Lego house

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N/A: Lego House - Ed Sheeran.


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Acordei com a respiração ritmada de Dipper próxima ao meu ouvido, ele ainda estava dormindo e era completamente lindo pela manhã. A luz do amanhecer invadia o quarto, pisquei com força: Havíamos deixado as cortinas abertas ontem anoite e agora pagávamos o preço de acordar extremamente cedo e com uma luz consideravelmente forte. Me mexi e esfreguei os olhos, meu namorado parecia começar a acordar agora, observei os olhos dele se abrirem e as íris castanho escuras me olharem com tranquilidade. Havíamos passado a noite juntos, abraçados, envolvidos completamente pelo calor um do outro.

– Bom dia – Sussurrei sabendo que nós havíamos dormido no máximo seis horas, muito provavelmente umas quatro ou cinco.

– Bom dia – Pinetree disse em um bocejar, então esfregou os olhos e me abraçou – É inacreditável ter você aqui...

– Na sua cama? – Perguntei com um breve sorriso, senti o moreno sorrir contra o meu peito também.

– Digamos que sim – Toquei as costas de Mason, fazendo círculos com a ponta do dedo e aspirei o cheiro de pinho vindo dele – Por favor vamos matar aula e passar a manhã juntos.

– Hoje tem prova – Falei sentindo meu rosto esquentar pela ideia de ficar mais e mais tempo ao lado de meu namorado, nossos pés brincavam se esbarrando um no outro e isso me trazia uma sensação incrível de poder apenas ficar ao lado de uma pessoa que eu gostava tanto sem precisar fingir algo que não era.

– Eu sei, mas me deixe sonhar – Dipper se afastou um pouco e fechou os olhos, observei os cílios dele, boca e então a marca de nascença na testa.

– Eu amo você – Pinetree abriu os olhos e sorriu, me dei conta que havia falado aquilo em voz alta... E parecia tão melhor do que na minha mente. Era concreto, era verdade e inigualável. Eu amava Dipper Pines e a simplicidade do nosso amor.

– Eu também amo você, Bill – Meu namorado tocou meu rosto e me guiou para um beijo lento e quase preguiçoso... Tudo que Mason fazia continha carinho e cuidado que me deleitava, fazia eu perder completamente a noção do tempo – ... Eu não me importo com a prova.

– Pinetree... Nunca pensei que essas palavras sairiam por sua boca – Sorri e puxei o lábio inferior dele delicadamente com os dentes.

Senti Dipper deslizar os dedos para debaixo da minha blusa, arfei e rocei os lábios no pescoço dele, beijando sua orelha antes de voltar a encontrar os olhos do moreno. Consegui formular a pergunta apenas mentalmente, mas de qualquer forma ela foi respondida quando o Pines começou a me ajudar a tirar as roupas.


Δ


Eu observava o teto do quarto, algumas estrelas daquelas que brilham no escuro estavam grudadas em um dos cantos, provavelmente estavam lá desde a infância de Dipper. Enquanto contava quantas eram, continuava o cafuné no meu namorado, que cochilava a quase dez minutos sobre o meu peito, com um dos braços jogado por cima de mim. Quando terminei minha contagem, voltei a olhar Mason, a pele pálida típica de um nerd que não saia de casa além do necessário e a forma como os cachos castanho se bagunçavam de uma forma bonita e única. A luz da manhã combinava bem conosco, os dois sem roupas na cama, prestes a perder uma prova teoricamente importante. Típico de Bill Cipher e completamente atípico para Dipper Pines.

Senti meu namorado se mexer, erguendo o corpo com um olhar preocupado.

– O que foi? – Perguntei sério, o moreno suspirou e voltou a deitar com tranquilidade.

– Por um segundo esqueci que estava aqui... Achei que iria me atrasar para a escola – Sorrimos e eu mordi o lábio – Eu sei, um nerd. Deve pensar que tenho um caso com a escola.

– Eu já sabia... Você está pulando a cerca comigo a um tempo já – Dipper revirou os olhos e eu me permiti rir baixo – Ainda podemos pegar a segunda aula... Se você quiser.

– Não sei... Eu sei que deveríamos ir, mas também queria ficar com você... Acho que é a única pessoa com quem consigo ser eu mesmo – Mason se abraçou, lançando um olhar para a janela.

– Não precisa ser assim, apenas assim. Quero que nós dois estejamos bem, eu estive tão preso na ideia de ficar infeliz que acho que me condicionei a isso, mas... Eu quero uma chance de felicidade real, Pinetree, com você e quero uma vida normal, do tipo onde vamos sorrir a toa e rir sem nos sentirmos culpados... Quero poder beijar você sem me preocupar com o que os vizinhos vão falar e ter amizades com quem possamos contar com – Os olhos de Dipper se tornavam marejados de novo, ele ergueu a mão e tocou meu rosto, fechando os olhos com um sorriso – Quero reconstruir tudo com você.

– Eu também quero isso, eu quero tentar ao máximo e com todas as forças – Me aproximei mais dele e depositei um beijo em sua testa, onde a marca de nascença ficava.


Δ


Tomamos um banho e trocamos de roupas, os pais de Dipper já haviam saído para trabalhar, sendo assim fizemos o café da manhã sem pressa, dessa forma consegui descobrir a forma como meu namorado gostava do café e também seus hábitos nada saudáveis de comer dois doces já cedo e colocar mais um ou dois na mochila para comer mais tarde. Enquanto tomava uma xícara de café, observei a floresta conseguindo me sentir conectado com a natureza ao meu redor e de certa forma com a minha mãe. Ela teria gostado de Dipper, teria gostado que eu finalmente estivesse levantando a cabeça para tentar viver de novo.

Chegamos quase na terceira aula, era improvável que nos deixassem entrar, mas tivemos a "sorte" de que a coordenadora parecia estar esperando para conversar comigo. Me despedi de Dipper com um pequeno aceno no corredor, então segui a mulher para sua sala sem ter exatamente vontade de ouvir qualquer assunto relacionado ao meu rendimento escolar.

– Porque não se senta, Bill? – Puxei a cadeira e me sentei, a coordenadora ajeitou os óculos e apoiou os braços na mesa – Acredito que tenha uma certa noção do porque estou te chamando aqui.

– Acredito que seja melhor você confirmar para mim – Recebi um olhar gélido que não me abalou em nada.

– Suas faltas são preocupantes... Mesmo com as notas todas dentro do exigido pela escola, devo alertar sobre os problemas de não se ter uma boa frequência – Depois de mais ou menos quinze minutos de sermões, eu estava cansado e já havia entendido onde a mulher queria chegar – ... O que quero dizer, é: Tenha mais cuidado, não falte sem extrema necessidade e por favor, não incentive bons alunos como Mason Pines a fazerem o mesmo que você com suas faltas.

– Eu não estou... – Minha fala morreu com a mulher abrindo um grande livro empoeirado, virando a página aberta para mim. Era a ficha escolar de Dipper.

– Não acredito que seja mera coincidência que o rendimento do seu colega tenha caído tanto depois da sua chegada na escola, mas de qualquer forma, não estou aqui para pressupor coisas. Meu alerta já foi feito. Tenha um ótimo restante de dia, Bill Cipher – Me levantei bravo pela grosseria da mulher, mas entendia os pontos a serem levantados.

– Muito obrigada por seu alerta, coordenadora – Passei pela porta pensando sobre o que ela havia me falado.

E se eu não fosse tão bom quanto pensava para Mason? Talvez eu precisasse mesmo rever alguns assuntos como esses... Mas o que eu podia fazer quando estava preso em uma escola e cidade que faziam eu me sentir preso em um aquário como um peixinho de feira? Uma das poucas coisas agradáveis eram meu namorado e as árvores. Fechei os olhos, eu precisava me esforçar, por mim e por Pinetree e não podia adiar por muito mais tempo isso.

De qualquer forma, eu duvidava e muito que aquele alerta não tivesse um dedo do meu pai por trás. Estava na hora de conversar de verdade com ele sobre Dipper. 

Amnesia - BilldipOnde histórias criam vida. Descubra agora