caminho, estava completamente esgotada - todo o carbono que inalou apenas piorou a situação.
"aqueles idiotas soltaram os lagartos e estão subindo pelo caminho dos depósitos", foi o que Rokku disse. Raksena sentiu um calafrio.
Ela tocou na parte da coxa que fora lacerada e sentiu um pouco de sangue escorrer. Obviamente, um ferimento profundo como aquele não seria cicatrizado tão rápido.
Deslizou os dedos da lateral até a virilha. O buraco estava lá, gerando uma dor latejante na demi-humana. E quem causou isso fora um "empecilho idiota".
- Preciso ir... - ela disse.
Enxugou o suor na testa com as costas da mão. Em sua mente pairava a figura da singela garotinha com longos cabelos dourados: Elisalina, a pequena elfa que sempre a acompanhava.
- Tá, tá...
Finalizando a organização de informações, Raksena concentrou-se na realidade. Tendo descansado por alguns minutos e deixado com que o corpo se curasse, esse era o momento para levantar. Uma vez que conseguira recuperar a própria percepção, poderia seguir em frente.
..........
Ela pisou forte no chão e pulou para frente. Impulsionou na raiz grande e redonda debaixo dela, batendo os pés com o máximo de força que pôde.
Ela tinha sido verdadeiramente enganada ao pensar que não havia nenhuma base segura ao entrar mais fundo na floresta sem estradas adequadas. Tudo o que ela tinha que fazer era seguir naturalmente o percurso e não hesitar em seu julgamento quanto ao lugar onde deveria ir. Confiando a firmeza de seus pés enquanto avançava.
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O Berço do Caos
FantasyNo mundo existem aqueles que não aceitam a realidade como ela é e desejam por um lugar mais divertido e interessante de se viver. No meio de muitos que anseiam por isso, está Wendellin Mount, um garoto de 17 anos, estudante do ensino médio e um escr...