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- ..Que?

- Ora porra, me trouxeram pro seu quarto, e você já está aqui. Então, aviso logo que me recuso a dormir com um estranho.

- Primeiramente, você é a estranha aqui porque a casa é minha. - Se aproximou de braços cruzados e quase apontando o dedo pra minha testa. - Segundo, eu também me recuso a dormir com você.

- Então.. Por que está aqui? - Micael aponta para a escrivaninha e logo também noto lenços e uma coberta. - Ah..

Ouço-o suspirar irritado e sorrio sem graça.

- Desculpe. - E em seguida, espirrei com as mãos no rosto. - E desculpa novamente mas, eu preciso muito ficar sozinha agora..

- ..Claro. - Passou por mim e saiu, fechando a porta.

Limpei meu nariz com o lencinho e me sentei na cama, suspirando aliviada assim que tiro os saltos.

Depois deles, tirei os acessórios e deixei a bolsa na outra escrivaninha.

Tomei um dos remédios em pílula sem água mesmo e cai de costas na cama.

- Que dia.. - Me mexi na cama e me encolhi brevemente.

Eram muitas informações.

Uma casa nova, um noivo.. Mas tenho que aceitar, afinal, eu devo isso aos meus pais.

Tirei apenas meu sutiã e joguei pra algum lado da cama que nem vi, eu apenas queria dormir.

E sendo assim, dormi como pedra depois disso.

Micael.

Não sei por que estou me importando tanto com ela.

Talvez eu só esteja sendo educado já que de um jeito ou de outro vamos nos casar.

Mas.. Céus, ainda não me conformei dela não ter me reconhecido quando esbarrou em mim na universidade.

Não acredito em coisas de destino porém.. Essa coincidência mexeu comigo.

Joguei água no rosto e joguei o cabelo para trás com uma certa dor de cabeça. Será que eu exagerei nos remédios? Eu devia ter posto só um, ou pelo um copo de água junto.

- Meu Deus Micael.. - Briguei comigo mesmo e me despi, para começar a tomar banho.

A ideia de me casar com uma completa estranha não era só difícil para ela. Eu não concordei com isso também, eu estava muito bem sozinho ou sendo acompanhado algumas vezes.

Meus pais fizeram isso por vários motivos.

Um: imagem, porque somos uma família rica e Lizandra é uma garota realmente bonita, e segundo meu pais, fazemos um belo casal.

Dois: eles querem netos.

Três: estar nas notícias, afinal, o único filho da Família Alencar irá casar, ainda mais com alguém que era desconhecida até o momento.

Quatro: me colocar nos eixos, já que eu nunca assumi ninguém num relacionamento sério, e esses anos eu ando "solto demais" segundo eles.

E eles nem deveriam estar "fazendo" minha vida, afinal eu também já sou um adulto.

Por ora eu não posso fazer nada, mas esse casamento falso não irá durar nem cinco meses.

Vamos casar e nos divorciar, fim.

Liz

3:50 AM.

Por que acordei tão cedo? Não sei, talvez ansiedade, ou nervosismo, ou curiosidade de olhar a casa finalmente.

Ou tudo junto.

Fiquei enrolando naquela cama macia que me dava vontade de nunca mais sair.

Mas me levanto depois de um tempinho. Primeiro conferi, com a porta entreaberta, se ninguém estava acordado e depois saí em passos silenciosos.

Ainda enrolada na coberta, claro.

Andei pela sala que tinha um sofá cinza com almofadas pretas, uma lareira com fotos encima.

Eu logicamente fui dar uma xeretada. Tinha um com o nome de Micael na borda e ele segurando um trabalho da escola sobre células com um sorriso empolgado. Acabei soltando um sorriso, ele era uma criança fofa.

Em seguida, uma dele com os pais, um pouco mais crescido. E outra agora adulto, com uma mulher, que aparenta ter a mesma idade que ele, sentados numa pedra e de costas na foto.

Andei mais um pouquinho por um corredor com uma janela imensa onde dava para ver a piscina.

- É maior que todos os apartamentos que já vivi. - Ri desacreditada. - Não acredito que perdi para uma piscina.

Segurei o riso para não fazer tanto barulho e voltei ao caminho que seguia, onde deu até uma "sala da diversão" com mais uma TV, só que maior do que da sala, poofs, um lugar com copos bonitos de vidro e várias garrafas de gin, vodca e bebidas diversas.

- Aqui deve ser animado a noite. - Comentei me sentando em um dos poofs virados para a TV. Confesso que brinquei um pouquinho naqueles, era a primeira vez que eu sentava em um.

Observei também uma mesa de sinuca e uma mesa de xadrez e dama mais afastada. Percebi que as peças eram feitas de vidro, já que eram transparentes, tão lindas..

- Ricasso. - Peguei a peça da torre de vidro preto e olhei de pertinho. era bem detalhada.

Deixei no mesmo lugar e voltei a andar, apertando o cobertor em meu corpo e suspirando.

Vi uma geladeira de longe e presumi que seria finalmente a cozinha. Fui andando rapidinho até lá para beber água, até que percebi que já havia alguém lá.

Meus olhos se arregalam por alguns segundo vendo Micael com uma calça moletom cinza e sem camisa, com um copo de água nas mãos.

Eu me escondi atrás de umas colunas mas não adiantou de muita coisa.

- Eu já te vi, não precisa se esconder. - Fala e ouço o som do copo encostando na pia. Revirei os olhos e me cobri melhor com o cobertor, saindo de trás da coluna. - .. Você parece uma criança.

- Quieto. - Fui me aproximando para pegar um copo que eu chutei estar em um dos armário de baixo.

- Aqui. - Falou me fazendo olhá-lo e me estendeu um copo que pegou do armário de cima.

- Obrigada. - Peguei e abri a geladeira, segurando uma garrafa e enchendo o copo. - Por que.. está acordado a essa hora?

- Te pergunto o mesmo. Por que está perambulando pela casa uma hora dessas? - Cruzou os braços.

- Perguntei primeiro. - Rebati bebendo a água.

- Eu moro aqui e você chegou ontem, quem me deve explicações é você, já que a casa é.. - O interrompi já de saco cheio.

- A casa é sua, já entendi. - Bufei, lavando o copo que bebi e o encarei por um breve momento. - Mas dá pra parar de falar isso? Porque vamos nos casar e logo eu também vou ter o direito de falar "essa casa é minha". Além disso, se puder parar de falar isso eu agradeço, é irritante.

O garoto apenas suspirou e levantou a cabeça, passando as mãos pela própria nuca.

- De qualquer modo, de agora em diante vamos dizer "nossa casa", satisfeita?

Continua..

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