Capítulo 4

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Passei pela minha casa fiz o contorno e dirigi de volta ao centro de Tarzana. Usei a discagem rápida para ligar para Dinah

- Aconteceu alguma coisa... Eu... Ele... Do nada... O carro...

- Não estou conseguindo entender. O que houve?

Respirei fundo. Tentando me acalmar.

- Ele apareceu do nada

- Quem?

- Ele pulou na frente do carro.

- Caramba, caramba, caramba. Você atropelou um veado? Está tudo bem com você? e o Bambi? - ela meio que choramingava e resmungava - e o carro?

Abro a boca mas Dinha me interrompe.

- Deixa para lá tenho seguro, mas me diz que não tem pedaços de viado por todo o meu carrinho... nenhum pedaço certo?

A resposta que eu estava ponto de dar desapareceu. Minha mente estava dois passos a frente. Um veado. Talvez eu pudesse fazer com que toda aquela história se tratasse do atropelamento de um veado. Eu confiava em Dinah, mas também não queria parecer uma louca.

- Que doideira, você não respondeu. O veado está preso no farol do carro é isso? Você está dirigindo com ele preso na frente do carro como se fosse um trator de limpar Neve.

- Posso dormir na sua casa?

Queria sair das ruas. Da escuridão. Com estalo, percebo que para chegar a casa de Dinah, precisaria passar novamente pelo cruzamento onde o
havia atropelado. O que me desanimou.

- Estou no meu quarto - disse Dinah. - Entre quando chegar. Vejo você logo.

Segurando o volante com força, acelerei o carro em meio à chuva, rezando para que o sinal estivesse verde para mim. E pra minha sorte estava, e voei pelo cruzamento,
olhando fixamente para a frente, mas ao mesmo tempo tentando dar uma olhada nas sombras na lateral da pista. Não havia vestígio do cara ou quem quer que seja com a máscara de esquiador.

Dez minutos depois estacionei o carro na garagem de Dinah. A porta tinha sido tão danificada que precisei empurra-la com os pés para abrir caminho e sair. Então fui
correndo até a porta da frente, tranquei-a e desci depressa a escada até o subsolo.

Dinah estava sentada na cama de pernas cruzadas, com o caderno apoiado nos joelhos, fones no ouvido e iPod ligado no volume máximo.

- Será que eu vou querer ver o prejuízo hoje à noite ou devo deixar para depois de pelo menos sete horas bem dormidas? - exclamou num volume mais alto que a música.

- Talvez a opção número 2.

Dinah fechou o caderno com força e tirou os fones.

- Vamos lá.

Quando chegamos do lado de fora, fiquei olhando o carro por um bom tempo. Não era uma noite quente, mas não foi a temperatura que causou os arrepios que eriçaram meus pelos dos braços. Não havia sinal de qualquer dano na janela do lado do motorista. Nenhum amassado na porta.

- Tem alguma coisa errada - digo.

Mas Dinah não estava ouvindo. Estava
muito ocupada inspecionando cada centímetro quadrado do Neon.

Dei um passo à frente e apalpei a janela do motorista. O vidro estava intacto. Fechei os olhos. Quando os abri novamente, a janela continuava intacta.

Dei a volta até a traseira do carro. Tinha praticamente completado 360 graus quando parei subitamente.
Uma fenda fina dividia o para-brisas em duas partes.

Sussurro - Hailee Steinfeld/YouOnde histórias criam vida. Descubra agora