Dipper - One love, one house

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N/a: Capítulo narrado pelo Dipper. Música: Sweater weather - The neighborhood.


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Quase uma semana se passou, tivemos alguns testes e eu não matei aula todos os dias, acho que tanto eu quanto Bill podíamos concordar que não queríamos nossos pais sabendo disso, ou então qualquer outra pessoa se metendo nas nossas fugas. Foi fácil me acostumar com Bill, não precisávamos falar muito, só matar tempo na presença um do outro era suficiente. O parque abandonado virou nosso refúgio e a lanchonete de Susan um pretexto para fingirmos estar vivendo nossas vidas normalmente.

Meus pais adoravam pensar que eu estava seguindo em frente, mesmo que não fosse exatamente essa a verdade, mas eu preferia mentir para eles que ter que lidar com a preocupação no olhar de minha mãe toda vez que eu saia de casa, isso desde que após a morte de Mabel eu disse que não levaria tanto tempo para me juntar a ela. Eu não queria morrer, não era assim, só era... Difícil. Era difícil seguir em frente.

Uma semana viraram duas, e já estávamos no início da terceira quando Bill pareceu ter uma recaída, não falou nada nem mesmo para mim, apenas saiu depois da segunda aula e desapareceu. No dia seguinte eu sabia que ele estaria me esperando no nosso refúgio, ficamos em silêncio, como sempre, o loiro apenas murmurando um "Eu sinto a falta dela todo dia quando chego em casa" antes de jogar a mochila pelo ombro e ir embora sem se despedir.

Foi a minha vez de ir ao parque abandonado e esperar por Bill, depois da frase que ele havia dito, um bolo se formou na minha garganta e eu não conseguia me livrar disso por tempo suficiente para lidar com um dia escolar. Quando o loiro me encontrou, se sentou ao meu lado no gira-gira, bufando.

– Desculpe pelos últimos dias – Neguei com a cabeça.

– Não precisa pedir desculpas – Bill comprimiu os lábios – Você quer... Conversar? Sobre ela?

– Nunca pensei que minha relação com meu pai pudesse piorar, mas até isso ficou pior depois do que aconteceu – Ele jogou a cabeça para trás e me olhou – Eu não deveria me importar a essa altura.

– Seria estranho se você não se importasse – Disse e molhei os lábios – Você nunca disse... Como aconteceu.

– Acidente de carro – Bill disse como uma navalha, engoli em seco pensativo – Eu não estava lá... Tinha saído com uns amigos, nós tínhamos marcado de beber "Fogo azul", uma bebida que só tem no Weirmagedon, um clube de L.A. – Ele fez uma pausa e eu observei as pupilas dele se dilatarem um pouco – Eu estava fazendo uma tatuagem quando aconteceu, estava esperando chegar em casa para ela me repreender e então descontar a frustação em algum dos quadros que ela pintava... Mas ela não chegou.

– Você tem uma tatuagem – Disse não querendo repetir o clichê "Sinto muito", isso fez Bill sorrir um pouco e puxar a barra da calça um pouco para cima, mostrando um desenho no tornozelo – Isso é...

– Uma pirâmide com um olho, gravata, cartola, bracinhos e perninhas – Sorri, era uma tatuagem estúpida, mas também era incrível. E provavelmente um lembrete permanente do pior dia da vida de Bill. Meu sorriso se desmanchou – Sua vez, como aconteceu?

– Bem, eu cutuquei essa ferida, não foi? – Desviei os olhos para longe – Gravity Falls tem um lago, você já deve ter visto... Costumam mentir para turistas dizendo que existe um monstro do lago. Era fim de tarde e Mabel tinha esquecido o diário dela em algum canto perto de lá... Eu não quis voltar junto com ela, então fui para casa e esperei. Mas ficou tarde, então noite... Meus pais foram na delegacia notificar o desaparecimento, eu corri para o lago e passei o resto da noite procurando. Encontrei ela pela manhã. Já estava azul em uma das margens.

Amnesia - BilldipOnde histórias criam vida. Descubra agora