Depois que Hailee saiu, tranquei a porta com a corrente. Arrastei a cadeira que estava do outro lado do quarto e com ela travei a maçaneta. Verifiquei se todas as janelas estavam trancadas. Não sabia se os trincos funcionariam com Demi. Não sabia se quer se ela estava mesmo me perseguindo. Mas concluí que seria melhor me precaver.
Depois de andar de um lado para o outro por alguns minutos, tentei usar o telefone que estava na mesa da cabeceira. Continuava mudo. Minha mãe ia me matar. Como eu poderia explicar que tinha ficado em um motel com Hailee? Teria sorte de não ficar de castigo até o final do ano.
Aproximadamente quinze minutos depois, olhei pelo olho mágico. Não havia nada além de escuridão. Desobstruí a porta e, quando estava a ponto de abri-la, houve um piscar de luzes atrás de mim. Virei, praticamente esperando encontrar com Demi. O quarto ainda estava quieto e vazio, mas a eletricidade havia voltado. A porta se abriu com um estalo, e saí para o corredor.
O carpete era vermelho sangue, completamente gasto no meio, manchado com marcas escuras de natureza não identificada. As paredes tinham sido pintadas em cores neutras, mas a pintura era malfeita e estava lascada. Acima, um letreiro de neon verde indicava o caminho para a saída. Segui a seta pelo corredor e dobrei uma esquina. O Jeep freou do outro lado da porta dos fundos, saí correndo e pulei no banco do carona.
[...]
Não havia luzes acesas quando Hailee se aproximou da minha casa. Experimentei um aperto culpado no estômago e pensei que minha mãe poderia estar dirigindo pela área, à minha procura. A chuva havia parado, havia somente um pouco de neblina. Todas as casas parecem pouco hospitaleiras quando estão com as luzes apagadas, após o anoitecer, mas o casarão parecia mal-assombrado, com as pequenas aberturas das janelas, o telhado curvo, a varanda e os arbustos selvagens.
- Vou olhar lá dentro - disse Hailee, saltando do carro
- Você acha que Demi pode estar lá dentro?
Ela balançou a cabeça negativamente.
- Mas não custa checar.
Esperei no Jeep, e alguns minutos depois Hailee saiu pela porta da frente.
- Está tudo bem - avisou - Vou dirigir até a escola e volto assim que terminar de revistar a sala dela. Talvez tenha deixado alguma coisa de útil por lá. - Ela não parecia estar contando com isso.
Soltei o cinto de segurança e ordenei que minhas pernas me levassem rapidamente pelo caminho. Quando girei a maçaneta, ouvi Hailee descendo pela saída.
As tábuas da varanda rangeram sob meus pés, e subitamente me senti muito sozinha. Mantive todas as luzes desligadas e me esgueirei pelo interior, vistoriando todos os cômodos, a partir do primeiro andar, e então subindo. Hailee já havia examinado a casa, mas achei que não faria mal algum dar uma nova olhada. Depois que tive certeza de que ninguém estava escondido sob os móveis, atrás das cortinas do chuveiro ou nos armários, enfiei uma calça Levi's e um suéter preto com decote em V.
Encontrei o celular de emergência que minha mãe mantinha no estojo de primeiros socorros sob a pia do banheiro e disquei o número dela. Ela atendeu no primeiro toque.
- Alô? S/n? É você? Onde você está? Estou morrendo de tanta preocupação!
Respirei fundo, rezando a fim de encontrar as palavras certas para me livrar daquela situação.
- Aconteceu o seguinte... - comecei a falar com minha voz mais sincera e lamentosa.
- A estrada tá fechada por conta da chuva. Precisei voltar e pegar um quarto em Milliken Mills, que é onde estou agora. Tentei ligar para casa, mas aparentemente os telefones estão mudos. Tentei seu celular, mas você não atendeu.
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Sussurro - Hailee Steinfeld/You
Fanfiction"Os olhos avelãs de Hailee eram como órbitas negras, que absorvia tudo e não devolvia nada... " "Estava difícil convencer a mim mesma de que deveria ignorar algo que já começava a parecer irresistível..." (Essa história é uma adaptação do livro de B...