17. CARLISLE: Aceita um rato?

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—Peço perdão pelo meu lapso, não costumo me comportar de modo tão inapropriado. Infelizmente não sou imune aos encantos da sua espécie. Precisa de um rato ou algo assim? Sua aparência está péssima.—

Abraça as pernas e inclina o corpo para frente, movendo a cadeira de balanço ainda sem olhar para mim.

O coração está acelerado, a voz soa mais alta do que de costume, além da cadência entre uma palavra e outra ter aumentado.

Está nervosa, e eu também fico ao escutar a proposta.

Só de imaginar o sabor rançoso do sangue de rato na língua sinto vertigens.

Definitivamente não é meu favorito.

—Dispenso o rato, agradeço a cordialidade. A sede é o menor dos meus problemas agora. —

Respondo mesmo sabendo que ela é sim o principal problema, e única culpada pelo meu tormento. 

Um lapso? Um lapso causado pelos atributos sobrenaturais da minha espécie? Mentira. A sereia está cercada de vampiros e duvido muito que tenha feito algo assim com qualquer um deles.

Livre dos grilhões e ciente de que seu interesse não é motivado por achar dever algo em troca da ajuda, tratarei de fazer esses lapsos acontecerem com mais frequência.

—Posso ajudar? —

Consigo pensar em várias formas de auxílio, e a mais agradável sem dúvidas é na mesma posição da sala, prostrada diante de mim, no entanto, mascaro o desconforto evocado pela lembrança e me forço a prosseguir com a conversa.

—Sim. Fale qualquer coisa que possa ser útil para ganhar a simpatia dos Giovanni.—

A cada nova descoberta a antipatia em relação a eles cresce, sendo substituída por um sentimento estrangeiro, ódio. 

Eu os detesto, manter a imparcialidade durante as observações quando o objeto de estudo desagrada tende a nos levar a análises imprecisas.

— Como já havia dito, o caminho mais fácil é Carmine. A propósito, precisará das  mãos... das duas. Não é fácil desatar um espartilho. Conquiste-a, ela cuidará dos irmãos.— 

Sua apatia ao sugerir novamente o mesmo plano me entristece.

—Que Deus me ajude.—

Deitei fora o paletó pois estava impregnado com o perfume de Carmine.

A ideia de seduzi-la por si só fez meu corpo se aquietar.

É bonita, educada, e tão má quanto os irmãos.

A crueldade ofusca todos os demais atributos.

— Vincenzo gosta de apostas, cartas, cavalos, brigas de cães. Mostre interesse em alguma dessas áreas e terá um pouco da sua simpatia. Carmine adora as miniaturas, valsa e observar os humanos comendo. Giancarlo aprecia a ordem, nunca bata de frente com ele ou tente alterar as regras. —

—Isso inclui tocar em você. Se tivesse provado seu sangue seria um homem morto. —

Pontuo, relembrando a insistência em curar minha mão.

Eles saberiam de imediato, afinal, os olhos de Giuliano mudaram de cor.

— Eu não estava pensando direito. Juro, não fiz por mal.—

Consigo aceitar a desculpa.

Eu também não penso direito perto dela, acaso fizesse teria ido com os Giovanni caçar.

Agora, com a garganta seca e a dor da fome atormentando meus sentidos, tenho certeza que deveria ter ido.

— O que pretende fazer depois de sair?—

— Ver minha família. Papai queria passar o controle dos negócios para John e viajar pelo mundo com mamãe, então talvez não os encontre com facilidade.—

✔ Esmeralda e outras flores mortas| Carlisle CullenOnde histórias criam vida. Descubra agora