N/A: Olá! Esse é o penúltimo capítulo da fic, o ponto de vista é do Dipper e entre aqui já podemos ver um pouco de como será o desfecho. O próximo capítulo vai fechar o ciclo, é mais curto e funciona mais como um epílogo. Espero que gostem da leitura!
A música é Kiss me - Ed Sheeran.
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O café havia ficado frio pelo tanto de tempo que fiquei parado, observando o tempo pela janela, não estava pensando em nada específico. Eu sabia que tinha que me levantar e fazer algo, começando por jogar o café frio na pia, mas era como se uma força sobrenatural me mantivesse parado no mesmo lugar, sem conseguir me mexer. Apertei os olhos, talvez a "força sobrenatural" não passasse de baixa força de vontade.
Meu namorado, Bill, havia sofrido um acidente horrível e apagado os meses em que estivemos juntos. Eu havia afastado ele, eu havia criado tudo isso ao deixar o senhor Cipher se intrometer na nossa relação, e agora, não havia nada que me ligasse ao loiro. Bill já estar vivo já era um milagre, eu sabia que não podia esperar muito quanto a volta das memórias ou todo o resto. Passei muito tempo tentando esquecê-lo em vez de tentar consertar o que deu errado, agora não havia o que consertar e eu também não podia esquecer.
Pacífica nunca foi minha amiga, mas assim que meu ex (?) namorado saiu do hospital, ela veio me avisar. Eu fiquei grato por isso, mas não sabia o que poderia fazer. A perda de memórias me machucava tanto... E ao mesmo tempo Bill não havia dado nenhum indício de querer falar comigo. Por mais difícil que fosse, talvez estivesse na hora de aprender a deixar as coisas para trás.
Δ
Dois meses passaram, no início foi horrível, mas aos poucos as coisas começavam a melhorar. Percebi que o vazio que Mabel deixou não se fecharia como eu esperava, mas eu poderia lidar com isso, aos poucos, sem me apressar. Já o vazio que Bill havia deixado ainda era recente, recente demais para pensar em curar isso, então apenas empurrei a questão de lado, esperando que os conflitos não viessem bater na minha porta. Mas eles bateram.
– Só um minuto! – Gritei, as batidas na porta me fizeram sair do quarto correndo, eu não me lembrava de nenhuma possível entrega, mas não importava.
Quando abri a porta, congelei. Bill estava ali, parado do lado de fora. Um tapa olho cobria o olho cego, ele tinha uma bengala nas mãos e estava usando o típico moletom amarelo que combinava com os allstars surrados. Ainda era Bill que eu amava. Ainda era o Bill que havia me esquecido.
– Desculpe, nós... Podemos conversar? – Me forcei a uma resposta.
– Hãn... Claro – Abri mais a porta e deixei o Cipher entrar, fomos para a cozinha.
– Como você está?
– Bem, você...?
– Melhor – Paramos a uma certa distância um do outro, eu não conseguiria iniciar uma conversa – Eu me lembrei... De muita coisa, então, eu só... Não sei, quis saber como você estava, o que tem feito... Não queria procurá-lo antes de saber pelo menos o mínimo, depois do hospital... Eu achei que não seria bom para nenhum de nós dois.
– Do que exatamente você se lembrou? – Perguntei nervoso, meus olhos se prenderam no dele e eu tentei recuperar o ar.
– Eu me lembrei de muita coisa, Pinetree – A forma triste como Bill disse meu apelido me fez morder o lábio e respirar fundo, tentando me acalmar – Desde o dia em que nos conhecemos, as aulas que matamos juntos, o parque, a cabana, o cemitério, quando conheci seus pais, o dia da formatura... Quando voltei aqui.
– O que achou de se lembrar disso? – O loiro andou para mais perto de mim.
– Me desculpe não ter vindo antes, sei como isso deve parecer para você – Meu coração se acelerava e voltava ao normal.
– E como pareceu para você? – Disse não conseguindo esconder minha ansiedade, Bill deu uma risada anasalada e fechou os olhos.
– Eu senti saudades, Dipper – Não resisti a abraçá-lo, quase desequilibrando nós dois.
– O que acontece agora? – Perguntei fungando e o soltando, o Cipher molhou os lábios.
– Eu não sei – Abaixamos o olhar – Eu vim aqui me perguntando se deveria retomar uma amizade com você, mas...
– Não podemos mais ser amigos – Disse convicto, eu não podia voltar a ser apenas amigo de Bill, não era isso que queria dele.
– Eu sei – O loiro tocou meu rosto e devagar nos aproximamos.
Não sabia medir a quantidade de saudades que tinha disso, não sabia dizer o quanto quis beijá-lo de novo em todo aquele tempo desde depois da formatura. Eu queria entregar a minha alma naquele momento. Parecia quase um sonho ter as mãos dele ao redor da minha cintura, o coração batendo contra o meu. Quando nos afastamos, eu queria mais, Bill permanecia com uma expressão triste.
– O que foi? – Perguntei, algo me alertava sobre algo ruim.
– Eu vou embora da cidade – Senti uma dor aguda no peito, o que tudo aquilo havia significado então? Olhei para ele desesperado por respostas – Vou voltar para a Califórnia, já tenho tudo combinado com Will, não sei quanto tempo vou ficar longe. Não achei que esperaria por mim, Dipper.
– Eu não esperei – Admiti – Mas você prometeu voltar.
Trocamos um olhar significativo. Bill sabia que não importava o tempo que estivesse fora, eu ainda iria amar ele quando voltasse. Eu só precisava saber se ele ainda me amaria depois disso. O loiro segurou a minha mão, entrelaçando nossos dedos e então me beijou de novo, dessa vez com tanta intensidade que senti as pernas fracas.
– Namora comigo – Pedi em um suspiro, Bill franziu a testa – O fim do mundo pode ser amanhã, não é?
– Dipper... Sabe a última coisa que pensei antes de ser atingido por aquele caminhão? – Neguei com a cabeça, o loiro sorriu – Você foi o meu único pensamento antes de apagar. Não tem ideia de quanto significa para mim. Eu quero amar você, não importa quantos dias temos até o apocalipse.
– Vamos torcer para serem muitos. Não quero perder você de novo.
Δ
Levou uma semana antes de Will voltar a cidade, com isso, Bill fez as malas. Antes de partir, meu namorado me fez aproveitar cada instante ao lado dele. Fizemos tudo que gostávamos, voltamos a passar tempo juntos e dessa vez nem mesmo o pai de Bill ficou entre nós. Era uma semana de despedida, eu sabia e o loiro também.
Por mais que meus pensamentos quanto a essa separação fossem negativos, nada conseguiria me fazer desistir de Bill. Nem mesmo a distância, ou qualquer pessoa, qualquer coisa. Eu já havia desperdiçado muito tempo me afastando dele, não podia continuar fazendo isso se quisesse ser feliz. Bill era o meu lar, a pessoa com quem podia ser quem sou independentemente de como fosse.
– Use filtro solar – Sussurrei para ele quando as malas já estavam no carro.
– Compre capas de chuva – Ele respondeu e nos abraçamos.
– Não me esqueça, Pinetree – Bill depositou um beijo na minha testa, sorri sarcástico.
– Nunca, tente não fazer o mesmo.
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Amnesia - Billdip
Fanfiction[Bill Cipher x Dipper Pines] [Aviso: Contém gatilhos sobre depressão e relações familiares conturbadas] "Desde a morte da minha mãe, minha vida só estava indo de mal a pior, eu estava indo de mal a pior. Esse negócio de ser depressivo e melancólico...