Chegamos no jardim em silêncio, com Vincenzo sustentando a maior parte do meu peso me ajudando a caminhar. Não por gentileza, e sim porque o braço em volta da minha cintura pressiona os cortes já fechados mas ainda doloridos feitos pelo látego na noite passada.
Recuperação lenta acontece quando eles bebem demais, e na última semana eu os alimentei todos os dias.
Ele passa pelas mesas de chá e me coloca ao lado da fonte dos pássaros, onde posso me apoiar com mais facilidade sem ajuda alguma.
Na janela do último andar da mansão, o bichinho número quatro e único vivo olha, apoiando a mão ossuda no vitral empoeirado.
Não vai aguentar muito tempo, nem eu. É um milagre que tenha passado o dia respirando depois que Ethan e Olívia a levaram do porão para o quarto após terminarem comigo.
— Que tal um jogo honesto?—
Pergunta ao escutar o som da carruagem levando Carmine, Vincenzo, Ethan e Olívia deixar a propriedade.
Fico em silêncio, ele solta a corrente da coleira, se aproxima e pela primeira vez desde que nos conhecemos não diz nada maldoso, destrava o adereço, lançando-o no chão.
Permaneço exatamente onde estou, pois não existem jogos honestos com Vincenzo.
—Pode ir, considere um presente de aniversário. Hoje completa dois anos.—
Meu coração afunda e meus olhos queimam.
Não aguentarei mais uma primavera com essa corja de lunáticos.
Vincenzo passou dias resmungando sobre quanto é incômodo me alimentar, queixando-se do fedor da cela que sequer limpa, pois Carmine e Giancarlo ficam com essa parte do serviço considerada mais incômoda.
Ele me deixará ir?
—Seja rápida, posso me arrepender, monstrinha.—
Rápida.
A palavra soa como uma espécie de piada de mal gosto, pois tudo o que não sou caminhando é rápida.
Mal consigo controlar a transformação.
O tédio no semblante de Vincenzo me motiva. Ele perde o interesse em tudo que se propõe a fazer, deve ter se cansado de mim também.
Rezei tanto por isso.
Viro de costas e corro sem olhar para trás.
Os primeiros passos me fazem arfar, nem segurando nas vinhas consigo manter o ritmo. Antes de vencer os primeiros metros estou trincando os dentes, com os pés ensanguentados e a beira do colapso.
Quanto falta?
Consigo sentir o cheiro do mar, ele me chama, chegarei lá rastejando se for preciso.
Aumento a força imprimida para me segurar nas vinhas e continuo, continuo mesmo escutando as risadas atrás de mim.
Ele sequer está correndo, só ri.
Amaldiçoo minha tolice e olho em volta, a propriedade parece não ter fim.
—Tão estúpida... sereias não correm, elas nadam. Ainda bem que você é uma flor, e flores só precisam ser bonitas.—
A zombaria me faz parar, pois é verdade. Eu não corro, é idiotice tentar uma abordagem assim.
Estamos sozinhos.
Giancarlo nunca deixa a bengala.
Vincenzo não trouxe a corrente de oricalco, ou eu teria escutado o metal tilintando.
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✔ Esmeralda e outras flores mortas| Carlisle Cullen
Fanfic[+18 ✔ CONCLUÍDO Carlisle Cullen & O.C | Vampiro & Sereia | Esmeralda e outras flores mortas ✺Volume único |sem revisão] Cansado de ter seus hábitos continuamente postos à prova, Carlisle decide deixar a Itália. Sozinho e perdido, viaja para Londr...