08. CARLISLE: Quente e vivo

2K 246 163
                                    

 A visão dela me atordoa.

Tenho certeza que se respirasse meus pulmões teriam parado de funcionar, atingidos pela imagem de Esmeralda.

Os cabelos molhados adornam o rosto pálido, uma longa mecha cobre seu ombro direito, fazendo a camisola branca com bordados de flor grudarem na pele. Até a aparência dos lábios melhorou após o banho, rosados, sadios.

A gola do vestido tapa seu pescoço por completo, as mangas, os braços.

Não posso deixar de notar que Giancarlo a encara com um misto de adoração, desejo e ódio.

Ele a quer, e talvez a deteste ainda mais por isso.

Permito que o vampiro me prenda, como acordado.

Ganhar permissão para observá-la durante a noite custou minha liberdade, e segundo o anfitrião se eu provasse ter mais autocontrole do que Giuliano as amarras seriam temporárias.

Entediado, resolvo apelar para a curiosidade, fingindo anotar coisas aleatórias num bloco que eu nunca uso.

Funcionou.

No fim ela me achava incompetente, péssimo cozinheiro e com certeza um estorvo.

O 'monstro' sabe ler.

Tem uma voz melodiosa capaz de dobrar a mais rígida das criaturas.

Um par de pernas frágeis que não lhe valeriam numa fuga, e com certeza não é  uma predadora.

Descuidada demais para quem caça.

Meu pescoço está preso, porém as mãos a alcançariam sem dificuldade. 

— Você não vai embora mesmo?—

Repete.

Indignação brilha nos olhos escuros, e por alguma razão saber que ela me quer fora do seu mundo me incomoda.

—Não.—

Fica de joelhos na cama, me encarando atônita ao ouvir a negativa.

Toma uma longa respiração, endireitando a coluna. Seu objetivo é parecer maior e mais intimidadora, falha miseravelmente.

Meu rosto está a centímetros do dela e só consigo me concentrar no bico de um dos seios despontando da camisola. 

A visão disso somada a respiração fria fustigando meu rosto deixa minha garganta seca e envia uma resposta direto para o meio das minhas pernas.

Se eu estendesse a mão seria capaz de tocar seus cabelos, cobrindo com uma mecha, igualando os lados.

Não me recordo quando foi a última vez que a necessidade se abateu sobre mim tão forte, e cogito se talvez, só talvez aquela família tenha razão, porque o efeito que Esmeralda causa em mim beira a um feitiço.

— Saia, ou irei desmembrá-lo e jogar os pedaços lá fora através das grades.—

A ameaça me faz querer rir.

Evito, ela gosta tanto de risadas quanto do mingau de aveia que preparei, e entendo. Se vivesse preso num sótão também detestaria.

—Isso parece terrível e cansativo.—
Comprime os lábios numa linha rígida, franzindo o cenho.

Não hesitou em atacar Giuliano ao ser pega, eu, no entanto, nunca a machuquei.

—Por que seus olhos são dessa cor?—

— Não me alimento de humanos. Cervos, ursos, tubarões, depende do lugar que escolhi. Desde que me mudei para Londres, por exemplo, a base da minha dieta tem sido cabras, bezerros e claro, eventualmente alguns ratos. — 

✔ Esmeralda e outras flores mortas| Carlisle CullenOnde histórias criam vida. Descubra agora