Lydia amarrou os seus fios cobreados em um rabo de cavalo, enquanto suspirava de pura preguiça. Estava cansada da festa da noite anterior, não poderia mentir. Paesar de não ter a facilidade de ficar bêbada como os amigos, a ruiva aproveitava as festas ao máximo.
Olhando para o lado, encarou Allison com o braço sobre os olhos e os lábios comprimidos.
Sorrindo, a ruiva esticou a mão para apertar a mão da amiga.
- morte? – inquiriu a Martin sentindo a Argent apertar os dedos em sua mão, correspondendo ao gesto.
- morte – respondeu a morena, com desânimo.
Lydia riu baixinho. Era sempre assim: Allison não apresentava a mesma resistência que ela ao álcool, mas sempre conseguia lhe acompanhar na bebedeira. No entanto, mesmo com todos os seus avisos, a amiga seguia em frente, e sempre reclamava da ressaca no dia seguinte, alegando estar implorando pela morte.
- eu vou na frente no banho. Quando eu voltar, te trago um remédio – disse a ruiva, baixinho, enquanto se retirava da cama que estava dividindo com a melhor amiga.
Desviando dos corpos das amigas amontoados nos colchões espalhados pelo chão, a humana se dirigiu para o banheiro do seu quarto. O banho fora calmo e relaxante. O seu corpo inteiro parecia gritar em alívio. Estava tão cansada da festa, assim como o resto do grupo de garotas o qual se instalou em sua casa, que, ao chegar, apenas ajudou as amigas a espalharem os colchões no chão e se jogou em sua própria cama, abraçando Allison e apagando de exaustão.
Retirar a maquiagem fora entediante, mas um passo necessário para a sua beleza matinal. Após esfolhear a pele do rosto diante da pia do banheiro e cobrir o rosto com uma máscara, a ruiva escovou os dentes e secou os cabelos, para em seguida retirar a máscara e, finalmente, sair do banheiro, levando um comprimido para a morena deitada em sua cama.
- Ali, o remédio – murmurou se abaixando ao lado da cama, enquanto tocava a mão da adolescente com a sua.
- valeu! – a outra gemeu a resposta com dor na voz, enquanto acolhia o pequeno comprimido entre os dedos.
- a garrafa está na mesinha – disse a Martin antes de se erguer e marchar para o seu closet.
- inferno de dor de cabeça! – reclamou Allison, se sentando e puxando a garrafa cotada por Lydia, a qual se encontrava ali godas as noites, costume que passou a copiar da amiga.
- por que diabos você é tão resistente a álcool e eu tão fraca?! – reclamou a Argent encarando a melhor amiga começar a se vestir.
Ela estava indignada. Como todas as manhãs em que acordava de ressaca. Allison era fraca para bebidas ao ponto de que três cervejas serem o suficiente para a deixar animada e sorrindo com facilidade. Já Lydia... Nem mesmo duas garrafas inteiras de vinho a deixavam no estado que três cervejas deixavam a Argent.
- Deus sabe o que faz. Assim eu não fico de ressaca a cada festa em que vamos. Eu tenho só que sentir a gastrite se aproximando. – brincou a Martin e a Allison sorriu, voltando a se deitar.
- privilegiada. Você toma no cu com anestesia e eu tenho que ir no seco – a morena reclamou, indignada.
Lydia se engasgou com o riso, na tentativa de não acordar as outras garotas.
Mas ela não fora a única a rir.
As risadas baixas das outras garotas acabou despertando a atenção da dupla para o chão.
- não me faz rir, vagabunda! – Erica tentou ralhar de seu colchonete, falhando miseravelmente devido a dor que sentia em sua cabeça e em seu abdômen.
- eu nunca bebia tanto na vida! – exclamou Brittany, uma das amigas convidadas a pousar na casa as Martin naquela noite.
- foi a primeira festa em que eu bebi. É horrível! – comentou Paige, enquanto se sentava.
Lydia sorriu, direcionando o olhar para a novata.
- bem-vinda ao mundo do álcool e das mentiras – brincou enquanto tentava colocar o seu brinco esquerdo, o que sempre era uma guerra para si.
- mentiras? –
- sim. Você bebê, e no outro dia jura de pé junto que nunca mais vai beber, mesmo sabendo que é uma mentira – disse a Martin, com um sorriso de canto, vendo a mais nova tomar um sorriso tímido nos lábios.
- beber me destrói? Beber me destrói. Beber é vantajoso? Não. Não é vantajoso. Vou parar? Não. Não vou parar – ditou Erica enquanto cobria os olhos com o braço.
- eu já disse para você que virar seis shots de vodca com refrigerante e energético não é uma boa ideia –
- eu tenho uma tendência a ignorar conselhos que insinuam deixar a minha vida menos divertida –
- idiota! – ralhou Allison rindo da amiga.
- eu vou preparar o café da manhã. Paige, fique a vontade. O resto das piranhas sabem como funciona o esquema aqui em casa. Só há duas regras nessa casa: não quebrar nada; e não entrar no quarto dos meus pai, ou no escritório do meu pai – anunciou a Martin, deixando a novata a par das regras de seus pais.
- eu quero panqueca de aspirina e vitamina de antiácido – ditou Erica, ainda deitada em seu colchonete, rolando para o lado e mantendo os olhos fechados.
- pois vai ficar querendo – disse Lydia enquanto marchava na direção da porta – eu, hein! Está em um SPA? –
- palhaça –
- uma amizade saudável! – exclamou Sarah, uma das garotas.
- essas duas piranhas vivem se alfinetando – comentou Allison, sentindo Erica jogar a perna sobre a cama, permanecendo no colchão no chão.
- deixa eu me divertir? Obrigado! –
- está entediada? – inquiriu Allison ainda com o braço sobre os olhos.
- com certeza. Entediada, enjoada e de ressaca – respondeu a loura bocejando em meio a resposta.
- então vai varrer uma casa – ditou a Argent, sorrindo travessa, já imaginando a expressão que uma de suas duas melhores amigas estaria fazendo naquele momento.
O grito agudo de agonia de Erica pegou a morena surpresa, a fazendo se encolher em uma sobressalto, enquanto o seu braço escondia a sua careta de dor. O aro de Erica não só pegou Allison em um susto, como também as outras garotas, que se viraram assustadas para a Reyes.
- meu deus! Você está parecendo a Berta! – exclamou a loura, citando a governanta de sua casa, já conhecida por Allison e Lydia.
A mais velha sempre lhe passou a responsabilidade que sua mãe tentava lhe privar.
- sua puta! Eu estou com dor de cabeça! – exclamou a morena deitada na cama, causando risos nas outras garotas.
- e o cara da bebida, ontem? Com aquela camisa totalmente enfiada dentro das calças? – inquiriu Sarah levando a lata de refrigeranre aos lábios.
- horrível! – exclamou Lydia se recordando de como um dos garotos da festa de Theo estava vestido.
- pelo amor de Deus!
- ah, gente! Ele era bonitinho, mas o jeito de se vestir... Tudo bem que eu adoro o estilo dos anos oitenta e noventa, mas alí estava totalmente fora de cogitação –
- sério?!
- total! Allison adora uma coisa meio vintage – argumentou Erica levando mais da pipoca a boca, enquanto mantinha os olhos fixos na televisão do quarto de Lydia, onde as garotas haviam colocado “O Diabo Veste Prada”.
- ah, eu gosto! Aquelas ombreiras, os vestidos, as saias. . OS SALTOS! – exclamou a Argent se jogando de lado, caindo com a cabeça sobre a coxa de Erica.
A loura moveu a cauda para o rosto da amiga, batendo com o membro felpudo no nariz da morena, que agitou o rosto, passando a cuspir o ar, tentando parar a sensação de pelos em seus lábios.
- eu queria poder ir em uma festa com tema dos anos noventa – comentou Paige, que se encontrava sentada ao pé da cama.
- uma festa temática é interessante. Mas usar aquele estilo inteiro fora de contexto é um pouco sem noção – comentou Samantha, que se encontrava sentada na beirada da cama, com Paige entre suas pernas.
A loura de cabelos curtos na altura dos ombros penteava a castanha recém chegada ao grupo. Havia pedido a permissão as castanha para fazer um penteado, após todas constatarem que os fios castanhos da Krasikeva eram tão macios e bem cuidados, mesmo com todo o comprimento que tinham.
- hm... Curiosa estou. Nunca fui a uma – disse Lydia, que se encontrava sentada em sua escrivaninha, jogando um moba em seu computador.
- vamos falar sobre algo suspeito e interessante – anunciou Sarah, que se encontrava com outra tigela de pipoca em seu colo.
A garota com orelhas redondas e nariz levemente avermelhado sorria na direção da novata, que, surpreendentemente, era prima da garota hibrida de rato. A loura lançou um olhar sugestivo para a prima, que lhe encarou em confusão, assim como Erica e Allison. Já Samantha, sabia muito bem onde a amiga queria chegar.
- eu vi você e o Hale durante a festa... Tão animados! – comentou a adolescente vendo a prima humana lhe fitar com um olhar de tédio, o qual não conseguia esconder o rubor na face da castanha.
- ah! Me poupe, Sarah! Eu mal conheço o cara! –
- ih! Eu vi! Eu vi! –
- vocês dois estavam tão entretidos um com o outro. Pensei que ia rolar alguma coisa –
- eu não vi! O que eu perdi? –
- é claro que não. Você e o Boyd, quando começam a se atracar, esquecem do mundo –
- ah! Você fala como se fosse diferente com o Scott – rebateu a loura vendo a Argent sorrir de canto.
- eu falo mesmo. Porque mentira... É, sim –
O grupo riu.
- ah, vocês três já tem namorado. Estragam o rolê completamente. Eu queria analisar os garotos da escola – reclamou Sarah, indignada.
Lydia finalizou o titã inimigo, garantindo a vitória para o seu time no Smite, antes de girar a cadeira de rodinhas na direção das amigas, que lhe encararam com curiosidade. O sorriso travesso no rosto da ruiva de pijama e máscara facial deixava o grupo de garotas curiosas.
- alto lá! Não é só porque estamos namorando que não podemos analisar os outros garotos – argumentou a Martin vendo Allison e Erica sorrirem também
- olhar não mata ninguém, contanto que se mantenha o respeito &
- é! Boyd e e eu analisamos as pessoas da escola várias vezes –
- vocês dois são duas velhas fofoqueiras em um relacionamento! – exclamou Samantha, causando risos nas outras garotas.
- ok! Vamos começar pelo Mike Sorvetinho! – exclamou Erica causando um engasgo em Allison, ao tentar conter o riso.
- fala sério! Você não supera, não? – inquiriu Samantha, indignada.
- Jamais! Nunca mais olhei para um sorvete de baunilha sem me lembrar do dia em que você afundou a cara do seu crush na casquinha –
- “quer?” – Allison imitou o ato tão zoado da amiga ao empurrar uma casquinha de sorvete imaginária contra o rosto de Erica.
Samantha sorriu, sem graça, negando com a cabeça.
- quem é Mike Sorvetinho? –
Lydia, Erica e Allison se viraram para a novata com os olhos brilhando em animação. A Krasikeva se viu confusa e receosa.
- você é novata! –
- não sabe sobre o inesquecível! –
- podemos contar de novo! – exclamou a Argent, completamente empolgada.
A campainha tocou, chamando a atenção do grupo, que olhou na direção do corredor. Sarah suspirou, já imaginando do que se tratava. E como Allison, Erica e Lydia estavam demasiadamente hipnotizadas pela possibilidade de recontar a gafe de sua amiga Samantha, a loura decidiu que ela deveria ir atender a porta. A outra garota de cabelos louros preferiu lhe seguir a escutar a sua vergonha mais uma vez.
Haviam pedido pizza como o de costume. No entanto, o entregador era diferente. Um novato. Aquilo despertou uma certa curiosidade na mente das duas jovens.
Assim que retornaram ao quarto, Sarah jogou a caixa de pizza no pequeno banco cilíndrico de tecido rosa, enquanto Samantha apoiava o refrigerante gelado no chão ao lado da pequena mesa improvisada.
- sabem do que eu me dei conta, agora? –
- o quê? –
- o entregador era novo. Não era nenhum dos que costumavam entregae aqui. Então eu me lembrei: não vi nenhum dos novatos do segundo ano na festa de ontem –
- será que eles não ficaram sabendo? –
- mas se os gêmeos Stilinski foram. O terceiro irmão deve ter ficado sabendo –
- Matt está ocupado esse final de semana, e não pode sair –
- já o Stiles... Não sabemos o motivo – disse Allison vendo as amigas darem de ombros.
- enfim, é uma pena. Eu estava pensando ficar com o francês nessa festa –
Lydia lançou um olhar sugestivo para Sarah.
Paige olhou com confusão para a prima.
- tem um francês no segundo ano? – questionou, surpresa.
- como assim?! Você não sabe dos gêmeos Stilinski?! – inquiriu Samantha.
- garota! Foi a maior fofoca do semestre. E olha que o período apenas começou! –
- Existiam gêmeos na nossa escola. Estudavam no instituto desde sempre. Nunca frequentaram outra escola –
- eu estudo com eles desde a primeira série – comentou Erica.
- eis que, esse ano, surgiu um terceiro gêmeo. Descobriram que foram afastados no parto -
- você não perde tempo, não é, garota? Já mirando no estrangeiro – a ruiva viu a outra adolescente dar de ombros, sorrindo travessa.
- caiu na rede é peixe. Sem contar que eu acho o sotaque dele uma gracinha -
- eu faria, não vou negar – comentou Erica voltando a se concentrar no aeu balde de pipoca.
- ele é alfa ou ômega? – inquiriu Samantha, chamando a atenção da loura de cabelos cacheados e da ruiva de tranças.
- e faz diferença? – inquiriu Paige, dando de ombros.
- é claro que importa! Você sabe que ciclo menstrual pode ser combinado devido a convivência. Se o meu ciclo combina com o do meu namorado, é capaz de alguém sair morto! –
Erica revirou os olhos.
- isso é balela! O meu ciclo e o do Boyd já tinham o mesmo período antes de começarmos a namorar. E, enquanto eu sou um dragão, ele é quase o Yoda de tão calmo –
- Jackson é um alfa, mas parece que ele é quem tem um ciclo menstrual e eu não – argumentou Lydia, dando de ombros.
- mas, é sério. São Alfas ou ômegas? Porque os gêmeos já tinha um de cada. Mas agora um lado da balança pesou, não é? Qual foi? – inquiriu Sarah, pensativa.
Erica e Lydia se entreolharam, antes de voltarem os seus olhares para a pizza.
- vamos comer! Que eu estou morrendo de fome! – exclamou Lydia, há avançando contra a comida.
- eu estou louca de fome! –
Allison estranhou.
Normalmente, Erica e Lydia eram as mais curiosas do trio de melhores amigas. Ela costumava ser a mais calma quando se tratava da curiosidade. No entanto, ela parecia estar mais ansiosa pela resposta do que a loura e a ruiva. A Argent viu, muito bem, quando as duas amigas se entreolharam e nada disseram, apenas mudaram de assunto.
A morena franziu o cenho. Anos de convivência como um trio de melhores amigas com aquelas duas malucas trazia as suas vantagens. Allison sabia as ler muito bem. E, no mesmo instante em que morderam suas primeiras fatias e voltaram a se entreolhar, a humana percebeu: elas sabiam a resposta.
Matt encarava, com excepcional tédio, o absoluto nada, enquanto bebia de seu refrigerante diet. O livro que lia anteriormente, agora se encontrava perfeita e estrategicamente posicionado em seu colo. Havia cansado um pouco a mente após tentar unificar tantos pontos e fios soltos da história. Uma das desvantagens de se ler ficções policiais, embora ele amasse.
Estava preso em sua casa com os seus familiares por mais um dia. Pelo menos por apenas mais um dia. Ele suspirava em alívio toda vez que se lembrava de que apenas tinha que aturar aquele dia a mais. Uma vez que ele teria que retornar para a sua escola na manhã seguinte, onde passaria o resto da semana.
Contudo, ele sempre fazia questão de deixar claro em sua mente que ele teria que trancar o quarto e levar a chave do mesmo, uma vez que os seus parentes permaneceriam em sua casa por mais alguns. E a sua família era extremamente invasiva quanto a sua privacidade.
Como uma espécie rara de hibrido, Matt acabou sendo monitorado por toda a família, que não economizou vista grossa no jovem, sempre lhe questionando como ia, com quem tinha amizades e para onde saía. Os seus primos mais novos nunca entenderam o motivo de toda a vigilância sobre o parente, então nunca se preocuparam em o vigiar. Entretanto, os seus tios e primos mais velhos sempre estavam de olho em si desde a infância, o que implicou em um costume odiado de invadir o seu quarto e analisar o mesmo sem qualquer tipo de receio ou remorso.
Matt não tinha muito o que esconder. Nunca fora adepto se pornografia física. Afinal de contas, ele nascera na era digital. No entanto, o real motivo para toda aquela segurança em seu quarto era o seu primo, Diego. A peste de cinco anos reviraria todo o seu quarto, quebraria tudo o que pudesse e sairia ileso. E, segundo o histórico de sua mãe, Matt não poderia nem mesmo reclamar.
O adolescente estava tão perdido em seus próprios pensamentos, tanto em relação ao livro em seu colo, quanto as medidas protetivas para o seu quarto, que se quer notou quando um homem jovem se sentar ao seu lado, de frente para si.
- decidiu socializar? – inquiriu o homem deixando a garrafa fechada de cerveja sobre a mesa, enquanto procurava pelo abridor.
Matt desviou o olhar para a direção do outro, o encarando brevemente, antes de voltar a olhar para um ponto específico do nada. Ignorando a luta do seu primo para tentar abrir a garrafa. Aquele abridor em específico estava com problemas. Mais uma das obras fantásticas da prole do homem ao seu lado.
- e eu tive outra escolha? – indagou o adolescente saboreando a luta do seu primo Tyson contra um dos estragos de Diego.
- qual é?! Você gosta de conversar com os mais velhos - exclamou o atleta profissional, observando o primo mais novo tomar mais um gole de seu refrigerante, enquanto ele ainda lutava contra o abridor de garrafa
- não, Tyson. Eu gosto de ouvir eles falando sobre a vida dos outros –
- mas que merda de abridor! – revoltado, abandonou o objeto sobre a mesa.
P
Matt suspirou. Tomou a garrafa de vidro em suas mãos. Tyson observou o primo enxugar a garrafa e a tampa metálica, antes de encaixar o antebraço sobre da tampa e o girar. O som da cerveja sendo aberta surpreendeu o mais velho, bem como a garrafa destampada que era erguida em sua direção.
- como fez isso? –
Ele estava perplexo. Já havia visto alguns amigos fazerem aquilo. Abrir uma garrafa de vidro era difícil quando não se tinha um abridor. E destampar a mesma usando o próprio corpo, então... Ele nunca havia conseguido realizar nenhum dos dois tipos. Ver o seu primo adolescente abrir a garrafa usando, simplesmente, o próprio corpo havia lhe chocado.
- é até que fácil. Você só tem que ter a técnica –
- depois você vai ter que me ensinar isso –
- e então? Como vai a liga? – inquiriu o gamma.
- bem. Fui considerado o melhor atacante da temporada –
- legal! Destacar-se na liga estudantil é uma coisa. Mas se destacar na liga profissional não é para qualquer um –
- e quando vai ser você na liga de tênis? –
- ah, não vai rolar. Ser atleta é legal. Mas não é no que eu quero trabalhar –
- sério?! Mas você treina tanto. E os tios vivem dizendo que você leva os treinos muito a sério –
- porque eu gosto do esporte. E também porque eu quero uma bolsa em uma faculdade. E o tênis vai me ajudar nisso – respondeu o adolescente e o alfa meneou em compreensão.
Hephesto, um homem de quarenta e oito anos, cabelos parcialmente grisalhos devido a idade e ao estresse do trabalho, se aproximou com uma garrafa de cerveja em sua mão direita, enquanto que com a esquerda mexia em seu celular.
- viu? Cabeça! Agora abre aqui, para o tio? – disse o homem, encostando a bebida gelada na cabeça do castanho, olhando para Tyson, antes de estender a garrafa para Matthew.
- vou começar a cobrar – brincou o adolescente obedecendo ao pedido do seu tio.
- pago cinquenta pratas o dia de uso – sugeriu o homem, sorrindo na direção do adolescente.
Matt estreitou o olhar, pensativo. Ele não fazia ideia de que a sua brincadeira poderia lhe direcionar a uma fonte de renda casual.
- cem pratas. Vocês bebem como se tivessem quatro fígados. E vocês quatro vão se juntar para me escravizar, de todo jeito –
Hephesto sorriu, antes de seu sobrinho lhe entregar a garrafa já aberta.
- Argus! O seu filho sabe negociar! Esse garoto só me orgulha! – o homem começou a berrar enquanto voltava para a roda de conversa que os adultos formavam próximo a churrasqueira.
A maioria dos adultos eram irmãos ou primos. A outra era composta por seus genros. Alguns dos mais novos também eram ursos, mas a maioria variava bastante.
- e como vai na escola nova? –
- vai bem. Encontrei uma galera legal –
- eu ouvi dizer que você tem um colega de quarto gamma – comentou Tyson, encarando a roda de adultos um tanto distante.
- é. Eu tenho. É um cara legal. Foi graças a ele que encontrei essa turma –
- ainda se esconde? –
- óbvio. As pessoas são estranhas. Não quero ter que sair da escola de novo –
- o outro cara também se esconde? –
- yeep. Mais do que eu. Ele é uma raposa. As caudas são grandes demais. Muito difícil de esconder –
- aí é foda, mesmo –
- mas é bom. Ter outro gamma por perto. Ficamos nos acobertando sempre que alguém fica insistindo em algo que pode nos expor. Ficou bem mais fácil nos esconder – comentou o rapaz, observando, ao longe, o filho de Tyson correr enquanto chutava uma bola.
-isso é bom –
- não acha que pegou um pouco pesado com o Diego? – inquiriu o mais velho, ao admirar o filho correr com a bola nos pés.
Matt rolou os olhos. Ele já imaginava que mais cedo ou mais tarde, Tyson fosse entrar naquele assunto. O seu primo mais velho, há muito tempo, não puxava mais assunto consigo. Senão quando queria quebrar um clima pesado que pudesse se formar entre a sua esposa e o seu primo gamma, ou quando queria falar sobre o seu comportamento com Diego. Tyson era burro, mas era ardiloso. O homem costumava conversar sobre outros assuntos, antes de puxar o motivo pelo qual iniciara o diálogo.
- não. Eu não acho. O seu filho não tem limites, Tyson. Quando o tempo passar, você vai perceber o que eu estou falando – ele levou o seu refrigerante aos lábios mais uma vez.
- qual é?! Ele é só uma criança! –
- exato! É apenas uma criança e já sabe que se não tiver o vovô, o meu pai, ou os meus tios por perto, ninguém para ele. É na infância que se deve começar a formar o caráter da criança, Tyson – ditou o adolescente abandonando o seu refrigerante sobre a bancada ai seu lado, antes de cruzar as pernas, se recostar na poltrona e voltando a abrir o seu livro.
- o seu filho vai quebrar uma janela – soltou Matthew retomando a sua leitura.
- ah, fala sério! Não precisa pegar tanto no pé dele. É só umma criança. Quer ser notada. Assim como eu e você fomos na infância – argumentou Tyson, um tanto indignado.
- a diferença é que nós tivemos pais e educação –
- ele tem pais! -
- oh, meu querido, você e a sua mulher, que são aqueles que deveriam colocar esse garoto na linha, não conseguem fazer ele calar a boca durante uma conversa séria, onde uma criança deveria se manter silenciada perante assunto. O que você espera que acontece com esse garoto quando mais velho? – inquiriu Matthew vendo o mais velho lamber os lábios.
- você ainda é um adolescente. Não sabe o que é criar uma criança –
- criar uma criança não é engravidar alguém, Tyson. Criar uma criança é gerir, moldar e direcionar um ser vivo para ser alguém digno, sociável e educado. E, claramente, você é muito menos apto do que um adolescente - respondeu o gamma passando a página do livro.
Tyson iria responder ao mais novo, mas fora calado pelo som de uma janela se espatifando, somado ao som de panelas e mais itens de vidro indo ao chão. Em seguida, a sua tia Ísis rompeu o silêncio ao berrar o nome de Diego, que, instantaneamente, arrancou em uma corrida na direção da mãe. O alfa suspirou, se erguendo, antes de olhar para Matthew, que apenas ergueu um polegar em sua direção, sem desviar o olhar do texto em mãos.
- que comédia -ditou o adolescente, negando com a cabeça.
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Hybrid Love
FanfictionEm um mundo onde humanos e híbridos vivem socialmente. Derek descobre que seu mundo é mais complexo do que pensa. Ao mesmo tempo em que tenta não se sentir atraído pelo novo colega de classe Passo por passo eu sigo atrás de você Combinando os meus...