Conexão

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Liam respirou fundo, alongando os braços, antes de bater duas palmas e voltar a erguer os pesos. Havia começado a treinar nos dias de folga do clube de ginástica. Ele queria ficar melhor o quanto antes. E quanto mais trabalhasse em seus músculos, mais rápido os resultados viriam. O rapaz estava concentrado em seu treino solo, enquanto esperava o tempo passar. Havia marcado de se encontrar com Scott para poder revisar o assunto de história, uma vez que estavam na mesma turma e o moreno de queixo torto era bom na matéria e ele era um desastre.

Treinava no ginásio, e não na academia pois queria um pouco mais de privacidade. Como a ginástica, seja ela artística ou rítmica, tem como base toda a musculatura e flexibilidade do atleta, o clube ainda mantinha alguns aparelhos de academia guardados, como pesos e barras para a musculação. O Dunbar, é claro, precisou pedir a permissão do técnico para o uso dos pesos. O homem, é claro, lhe alertou sobre os riscos de pegar pesado em um treino intenso ao qual o seu corpo não estava adaptado ou não tinha condições de seguir. O híbrido Canidae não apenas tranquilizou o técnico ao dizer que não pretendia erguer mais peso do que conseguia, mas sim aumentar o período de tempo realizando exercícios.

O baixinho suspirou, ainda erguendo os pesos. Já estava ali fazia algum tempo e, estranhamente, o ginásio estava vazio hoje. Muito estranho. Geralmente, sempre tem alguma turma ou clube realizando alguma atividade em algum ginásio ou quadra. Era a desvantagem de estudar em um colégio interno tão grande e popular: com a grande quantidade de alunos, poucos eram os locais em que se podia ficar sozinho. E quando esse raro momento ocorria, Liam tratava de o aproveitar da melhor maneira possível e ao máximo.

Assim que percebeu a estranha quietude no ginásio, o rapaz apenas colocou os fones de ouvido e puxou os equipamentos para um canto da quadra. Ouvir música enquanto malhava lhe ajudava a acalmar. E ele havia tido uma manhã irritante. As aulas estavam insuportáveis. Até mesmo a do seu professor favorito estava um porre. Ele já não aguentava mais aquela semana. E ainda estava na quarta-feira!

O Dunbar estava para pedir a morte.

O seu humor estava péssimo.

O alfa sentiu os braços começarem a protestar devido a série de exercícios que fazia, e logo soltou os pesos, mordendo o lábio inferior devido a dor que sentia. Uma dor que ele gostava de sentir. Movendo o braços e girando os ombros, o baixinho se afastou dois passos dos pesos e passou a fazer agachamentos. O louro sentiu a calça moletom repuxar a sua causa, quando suas pernas foram flexionadas ao máximo, o que lhe gerava um incômodo irritante, mas que ele suportava até que a série de agachamentos estivesse completa.

Assim que finalizou a série, o Dunbar abaixou a cauda, a colocando entre as pernas e levou as mãos a cintura, puxando um pouco a calça para cima. Ajustando a cauda à roupa. Liam estava tão absorto em seus exercícios e na música alta em seu fone de ouvido, que se quer notou um corpo distraído se aproximando de si. Quando deu por si, já era tarde. A dor em sua causa fora forte, enquanto o seu equilíbrio era roubado por uma força atrás de si. Ele sentiu o corpo ceder ao puxão em seu membro traseiro, lhe forçando a cambalear um passo, antes de algo duro bater em seus joelhos e ele cair completamente sobre algo. Este que emitiu um som sôfrego de ar sendo roubado dos pulmões. Um som que Liam não ouviu devido aos fones.

Furioso e dolorido, o alfa se ergueu de prontidão, já com os punhos cerrados. Ele retirou os fones de ouvido, já se preparando para uma discussão séria. Ele havia sido insultado. Um dos maiores insultos que um híbrido poderia sofrer: lhe puxaram a cauda.

- QUE PORRA É ESSA?! – exclamou, puto, dirigindo o olhar para baixo, vendo um híbrido louro se colocar de quatro, antes de se ajoelhar.

- MIL DESCULPAS. EU NÃO TIVE A INTENÇÃO. ME DESCULPA! – o louro ajoelhado se desculpava com desespero

- você puxou a minha cauda, cacete! – o Dunbar acusou, guardando os fones nos bolsos e cerrando os punhos e os erguendo

Ele assistiu, furioso, o outro repetir o ato de remover fones de ouvido e os colocar nos bolsos, antes de se erguer, voltando a unir as palmas em um pedido de desculpas. O desespero dominava o olhar de Theo Raeken com um brilho intenso.

- eu sinto muito! Não foi intencional. Eu juro! Foi um acidente! Por favor, me desculpa – o Raeken implorava.

- qual é a porra do seu problema?! –

- eu não te vi aqui –

- você é cego, porra?! – exclamou o louro de calça moletom observando o outro louro bagunçar os próprios cabelos, envergonhado.

Liam estava possesso. Era só o que lhe faltava naquele dia. Um idiota para lhe puxar a cauda: um sinal

- olha, eu sinto muito. Mesmo. Eu não queria pegar na sua cauda. Juro. Mas, agora, eu estou atrasado e tenho que ir. Foi mal – o Raeken se apressou em voltar a caminhar de forma apressada, se dirigindo para a outra porta de entrada ginásio

- ah, rala peito, cara! Desgraçado! – ralhou o Dunbar, furioso, erguendo o dedo do meio para o outro adolescente, que o ignorou e permaneceu a correr.

- só me faltava essa, agora! Que filho da puta! – resmungava enquanto levava as mãos a própria cauda, massageando a mesma com suavidade.

Ainda a sentia doer. Com os dedos, tateou as vertebras, tentando identificar alguma lesão séria. Muitos humanos não sabiam, mas as caudas dos híbridos eram extremamente sensíveis. Afinal, os ossos que compõe a cauda não passam de uma extensão dos ossos da coluna vertebral. E mesmo um puxão seria o suficiente para deslocar alguma vértebra. E como o membro era sensível, qualquer dor na região se mostrava muito incômoda, o que preocupava o Dunbar no momento. Mas, para o seu alívio, não sentiu nada diferente em sua cauda, senão a puta dor que sentia próximo ao quadril.

- eu deveria ter dado um socão na cara dele – resmungou o louro encarando com fúria a saída utilizada pelo outro.

- onde já se viu?! Puxar uma cauda. Uma cauda! Filho da puta! Se tivesse quebrado eu ia matar ele na porrada –

- que ódio! Que ódio! – resmungou colocando os fones de ouvido mais uma vez e se abaixando para voltar a pegar os pesos.




Derek ergueu o uniforme escolar com dificuldade. Ele enrolou a gravata do uniforme e a colocou na boca, como uma medida preventiva para qualquer som involuntário de dor. Com as mãos, manteve a camisa social erguida, enquanto encarava o Stilinski a sua frente começar a retirar o curativo. Stiles tomou todo o cuidado do mundo ao remover o esparadrapo. Sabia como doía como o inferno ter a parte de um corte puxada de forma descuidada, apenas para remove rum curativo velho. Enrolou o curativo em papel higiênico e o jogou na lixeira. Abriu a mochila e retirou uma pequena maleta, a apoiando em seu colo.

Stiles estava sentado sobre a tampa do vaso sanitário, enquanto Derek estava de pé a sua frente, de costas para a porta do box. O motivo de estarem em um box no banheiro masculino? Era porque seria o único lugar em que dois garotos de tipologias diferentes estarem juntos em privacidade sem que chamassem a atenção dos monitores e outros funcionários. Stiles largou a maleta antes de levar as mãos ao torso do moreno, analisando o ferimento.

- ainda está ruim? – o Hale indagou, baixinho, com o som abafado pela gravata.

- não seja dramático. Já tem uns dias que estou aplicando pomada cicatrizante. Já está bem melhor! É claro, vai ficar ima cicatriz. Mas nada muito chamativo – respondeu o francês, baixinho, puxando uma gaze e aplicando soro fisiológico a mesma.

Derek suspirou em ansiedade pela dor que viria quando Stiles tocasse em seu corte com a gaze para retirar o excesso de pomada que restou. Mas se surpreendeu quando a dor não veio. Apenas um leve incômodo marcou presença. Ele olhou para o Stilinski, surpreso, o vendo focado em seu trabalho com as mãos.

- muito melhor – comentou o castanho finalizando a limpeza e analisando, mais uma vez, o corte.

- viu? O ferimento já se encontra muito fechado em comparação com o que estava antes – ele pegou a mão do moreno e a levou ao corte, segurando o indicador do mesmo para poder passar ao redor do ferimento.

- está menor? –

- sim. Era o dobro disso –

- ótimo. Então eu já posso jogar? –

- eu não disse isso. Precisa fechar totalmente, ou pode abrir com qualquer impacto que receber. Lembre que você não levou pontos, está deixando se fechar sozinho – o híbrido de raposa o advertiu vendo o moreno olhar em seus olhos e menear em concordância.

- agora, vamos passar a pomada mais uma vez – alertou o Stilinski já colocando a substância na ponta do dedo indicador.

- ok. Pode ir –

O Hale encarou o rapaz passar a aplicar a pomada em seu corte com cuidado, mordendo o lábio inferior, concentrado. O moreno também mordia o lábio inferior, receoso de que, em algum momento, o outro poderia vacilar e lhe causar alguma dor.

- tudo bem? – inquiriu Stiles, em um sussurro, finalizando a aplicação do remédio e analisando o seu trabalho, para ter certeza de que havia coberto tudo direitinho.

- uhum – o Hale murmurou e meneou com a cabeça.

- ok. Agora, eu vou cobrir. Tudo bem? – o Stilinski inquiriu com a voz suave antes de puxar uma gaze de sua mochila e a posicionar sobre o ferimento.

Derek apenas meneou em concordância e ajudou o amigo a fazer o novo curativo. Ele levou a mão a gaze, a mantendo ali, firme, enquanto Stiles puxava o esparadrapo e abria o mesmo. O primeiro sempre era fácil de colocar. O problema vinha com o segundo. Stiles puxava a outra ponta da gaze, tentando manter o curativo firme. Com a pele sendo puxada, o ferimento protestava um pouco, o que sempre fazia Derek grunhir baixinho. O Hale mordeu o lábio inferior com força, tentando abafar ao máximo o grunhido.

- me desculpe. Mas é preciso que o curativo seja firme e não permita a passagem de impurezas –

- é. Eu sei. –

- pronto – o castanho finalizou o ferimento dando um golpe do dedo indicador logo abaixo do curativo, assustando o moreno, que soltou um grunhido baixo.

- para! – ralhou o Hale, em sussurro, sorrindo para o irmão do melhor amigo.

Stiles sorriu.

- para um jogador de basquete, você é bem frouxo – comentou o Stilinski, também em sussurro, observando o ômega a sua frente lhe fitar indignado.

- ah, cala a boca! – o Hale ralhou chutando a canela do castanho.

Ao voltar o pé para o solo, Derek sentiu o tênis escorregar pelo chão molhado do banheiro recém-limpo. Quando eles entraram no banheiro do segundo andar, havia uma placa de aviso indicando que o chão ainda estava molhado. O Hake bateu com o ombro na parede do box e sentiu o corpo ceder para trás. Stiles, instintivamente, levou as mãos a cintura do amigo, o ajudando a reaver o equilíbrio perdido. Quando o perigo de queda passou, os dois adolescentes se entreolharam. Derek ainda contorcido com as duas mãos na parede do box, e o Stilinski com as mãos em sua cintura. Os dois começaram a rir, tentando ao máximo conter as risadas e não fazer barulho, resultando em barulhos estranhos e respirações profundas.

- puta merda! O corte! – exclamou levando a mão ao ferimento, sustentando uma careta de dor.

- abriu? –

- não sei. Olha aqui. Doeu para caralho, agora –

- deixa eu ver o curativo – o castanho pediu e o moreno ergueu a camisa mais uma vez.

Stiles tateou, suavemente o curativo, tentando identificar se o mesmo ainda se mantinha firme. Ele voltou a colocar as mãos na cintura do Hale, o fazendo girar o torso de um lado para o outro, analisando tentando ver se não via nenhum indício de sangue surgindo no curativo. O rapaz grunhiu em compreensão antes de afastar o rosto do torso alheio e erguer o olhar.

- é. Acho que está bom – sussurrou vendo o moreno lhe encarar.

- já acabou? –

- acabei –

- ih, caralho! – os dois adolescentes se assustaram com a terceira voz e ergueram o olhar, vendo um moreno com orelhas redondas os encarando sobre a parede do box com certar surpresa.

- que porra, David! – exclamou Derek abaixando a camisa e ajustando a farda do instituto ao corpo.

- foi mal, cara. Eu estranhei o barulho. Não sabia que você fazia essas coisas não! –

- fazia o quê, porra?! – exclamou o Hale, indignado.

David apenas lançou um olhar questionador na direção do moreno de olhos verdes, e repuxou os lábios em um sorriso de canto.

- está certo, Derek – comentou descendo do vaso sanitário, desaparecendo do campo de visão dos outros dois adolescentes – eu nasci ontem, mesmo –

Stiles começou a rir, enquanto Derek abria a porta do box em que eles estavam, vendo David se dirigir para a pia do banheiro. O moreno de olhos verdes puxou a mochila da tampa da descarga e se dirigiu para a pia.

- deixa de ser idiota, David! Ele estava me ajudando com um problema! –

- é. Eu sei. Eu tenho esse problema, as vezes. Ele também. Todo cara tem. – o híbrido de rato soou irônico.

Derek rosnou, revirando os olhos. Stiles apenas gargalhou. O Hale o encarou, indignado, o vendo ajustar a mochila nos ombros.

- será que dá para me ajudar com ele? Ou a escola inteira vai achar que estávamos nos pegando no banheiro da escola.-

Stiles deu de ombros.

- você já tentou mostrar? –

- mostrar o quê? –

- mostrar?! Calma aí, galera. Eu... – David tentou argumentar, erguendo as mãos ainda molhadas

-  nem fodendo! Ele é linguarudo para cacete! –

- é o quê?! – David inquiriu, indignado.

- então não adianta argumentar com ele. Se ele vai falar que estávamos no box, do mesmo jeito, as pessoas vão pensar besteiras de um jeito ou de outro – o francês comentou ajustando a mochila em suas costas mais uma vez, antes de cruzar os braços diante do peito e se apoiar com o ombro na porta do box.

- você não está preocupado? – perguntou Derek, desconfiado da calmaria que o outro Stilinski exalava.

- eu não. Você que deveria. Já viu como Thom e Stu me tratam? – argumentou o castanho e Derek franziu o cenho para o nada, pensativo.

É. Ele tinha certeza. Thomaz e Stuart iriam surtar. A sua sorte era que eles conheciam a verdade sobre o seu ferimento. Do contrário, o moreno de olhos verdes tinha certeza de que o melhor amigo e o irmão gêmeo dele iriam lhe caçar por toda a escola com ao bastões de lacrosse de Isaac.

-  o Thom me daria um murro. Mas o Stu iria me matar – comentou vendo o amigo sorrir de canto, dando de ombros.

-  vantagens e desvantagens – ele sorriu gentil antes de David coçar a garganta, chamando a atenção de ambos.

- olha, eu posso prometer nunca comentar sobre ver vocês dois no banheiro do segundo andar – o rapaz de cauda pelada começou a falar, cruzando os braços diante do peito.

- a troco de quê? – questionou Derek, um tanto irritado.

- bem, eu conheço uma garota. Eu chamei ela para sair. Mas ela me pediu um favor antes de responder –

- um favor? –

- é. Uma amiga dela está afim do francês aí – respondeu surpreendendo o gamma, que apontou para si mesmo, confuso.

- de mim? –

- é. Aí, como fazemos biologia juntos. Ela me pediu para pegar o seu número para a amiga dela – David deu de ombros antes de encarar o castanho, que lhe encarava ainda surpreso.

- você vai mesmo sair com uma garota que te pede um favor em troca de um encontro? – questionou Derek, erguendo uma sobrancelha para o colega de time, que apenas deu de ombros.

- ela só me pediu uma coisa. A gente vem se falando há um tempo, já. Ela iria aceitar, de qualquer jeito, apenas viu a oportunidade de ajudar a amiga e usou – argumentou David observando os outros dois garotos se entreolharem.

- e você viu a oportunidade de conseguir o número dele agora – comentou Derek cruzando os braços diante do peito e o híbrido de orelhas redondas deu de ombros, sorrindo de canto.

- a vida é feita de oportunidades –

- me dá o seu celular – ditou Stiles se aproximando e estendendo a mão.

David sorriu e Derek suspirou.

- não tem que sair com essa garota por causa disso. Você sabe, certo? –

- está tudo bem. Conhecer pessoas novas é bom... As vezes. E não é omo se isso fosse me matar. – respondeu Stiles salvando o número na agenda do celular de Dabid.

O híbrido de rato sorriu largo e agradeceu o castanho ao acolher o celular de volta em seus dedos. No entanto, Stiles não soltou o aparelho. David o encarou confuso e o Stilinski se aproximou, exibindo os caninos e rosnando baixinho, surpreendendo os outros dois adolescentes. David engoliu em seco e preparou o punho, para a possibilidade de precisar usar a força.

- se eu ouvir um único comentário sobre esse banheiro e um de nós dois, você vai dormir na enfermaria por um tempo, ratinho. Eu posso ser tímido, mas as escolas americanas não possuem um bom histórico com esse fator. Estou errado? – o castanho ditou com seriedade na voz, fazendo o outro rapaz recuar um passo, que fora respondido com passo seu na mesma direção.

- não. Banheiro? Que banheiro? Eu não sei de nada. Nem vi vocês juntos – ditou o rapaz de cauda rosada e o castanho franziu o cenho por alguns segundos, antes de se afastar, tímido.

- então tudo bem –

Derek e David apenas observaram, surpresos, a mudança repentina no comportamento alheio ocorrer. Stiles seguiu para pia e lavou as mãos, tentando ignorar os olhares dos dois morenos em suas costas. O rapaz secou as mãos e colocou ambas nos bolsos do seu casaco e se virou para Derek, com um sorriso tímido nos lábios, e deu de ombros.

- bem... Se não precisar mais de mim, eu vou indo nessa -  o Stilisnki acenou timidamente antes de se dirigir para fora do banheiro.

- ah! Valeu, de novo –

- sem problemas. Qualquer coisa é só me chamar –

- certo. Vou chamar – respondeu vendo o castanho desaparecer na porta do banheiro.

- o raposo não parece, mas é violento, não é?  - comentou David e Derek se virou para ele, com expressão fechada.

- é sério que precisou chantagear o cara para pegar um número que nem é para você?! – o Hale soou indignado.

-ah, relaxa, cara. Não foi nada sério –

- chantagem é chantagem, David –

- eu só estava zoando, brother. Eu sei que você se cortou feio. Eu estava na festa do Theo – o rapaz de cauda pelada ditou, socando o ombro do Hale de leve, antes de sair do banheiro.

- você o quê?! – Derek exclamou antes de ver David começar a correr

O Hale o seguiu, furioso.




- então? Já está acostumado com o Instituto? – indagou Lydia, enquanto se alongava, vendo o gamma de orelhas redondas se manter apoiado na grade que separava a grade de proteção da quadra das arquibancadas.

- um pouco. É meio estranho meio que morar na escola, e ter um colega de quarto. Mas é legal. Eu gostei – comentou Matt alongando as costas uma última vez, antes de apenas cruzar as pernas e permanecer apoiado na grade.

- e o Stiles é legal de dividir quarto? Porque tem umas pessoas bem insuportáveis –

- tipo o Konnor? Ele já é insuportável de se dividir uma sala de aula. Imagina um quarto! – exclamou Matt fazendo a ruiva cair na gargalhada.

- ele mesmo. E a Isles da turma de física. Insuportável! Duas pestes que se merecem. Ninguém suporta –

Matt riu e a ruiva riu junto. A risada do rapaz era contagiante.

- sei lá. As vezes eu tenho pena deles, sabe? Mas aí eu lembro deles nas aulas e me dá ódio –

- e olha que nem chegaram as primeiras provas. Até o final do período você vai pedir a morte só de respirar o mesmo ar que eles dois –

Os dois estavam esperando por um vaga em uma das quadras de tênis par que pudessem jogar contra as suas duplas de treino do dia. A dupla de Lydia, Sarah Marlon estava sentada na arquibancada conversando com as amigas. Já a dupla de Matt havia tomado chá de sumiço por algum motivo. Muito provavelmente o treinador iria o mandar treinar com um dos jogadores do último ano, ou com a máquina de treino.

- eles quem? – Jackson surgou atrás da ruiva, que sorriu para o mesmo, sem interromper o seu alongamento.

- Konnor Bryght e Isles Grant. Estamos falando de pessoas que podem ser insuportáveis de se dividir um quarto -

- realmente, insuportáveis – comentou o louro, indiferente.

Matt sorriu minimamente, negando com a cabeça, antes xe a jogar para trás e encarar o céu. Ele fechou os olhos e passou a apreciar o calor do Sol em sua pele. Ele sabia que Jackson possuía um ciúmes incontrolável de Lydia quando ele estava por perto. Ele não fazia ideia de onde vinha, mas sabia que existia. Jackson não era o mais discreto do mundo em camuflar ciúmes, pelo que ele havia percebido. Ele não fazia ideia do que havia feito para despertar essa reação no outro adolescente, mas ele esperava que o rapaz suportasse aquilo rápido. Ele gostava da companhia de Lydia e não pretendia se afastar da roda de amigos que a sua conexão com Stiles havia lhe proporcionado conhecer e entrar. Mas ele também não queria causar problemas não apenas no relacionamento da ruiva, como nos dos amigos de Stiles. Então, se fosse preciso, ele se afastaria.

- ROOOAR! -

Lydia pulou, assustada, quando o rugido fora proferido pelo rapaz mais alto. A ruiva, com o coração acelerado e a fúria pulsando em seu sangue, acertou a cabeça de Newt com um soco, enquanto o via apoiado na grade, cercando Matt com os braços. O louro tinha pulado de alguns degraus arquibancada acima e pulado no castanho, com o intuito de o assustar. Mas tudo o que Matt fizera fora abaixar a cabeça, lentamente, e lhe encarar com a sobrancelha erguida em questionamento.

- FILHO DA PUTA! – ralhou a ruiva socando o primo do seu namorado mais uma vez.

- era para assustar ele, Lydia. Desculpa – o Whittemore mais velho sorriu para a ruiva, antes de encarar o Daehler com um sorriso de canto.

- esse gatinho escaldado era para assustar alguém? – inquiriu Matt vendo o outro tomar um olhar ofendido, brevemente, antes de rir.

- desculpa aí, Kung Fu Panda. Eu pensei que um tigre era o suficiente para assustar você -

- esse projeto de Shere Khan está bem fajuto – o Darhler voltou a provocar antes de Newt lhe libertar do cerco e lhe socar o ombro, antes de se colocar ao seu lado.

- cala a boca! –

- vocês são amigos? – indagou Jackson, um tanto surpreso.

- sim. O Panda aqui joga bem pra caramba! –

- o seu primo quase ganha de mim no meu teste de admissão –

- eu deixei ele ganhar. Eu queria que ele entrasse no time –

- meu pau! Aceita que você perdeu pro calouro –

- É ruim, hein! Abaixa a bola, mestre Panda –

- eu nem sou asiático! – ralhou o castanho golpeando a nuca do mias alto com os dedos abertos

- mas sempre vai ser o Kung Fu Panda, pra mim – o louro acariciou o nariz do Daehler com a ponta da cauda, causando espirros no mesmo.

Assim que Matt começou a espirrar, Newt saiu em disparada.

- FILHO... – espirro – DA PUTA! – o gamma passou a correr atrás do mais velho co ma raquete em mãos.

Lydia e Jackson apenas assistiram a cena, surpresos. A ruiva acolheu a mão do namorado na sua, entrelaçando os dedos e o puxando para perto para que pudesse sussurrar para o mesmo.

- é impressão minha, ou estava rolando uma vibe aquiliana entre eles dois? – inquiriu a ruiva vendo os dois sumirem de vista.

- Aquili o quê?! – questionou o Whittemore, confuso.

- Aquiliana... Você sabe. Um romance entre homens –

- gay?! – indagou, ainda confuso.

Lydia suspirou

- pode ser. – ela não estava com ânimo para explicar ao namorado que um relacionamento gay apenas acontecia quando as duas partes eram gays

- não! Você está doida, amor –

- hm –

Lydia não descordou. Mas também não descartou a possibilidade. Jackson era um pouco lento para perceber algumas coisas. Embora ele tivesse uma certa inteligência em outros aspectos bem interessantes ao seu ver. Ela sempre se surpreendia com o louro. Mas, no momento, estava mais surpresa com Matt e Newt.

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