❤ CAPÍTULO 13 ❤

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Nicolas se despediu preocupado e comentou rapidamente no caminho até a saída da vila sobre a possibilidade de ter parecido muito capitalista, mas tentei acalmá-lo dizendo que conversaria com ele.

— Eu sei, mãe! — Adam respondeu quando falei que o Nicolas queria encontrar uma forma de se aproximar dele. — Mas não parece certo aceitar coisas sem poder retribuir.

— Ele não quer que você pague alguma coisa, ele quer sua amizade. Eu trabalho para nos sustentar e seu amor é suficiente para mim — alisei seu cabelo. — Você não precisa ter medo de se aproximar das pessoas.

Adam pareceu pensar bem sobre aquilo e passou a dar um pouco mais de atenção ao Nicolas. Algumas vezes ele respondia as perguntas e outras vezes se mostrava interessado por alguma coisa. A ideia de Nicolas ser formado no que ele queria, gerou muita curiosidade no garoto e muitas vezes ele surgia com uma indagação inusitada, que Nicolas parecia disposto em tentar ajudá-lo a entender.

— Comprei os ingressos! — Nicolas contou um dia quando me acompanhou até em casa. Adam ergueu as sobrancelhas. — Comprei na super promoção! Sábado à tarde o jogo de futebol com membros da seleção. Você vai, não é?

Adam trocou um olhar comigo e assenti com a cabeça depois de piscar para ele.

— Posso checar a minha agenda! — Adam respondeu dando de ombros e não recuou quando Nicolas bagunçou seu cabelo.

O dia do jogo chegou muito rápido e acabei achando engraçado como meu filho ficou ansioso por aquilo. Era uma grande novidade para ele fazer algo diferente no fim de semana, e eu estava feliz por vê-lo tendo uma experiência diferente.

Encontramos Nicolas na estação e Adam ficou impaciente até chegarmos ao estádio. Nicolas até comprou um boné para eles dois enquanto esperávamos na fila para entrar. Eles ficaram muito fofos usando o mesmo acessório e eu implorei para poder tirar uma foto quando finalmente encontramos nossos lugares.

— Agora sorriam! — pedi os vendo pela câmera do celular do Nicolas, que tinha uma qualidade muito melhor que a minha.

— Eu não vou sorrir! — Adam resmungou.

— Vocês dois tem covinhas, e eu queria vê-las! — fingi lamentar. — E depois como você vai mostrar fotos para seus amigos com essa cara emburrada? Vai parecer que veio arrastado!

Adam trocou um olhar com Nicolas, o qual encolheu os ombros e pareceu concordar comigo.

— Eu vou sair da foto — Nicolas disse se afastando, e por um segundo Adam pareceu aflito.

— Tudo bem, Sr. Marques! — ele disse nervoso. — Não é pelo senhor, é que odeio tirar fotos!

— Vamos! Sorriam! — pedi mirando a câmera outra vez.

Nicolas tocou os ombros do Adam e eu consegui a minha sonhada foto. Adam sorriu por dois segundos, e a foto seguinte ele já estava emburrado outra vez, mas eu consegui e comecei a rir como uma boba. Tiramos outras fotos, e comigo ele sorriu sem reclamar.

Fiquei entediada durante o jogo, mas Adam estava elétrico, e aquilo foi suficiente para me deixar animada. Nicolas estava seguindo o ritmo dele e eu até cobria os ouvidos quando eles começavam a gritar. O estádio estava cheio, e eu gostei da sensação que inundou meu coração.

— Está com fome, Adam? — Nicolas perguntou vendo o garoto saltitar na saída.

Já havia escurecido quando o jogo acabou.

— Estou faminto! — ele disse e espremi meus olhos ao perceber sua voz falha.

— Aposto que vai estar sem voz amanhã! — cruzei os braços.

— Eu não estarei diferente — Nicolas tossiu e eu suspirei alto. — Vamos comer!

Nicolas parecia ter pensado em tudo e deixou Adam escolher carne para comer. Era um restaurante familiar e Adam não ficou desconfortável. Na verdade, ele era um garoto explorador e curioso, não ficava inibido facilmente. A grande questão era a presença daquela nova pessoa em nosso círculo social.

— Você se divertiu? — perguntei ao Adam e limpei sua boca com o guardanapo.

— Sim! Foi incrível! — ele disse animado e Nicolas sorriu. — Vou contar todos os detalhes para meus colegas! Nenhum deles pôde vir, infelizmente.

— Então, não deveria agradecer ao Nicolas pela oportunidade? — pisquei para ele.

— Obrigado, senhor! Pretendo retribuir muito em breve! — Adam falou sem contestar.

— Ora! Eu me diverti muito porque você veio! — Nicolas respondeu nitidamente feliz.

Adam ficou com muito sono logo depois de comer e cochilou no caminho de volta. O metrô não estava cheio naquele horário e Nicolas se sentou do outro lado, enquanto Adam acabou adormecendo em meu ombro.

— Ele parece exausto! — Nicolas comentou chamando minha atenção.

— Sim — sorri um pouco. — Ele quase não dormiu noite passada de tanta ansiedade, acredita?

— Será que ele gosta de mim, nem que seja só um pouquinho? — Nicolas uniu os dedos polegar e indicador, o que me fez rir.

— Talvez — respondi ainda sorrindo.

Nicolas se ofereceu para carregá-lo, mas Adam acabou despertando quando percebeu o movimento. Ele segurou minha mão sonolento e andamos devagar pela estação até a saída. Nicolas acabou nos acompanhando, mesmo que eu tenha pedido que ele seguisse direto.

— Já está tarde! — reclamei no caminho para casa.

— E é por isso que não podemos deixá-los irem sozinhos. Eu devia ter chamado um táxi.

Eu estava pronta para argumentar, mas o Adam tropeçou e acabou me dispersando. Ele estava com muito sono.

— Estou acordado! — ele murmurou.

Abracei seus ombros e comecei a andar mais devagar. Nicolas observou parecendo preocupado, mas sorriu quando peguei sua mão com a minha livre. Tinha Adam em um dos braços e Nicolas no outro.

— Obrigada por hoje! — falei olhando para o seu rosto e ele sorriu abaixando a cabeça. — Fiquei muito feliz!

— Eu também fiquei feliz! — ele disse e entrelaçou nossos dedos.

Coloquei Adam na cama quando chegamos, ele apenas fechou os olhos e pegou no sono.

— Se ele estivesse lúcido agradeceria outra vez — falei ao Nicolas na entrada da minha casa.

— Vê-lo animado foi mais do que suficiente para mim! — sorriu e observei seu rosto, admirada. — Eu realmente gosto dele!

Abracei seu pescoço e uni nossos lábios sem perguntar se podia. Nicolas correspondeu o beijo com a mesma aflição que eu, e me senti presa a ele quando seus braços fortes envolveram minha cintura com força.

— Estou apaixonada por você! — sussurrei ofegante quando tivemos que nos afastar por não conseguir respirar. — Desculpe ter demorado para dizer!

— Eu já sabia. Mas muito obrigado por ter dito! — ele sorriu e avançou me beijando novamente.

AméliaOnde histórias criam vida. Descubra agora