Aisha Rosevelt finalmente tomou coragem para falar com Eddie Munson, o garoto que ela gosta desde o fundamental, afinal o último ano do ensino médio era uma época de arriscar, certo?
Mas ela não contava que teria que se esforçar tanto para consegu...
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"Ninguém ouviu uma única palavra que você disse Eles deveriam ter visto nos seus olhos O que se passava pela sua cabeça" (Runaway- Bon Jovi)
Pedalava em direção a escola, com fones de ouvido ao som estridente de Runaway do grandioso Bon Jovi, o dia hoje estava ensolarado e o sol estava judiando e enquanto sofria pedalando, só conseguia pensar que faz exatamente um mês que mais um semestre se iniciava e finalmente estava no terceiro ano e logo teria que abandonar minha família para ir para a faculdade e isso é um assunto que eu evito em pensar desde que entrei para o ensino médio, mas infelizmente daqui uns meses será impossível ignorá-lo.
Assim que chego a escola, guardo o fone e o toca fitas na mochila e passo o cadeado na minha bicicleta prendendo a mesma e vou para o pátio, o mar de pessoas era intenso e odeio ter que passar no meio de tanta gente assim.
— Rata da biblioteca! — Ouço um dos populares do time de basquete gritar em minha direção, o que faz eu apertar o passo para entrar dentro da escola.
Foi só chegar em meu armário e abri-lo, que uma mão quase duas vezes maior que a minha, o fechou, tomei um susto com o barulho e foi impossível não apertar os olhos.
— Ratinha... bom te ver por aqui — disse o mesmo que mexeu comigo na entrada, Jason.
— É o que se espera em dias de semana. — Tomei coragem para olhar, o loiro mantinha aquele sorrisinho cínico.
— Por que correu quando te chamei lá no estacionamento? Esqueceu meu trabalho?
— Tá no armário. — Ele tirou a mão, me permitindo abrir.
Calmamente peguei meu material, justamente para estressá-lo.
— Vamos logo, rata, não tenho todo o tempo do mundo — disse impaciente.
— Minhas 10 pratas primeiro. — Estiquei minha mão, Jason bufou abrindo a carteira e colocando o dinheiro em minha mão de forma bruta.
"Lastimável Carver, precisar pagar alguém para fazer um trabalho de química fácil desses?”
Pensei em lhe dizer mas não disse, pois da forma rápida que ele apareceu, ele foi embora assim que conseguiu o trabalho, como se estar perto de mim fosse manchar sua reputação.
Depois de arrumar minha bolsa com os materiais do dia, me dirigi para a sala do jornal da escola, lá parecia uma outra dimensão dentro do colégio, já que lá todos eram bons uns com os outros.
— Bom dia, Nancy, Fred! — Cumprimentei a chefe do jornal escolar e meu colega.
— Bom dia, Aisha! Você é exatamente a pessoa que eu estava precisando! — Nancy sorriu animada para mim, mas por algum motivo sabia que algo que eu não gostaria estava por vir — Conte a ela, Fred!
— Estamos com um projeto, nos jornais da semana que vem iremos ter um quadro sobre cada clube da escola, para deixar os calouros mais inteirados sobre o ensino médio — explicou o garoto ajeitando os óculos.
— E nós pensamos em você entrevistar cada líder de clube! Já que você é a mais simpática aqui! — Fiz uma careta para a moça.
— Devem ter tirado do bueiro que eu sou a mais simpática aqui, esse título é claramente da Nancy! E eu? Eu vou falar com todos os líderes de clubes? Nem a pau! — Fred e Nancy trocaram olhares.
— Minha cicatriz não agrada muitos, a Nancy não tem tempo, e os calouros que entraram para o jornal esse ano não sabem direito o que fazer, só nos resta você, Aisha. — Bati as mãos no rosto, e bufei alto o bastante.
— Fala sério gente! — reclamei nervosa.
— Sabemos que você é tímida, mas qual é, Aisha? Não vai ser tão difícil fazer algumas perguntinhas. — Nancy tentou amenizar, me entregando um papel — A lista de todos os clubes.
— Ok, fazer o que né? — Dei de ombros, com o coração acelerado e as mãos suadas só de pensar em conversar com pessoas que eu nunca olhei no rosto, e...
Ah, Eddie Munson era o líder do clube HellFire, RPG de mesa… e eu, teria que falar com ele!
Apertei a lista que estava em minha mão enquanto me dirigia para a primeira aula do dia. Eddie Munson, esse nome não parava de rodar em minha mente.
Por que eu tinha que gostar do cara mais inacessível da escola?
Chegava a ser cômico. Não sei dizer desde quando esse sentimento começou, talvez desde o oitavo ano? Desde esse tempo tivemos algumas matérias juntos e acredite, ele nunca me notou.
Das vezes em que fiz trabalhos para ele, alguns dos meninos do Hellfire que veio pedir e pegar o trabalho comigo e só de imaginar que agora terei que falar com ele, já sinto a ansiedade me tomar, me sento em minha mesa e não consigo prestar a atenção em nada que o professor diz pois estou muito ansiosa.
Pelos meus cálculos, eu passaria a semana toda entrevistando os líderes, e no meu coração, quanto mais eu enrolasse para falar com Eddie, menos eu sofreria, mas minha cabeça sabia que era exatamente o contrário. Maldita seja minha timidez!
No intervalo, após pegar o bandejão e comer rapidamente na mesa com o pessoal do jornal, respirei fundo, e me coloquei de pé, Eddie Munson estava na mesma posição de sempre, com os pés para cima da mesa, e os dedos cruzados atrás da cabeça.
— Vamos lá, Aisha. — Torci por mim mesma, enquanto já andava em direção a mesa onde ele estava, cheguei a ficar de pé ao seu lado, os garotos em sua mesa se calaram e ele olhou para mim.
Ele olhou para mim, e nada saia da minha garganta.
— Tá perdida? — perguntou, esfreguei as mãos suadas na calça e puxei o ar.
— Não, você é Eddie Munson, líder do clube HellFire? — Soltei tudo em um segundo, sem dar espaço para vírgulas.
— Sim, pois não? — Suas sobrancelhas estavam franzidas, e apesar do olhar direcionado a mim de forma julgadora, eu só conseguia pensar o quão lindo ele era de perto, o desenho dos lábios e os olhos redondos — O que foi garota?!l Fala!
— Meu nome é Aisha. — Respirei fundo — Sou do jornal da escola, estamos com um projeto de apresentar todos os clubes escolares para os calouros, e para isso tenho que entrevistar cada líder. Quando você estará livre?
— E quem disse que eu vou deixar você me entrevistar?
— Você vai, ou acha que seu clube vai sobreviver sendo o menor de todos e tendo um líder nada acessível? Isso não vai ser bom para o clube, pare de agir como criança. — Quando percebi a bobagem que falei já era tarde demais.
— Mas que porra! — Ele riu — Ok, ok japinha, pode ir na sala do HellFire hoje depois das aulas.
— Não sou japinha, sou coreana. — Corrigi antes de dar as costas, com o coração na mão e uma crise de pânico quase eclodindo.
Ainda estava incrédula pela forma que falei com ele e estava agradecendo por não ter gaguejado ou pior, vomitado em cima dele.
Estou surpresa pois nem imaginava que tivesse tantos clubes assim. Vou atrás dos líderes do clube de fotografia, líderes de torcidas, natação e ainda faltou vários mas que infelizmente terá que ficar para amanhã pois o sinal tocou.
Corro para minha sala e tento não pensar que dentro de algumas horas terei que falar com Eddie novamente e espero conseguir controlar meu impulso de falar besteiras.
