Capítulo 5: Persistência insignificante

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 O cenário que replicava com perfeição imagens dos resultados de uma explosão nuclear saltaram às vistas de Wendellin, que estava se recuperando da leve vertigem que quase o fez vomitar.

 Realmente, o mundo fantasioso não era mais divertido que a "Terra" de onde ele veio. Sentindo um cheiro horrível, ele chega a essa conclusão. O garoto usou toda a sua força para rastejar e sair debaixo de alguns pedaços do teto que o cobriam.

 Contemplando com todos os cinco sentidos, ele observou novamente o fim do mundo acontecer bem diante de seus olhos. Aquela era uma lembrança que deveria ser apagada, mas nada o fez quando percebeu o sentimento desagradável do pequeno trauma o consumindo por dentro.

 A boca, o sangue. O nariz, a poeira. A pele, a queimação do corte em seu pescoço coberto por sujeira. Os ouvidos, as explosões que faziam os céus tremerem. E por fim, seus olhos viram o trauma que desenvolveu no dia em que foi invocado para aquele mundo; a enorme parede de fogo mudou o cenário por completo. Não haviam vestígios de vida em lugar algum.

 Enquanto as enormes nuvens de fuligem e poeira cobriam tudo até onde a vista alcançava, mais clarões podiam ser vistos nos céus, e após poucos segundos, ruídos ensurdecedores causados por aquelas ondas de choques massivas eram escutados. O pouco do céu visível era tingido de vermelho e o dia estava imerso em cores mortas. Mais uma vez ele teve que encarar essa situação - agora, mais de perto.

 Wendellin custou a levantar. Sua cabeça ainda doía e seu corpo estava parcialmente rigido. Sua mente estava instável, mas sua respiração parecia ofegante a medida que ele tentava se manter de pé. O chute que levou na cabeça ainda estava o afetando.

 Percebendo a falta de flexibilidade em seus membros e a dor de cabeça indescritível, ele chegou à uma única conclusão conclusão:

 - Apaguei por pouco tempo... Ait!

 Enquanto focava na sensação de mexer os dedos, ele sentiu um aperto no peito; seus olhos se arregalaram pela lembrança dos corpos jogados no chão. Ele imediatamente virou a cabeça para a mesa do outro lado da sala. Houve uma hesitação de um segundo e, juntamente à respiração excessiva e à batida do coração, virou-se. E aquilo foi refletido no olhar do garoto...

 Cobertas por poeira, as enormes manchas de sangue que coloriam as paredes e o piso com diversos rabiscos mostravam o resultado de uma barbaridade nunca antes presenciada pelo garoto. Logo abaixo da parede, pela metade, três corpos estavam parcialmente enterrados pelo teto. Alguns braços estavam a mostra. Seus dedos estavam fechados como se já tivessem entendido o futuro que lhes foi guardado, o que era bastante diferente do imaginável, onde bravos guerreiros tentariam lutar até o fim, independente de sua condição.

 Eram os cadáveres dos guardas que provavelmente estavam encarregados de proteger o doutor. Mas que, no final, fracassaram por completo no maior objetivo de suas vidas.

 O corpo do elfo de jaleco também estava em algum lugar daquela sala. Wendellin sabia disso, mas não conseguiu procurar por ele. Ao avistar o que havia restado dos guardas, novamente não conseguiu pensar em mais nada. Sua respiração travou e uma queimação subiu garganta a fora. Ele tentou levar a mão até a boca, mas suas pernas cederam e ele voltou a cair no chão enquanto vomitava somente água e um pouco de sangue.

 - ...Ah... ...Aaah

 Incapaz até mesmo de respirar, um turbilhão de coisas aconteceram na sua cabeça em questão de segundos. Não conseguia mais mexer seu corpo, e isso era um problema, principalmente na situação em que se encontrava.

 O forte cheiro de ferro que estava impregnado na sala foi o suficiente para degradar ainda mais a sanidade mental de Wendellin. Totalmente a mercê do destino, ele finalmente havia começado a enlouquecer.

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