Amnesia - Billdip

Dipper - Ghost of you

N/a: Olá! O capítulo é narrado pelo Dipper. A música é Gohst of you - 5sos.

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Desci as escadas correndo e tentei passar despercebido por meus pais, não era fácil tentar manter a harmonia do lar quando sua irmã estava morta e a melhor parte de sua vida estava enterrada com ela. Não ter que encarar meus pais todos os dias facilitava um pouco não me perder nas lembranças e tentar me manter no presente.

Saí de casa fechando a porta com força, precisava que eles soubessem (ou então pensassem) que eu estava indo as aulas, ou precisaria dar as caras todos os dias no café da manhã e jantares. Comecei a andar pela calçada, eu sentia falta de ver Ford e Stanley, de ter a família unida, mas desde a morte de Mabel a Cabana dos Mistérios não era mais lugar para mim. Minha própria casa e também essa cidade já não eram mais lugar para mim.

Tínhamos decidido nos mudar quando estávamos ingressando no primeiro ano do ensino médio, era uma decisão fácil e que deixou todos feliz. E agora já fazia seis meses que minha família já não estava feliz e nem voltaria a ficar tão cedo. Pelo menos eu não achava que ficaria. Meus pais estavam tentando seguir em frente e era óbvio que não estavam conseguindo.

"Droga, Mabel, você deveria estar aqui" pensei enquanto passava pelo portão do colégio, um bolo se formou na minha garganta, abaixei a cabeça e evitei o olhar de qualquer colega meu, como já estava fazendo a meses e tentei seguir até a sala de aula com os passos rápidos. Passei pelo batente da porta e então me lembrei que a primeira aula era biologia, isso significava uma coisa: Bill Cipher.

O loiro era a primeira pessoa a falar comigo e conseguir que eu falasse de volta, isso desde o enterro dela. Desviei o olhar quando ele olhou para mim e comecei a ir em direção a carteira vaga ao lado dele, me sentei e puxei um caderno da mochila, Bill empurrou uma caneta com a ponta dos dedos em minha direção. Comecei a copiar o que a professora escrevia no quadro, mas minha mente passeava pelo dia de ontem.

Bill era como eu, ou pelo menos estava na mesma que eu, e isso era horrível, mas era exatamente o que eu queria agora: Alguém que fosse afundar comigo em vez de tentar me salvar de mim mesmo. Estava cansado de tentar agir como se tudo estivesse normal e com o loiro eu não precisava fingir, as coisas não estavam normais para nenhum de nós. Arrisquei mais um olhar para ele antes de prestar atenção no que estava fazendo.

O trabalho parecia fácil, o que fez com que eu ficasse disperso de novo. Queria saber como era para ele, se ele tinha os mesmos problemas que eu, como evitar olhar no espelho ou então não conseguir manter o foco, talvez fugir do ambiente familiar o máximo possível. Engoli em seco. Eu tinha que parar de pensar tanto.

– Você está errado – Ergui o olhar e encontrei o loiro me observando.

– O que?

– A questão dois, a opção correta é a quarta – Olhei para o papel e então reli a pergunta. Ele estava certo, me perguntei como eu não havia percebido antes.

– Achei que não fosse bom em biologia – Falei baixo, ele retrucou no mesmo tom.

– Eu nunca disse isso... Só não queria fazer as aulas – Olhei para baixo e então para ele de novo.

– E porque está prestando atenção nisso, então? – O loiro batucou na mesa duas vezes e então desviou o olhar.

– Achei que não iríamos conversar, só o necessário – Ajeitei a coluna um pouco desconfortável. Mordi a língua, eu não percebi que estávamos conversando até ele falar, não havia sido um problema tão grande, mas talvez fosse para ele – Só... Arrume a questão.