Às sete da noite do dia seguinte, o estacionamento do MexLife estava lotado. Depois de passar quase uma hora implorando, convencemos os pais de Dinah de que precisávamos comemorar a primeira noite dela fora do hospital. Pelo menos, foi o que dissemos. Mas tínhamos outras motivações.
Espremi o carro numa vaga apertada e desliguei o motor.
— Eca! - exclamou Dinah quando tirei as chaves e meus dedos esbarraram nos dela. - Será que você poderia suar só um pouquinho mais?
— Estou nervosa.
— Puxa, eu nem imaginava.
Olhei sem querer para a porta.
— Sei no que você está pensando - disse Dinah, apertando os lábios. - E a resposta é não. De jeito nenhum.
— Você não sabe no que estou pensando.
—Ah, sei, sim.
— Eu não ia fugir - disse - Não eu.
— Mentirosa.
Terça-feira era dia de folga da Hailee, e Dinah me convenceu de que seria a ocasião perfeita para fazer perguntas aos colegas dela. Me imaginei rebolando até o bar, lançando para o barman um olhar recatado á lá Lucy Vives, e depois de alguns lenga - lenga desviando o assunto para Hailee.
Precisava saber se ela já tinha sido presa. Precisava saber se tinha ligação com a mulher mascarada, por mais tênue que fosse. Olhei dentro da bolsa, verificando se a lista de perguntas que eu tinha preparado ainda estava comigo. Um dos lados do papel tinha perguntas sobre a vida pessoal de Hailee. O outro, dicas de paquera. Só para garantir.
— Ei, ei, ei - exclamou Dinah. - O que é isso?
— Nada - disse eu, dobrando a lista.
Dinah tentou arrancar a folha da minha mão, mas fui mais rápida e a enfiei na bolsa antes que ela pudesse pegá-la.
— Regra número um. Não se sai por aí com dicas de paquera.
— Toda regra tem uma exceção.
— E você não é essa exceção!
Dinah pegou duas sacolas de supermercado do banco traseiro e saiu do carro. Logo que saltei, ela usou o braço bom para jogar para mim as duas sacolas.
— O que é isso? - perguntei, pegando as sacolas.
Alguém dera um nó nas alças e eu não conseguia ver o que havia dentro, mas a ponta inconfundível de um salto agulha ameaçava perfurar o plástico.
— Tamanho 38. Pele de tubarão. Fica mais fácil interpretar o papel quando se está vestida de acordo.
— Não consigo andar com saltos altos.
— Você vai conseguir.
Se eu não quebrasse meu pescoço.
— Então - disse Dinah enquanto caminhamos pela calçada até a porta principal. - Eu meio que convidei algumas pessoas. Quanto mais, melhor, certo?
— Quem você convidou? - perguntei, sentindo meu estômago se apertar com maus pressentimentos.
— Normani e Lauren.
Antes que eu tivesse tempo de contar para Dinah que eu achava uma ideia ruim, ela me disse:
— Hora da verdade: andei saindo com a Normani. Em segredo.
— O que?
— Você precisa ver a casa dela. Deixa para trás até a do Bruce Wayne. Os pais dela devem ser chefões do tráfico na América do Sul ou então pertencem a uma família tradicional de milionários. Como ainda não os conheci, não sei.
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Sussurro - Hailee Steinfeld/You
Fanfiction"Os olhos avelãs de Hailee eram como órbitas negras, que absorvia tudo e não devolvia nada... " "Estava difícil convencer a mim mesma de que deveria ignorar algo que já começava a parecer irresistível..." (Essa história é uma adaptação do livro de B...