Amnesia - Billdip

Happier

N/a: Happier - Ed Sheeran. Boa leitura.

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Eu não podia entender, Dipper havia simplesmente terminado comigo. Eu achava que estava tudo bem entre nós, eu estava me esforçando tanto... Mesmo não conseguindo estar totalmente bem, queria fazer Pinetree se sentir o melhor que pudesse, queria poder ser o melhor para ele. Não era difícil perceber que o Pines estava mal, por isso estava me esforçando o dobro, até não poder mais, qualquer coisa para fazê-lo sorrir.

Estava no banho, enquanto a água caía no meu corpo eu só conseguia pensar na chuva lá fora e como tudo havia ido por água a baixo. Dipper não me queria mais? Talvez ele não estivesse falando sério... Ou talvez eu que não conseguisse mais pensar em um mundo onde o Pines não estivesse ao meu lado, por isso tudo se tornava tão difícil. Eu ficaria aqui, ficaria em Gravity Falls, por ele, não importava mais a Califórnia se Pinetree não estivesse disposto a vir comigo. Não precisava ser tão difícil. Não precisávamos sequer ir para a Califórnia, nem ficar aqui, podíamos recomeçar do zero em qualquer lugar, longe das coisas que nos machucam.

Terminei meu banho e voltei para o quarto, me deitando na cama. Fechei os olhos e apesar de prometer a mim mesmo que não faria isso, me levantei e comecei a mexer nas coisas que trouxe da Califórnia. Eu sabia o que estava procurando, quando achei, me dei conta que a foto não fazia jus a minha lembrança. Era eu e minha mãe no jardim quando eu tinha uns oito anos. Voltei para a cama com a foto comigo.

Havia me formado, havia conseguido encontrar algo que valia a pena nessa cidadezinha do Óregon... Minha mãe teria ficado feliz ao conhecer Pinetree, ao ver como eu gostava dele, também teria agradecido por Dipper me apoiar a concluir o ensino médio. Mordi o lábio e abracei a foto tentando me impedir de chorar ou ficar triste. Eu precisava tentar aceitar que as coisas eram dessa forma.

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Eu não estava falando com meu pai desde o dia em que contei sobre meu relacionamento com Dipper, o sr. Cipher, havia falado coisas que eu não queria sequer acreditar que haviam passado pela boca dele. Tudo bem, não importava, ele não era a pessoa mais importante da minha vida. Mesmo assim, tive que responder quando ele perguntou se eu iria tentar entrar para alguma universidade.

– Sim, eu acho – Não estava realmente planejando isso, não estava realmente planejando nada. Era mais complicado que isso.

– Aqui no Óregon? – Minha expressão se tornou azeda, eu gostaria mesmo de ficar? Gostaria dessa vida mesmo sem Pinetree?

Neguei com a cabeça, se Dipper não me queria aqui, com ele, então talvez fosse melhor que eu fosse embora. Will me apoiaria se decidisse voltar para casa, mas eu também já não sentia que pertencia aquele lugar. Olhando de canto de olho, percebi que um sorriso se formava no rosto do meu pai.

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Era errado que eu odiasse vê-lo tão bem sem mim? Mason nunca mais havia voltado ao nosso lugar, na verdade, meu ex namorado parecia melhor que antes. O vi conversando com uma garota ruiva um pouco mais velha na mesma mesa que costumávamos sentar na lanchonete da Susan, e então outro dia, passei na frente da casa dele e o vi sorrindo com os pais. Não conseguia observá-lo sem sentir um profundo vazio no peito, não fazia sentido na minha cabeça.

Sentia falta da Cabana, de matar aulas, perceber a reclamação estampada nos olhos de Dipper quando eu puxava um cigarro, de tomar milkshake de morango e comer batatas fritas, de odiar aquela cidade juntos e ficar em silêncio perto um do outro. Os fones de ouvido retomaram o lugar de meus melhores amigos, dessa vez, a música se tornava mais frenética, não queria dar espaço para me sentir pior com melodias tristes.

Eu só precisava aguentar dois meses, então poderia sumir de vez, desaparecer, retomar o meu velho plano de sair por aí, viajar ou fazer alguma faculdade inútil que deixaria meu pai com raiva o suficiente para não me querer ver nunca mais. Mais dois meses lidando com um luto, dessa vez por uma pessoa que não morreu.

Tentei voltar a estudar, quem sabe a universidade não fosse um mal plano? Mesmo com isso, minha cabeça estava em outro lugar, o que dificultava em mil vezes todo o processo, todo o trabalho parecia se duplicar e no fim do dia eu não tinha mais forças. Falar com Will me ajudava um pouco, ele não era do tipo sociável, mas as poucas mensagens que trocávamos por dia conseguiam me dar a ilusão de ter algo para esperar.

Dipper não me mandou mensagens, as vezes eu cogitava fazer isso, fizer tudo aquilo que não conseguiria falar frente a frente, quem sabe me humilhar um pouco mais pelo Pines? Todas as vezes que pensava nisso, descia a lista de contatos e me lembrava que não havia feito isso com meus amigos em todo o tempo que estive aqui, havia sumido sem deixar rastros. Será que em alguns meses eu conseguiria fingir que Mason não fez parte da minha vida? Será que ele estaria pensando o mesmo que eu? Apagar as lembranças e apenas deixar o que tivemos sumir?

Coloquei os fones, eu não queria pensar nisso, não queria pensar em esquecer Pinetree, não queria pensar que ele gostaria de me esquecer também. Iria aumentar o volume até não conseguir ouvir meus próprios pensamentos, um grande "Cale a boca, Bill Cipher".

Δ

Eu odiava domingos, ter que suportar uma refeição em família por semana era pior do que ser atropelado por uma senhora de cadeira de rodas, Pacifica passar todos aqueles torturantes minutos com cara de quem chupou um limão azedo não ajudava. Surpreendentemente a Sra. Northwest estava pior que a filha, abandonou o prato pela metade e foi para o quarto, seguida por meu pai. Eu e minha irmã postiça ficamos a mesa ouvindo os gritos do andar de cima.

– Ah, qual é... – A loira revirou os olhos e então fixou os olhos em mim – O que foi, esquisitão?

– Cala a boca, Barbie oxigenada – Ela abriu um sorriso enquanto mexia no celular.

– Achei que a essa hora estaria chorando por seu romance proibido com o nerd – Lancei a ela um olhar feroz – O que? Consigo ouvir tudo do meu quarto, honestamente achei que teria mais drama nessa história.

– E o que você acha que sabe? – Havia perdido a fome, estava prestes a me levantar quando Pacifica falou algo que chamou minha atenção.

– Deve ser triste terminar o namoro por causa do pai.

– O que disse? – O que meu pai tinha a ver com Dipper?

– Ah, você não sabe? Acho que você tem muito o que falar com o papai... Tente sair dessa conversa melhor que Dipper, acho que foi o ponto final para o relacionamento de vocês – A loira se levantou, jogando os cabelos por cima do ombro.

Ao mesmo tempo que não conseguia acreditar em nada do que a Northwes dizia, uma pequena centelha dentro de mim avisava sobre algo que eu não havia identificado ainda, ou pelo menos não havia decifrado completamente. O comportamento de meu pai... Dipper... Me levantei da cadeira. Pacifica estava certa, eu e meu pai tínhamos muito o que conversar.