No caminho de volta, Hailee estacionou perto de uma lanchonete. Ainda chovia muito e já era de noite. Eu deveria chegar em casa antes da minha mãe. Já que não havia contado para ela que estava saindo.
— Podemos pedir para viagem? - perguntei
Hailee abriu a porta do motorista
— Algum pedido?
— Um sanduiche de bacon. Sem picles. Ah, e sem maionese.
Eu tinha certeza de que merecia um daqueles sorrisos que não chegavam completamente a superfície. Eu parecia provocar muitos sorrisos desse tipo. Dessa vez eu não conseguia entender a graça.
— Verei o que posso fazer - disse ela afastando-se.
Hailee deixou as chaves na ignição. Nos primeiros minutos, revi nossa noite até aquele momento. Então me ocorreu que eu estava sozinha no Jeep da Hailee. Seu espaço particular.
Se eu fosse Hailee e quisesse esconder alguma coisa, não esconderia no quarto, nem no armário da escola, nem mesmo na mochila, que poderiam ser confiscado ou revistados sem qualquer aviso. Esconderia em meu reluzente Jeep negro com um sofisticado sistema de alarme.
Soltei o cinto de segurança e revistei as pilhas de livros escolares que estava aos meus pés, sentindo um sorriso misterioso abri-se em minha boca diante da ideia de descobrir algum dos segredos de Hailee.
Não estava esperando encontrar nada em particular. Ficaria satisfeita com a combinação do cofre de seu armário ou com o número do celular. Nada especialmente surpreendente ou revelador.
Abri o porta-luvas e vasculhei o manual de operações e outros documentos, as pontas dos meus dedos esbarram em um metal.
Extrai de lá de dentro uma lanterna de aço e a liguei, mas nada aconteceu. Tirei a parte de baixo, pensando que a lanterna parecia um pouco leve. De fato estava sem pilha. Fiquei pensando por que Hailee guardava uma lanterna inútil no porta-luvas.
Foi o último pensamento que tive antes que meus olhos batessem no liquido cor de ferrugem que estava seca em uma das pontas da lanterna.
Sangue.
Muito cuidadosamente, devolvi a lanterna ao porta luvas e fechei a porta. Disse para mim mesma que havia um monte de situações em que se poderia manchar uma lanterna com sangue.
Como segurar com uma mão machucada, usar para empurrar um animal morto para a beira da estrada... bater ela com força contra um
corpo, repetidamente, até sangrar. Com o coração aos pulos, precipitei-me a concluir a primeira ideia que me passou pela cabeça.Hailee havia mentido.Tinha atacado Lucy. Tinha me deixado em casa na quarta à noite, trocado a moto pelo Jeep e partido para procurá-la, Ou talvez seus caminhos houvessem se cruzado por acaso e ela tivesse reagido por impulso.
De uma forma ou de outra, Lucy estava ferida, havia policiais no meio e Hailee era culpada.
Racionalmente, eu sabia que se tratava de uma conclusão apressada, mas do ponto de vista emocional os riscos eram grandes demais para que eu me desse ao luxo de dar um passo atrás e pensar com cuidado.
Hailee tinha um passado assustador e muitos, muitos segredos. Se a violência insensata e brutal era um deles, eu não estava segura andando por ai com ela.
O brilho de um relâmpago distante iluminou o horizonte, Hailee deixou o restaurante e atravessou o estacionamento correndo, segurando uma sacola pardas em uma das mãos e dois refrigerantes na outra.
Deu a volta até o lado do motorista e entrou no Jeep. Ela me entregou a sacola parda.
— Um sanduiche de bacon, sem maionese, sem picles, e uma bebida para ajudar engolir
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Sussurro - Hailee Steinfeld/You
Fanfiction"Os olhos avelãs de Hailee eram como órbitas negras, que absorvia tudo e não devolvia nada... " "Estava difícil convencer a mim mesma de que deveria ignorar algo que já começava a parecer irresistível..." (Essa história é uma adaptação do livro de B...