Run - ❛ 𝙅𝙞𝙡𝙞𝙭 ❜

𝑽𝑰𝑰𝑰-𝑰

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— Tem certeza que está satisfeito? Podemos voltar e comprar mais alguma coisa se ainda estiver com fome, acho que comeu pouco. — Chan diz irônico enquanto caminhava para fora do restaurante, guiando o menino dessa vez com cautela.

— Eu nem comi tanto Channie. — Jisung tenta se defender, sabendo que o que dizia era claramente uma mentira.

— Olha, eu acho se fosse rodízio eles estariam no prejuízo!

Chan continua a caminhar, virou seu rosto para baixo vendo o menino deitar a cabeça no encosto, olhando de volta em seus olhos e lhe mostrando a língua. Bang ri e aperta o nariz do menino antes de parar em frente a loja de eletrônicos.
Quando volta seu olhar para a loja Chan resmunga percebendo que haviam apenas escadas, nenhuma rampa para facilitar a entrada deles.

— Porra! — Bang reclama baixo e Jisung vê um dos funcionários olhar assustado em direção a eles, se dando conta da situação de ambos. — Vem Hannie, eu te ajudo a subir.

— Chris, não! — Han sente-se envergonhado pela situação, sabia que não estava fazendo nada de errado mas foi impossível não voltar a se sentir um inútil, não desejava que Christopher tivesse que carrega-lo para lá e pra cá como brincou mais cedo.

— Quer procurar outro lugar? — Bang questiona, se irritando por ver a falta de assistência da loja.

— Não precisa, eu espero aqui fora. — Jisung fecha os olhos e respira fundo, nervoso com aquilo.

— Você não vai ficar aqui sozinho.

— Eu não sou uma criança Christopher! — Seu tom de voz elevado assusta o mais velho, e logo em seguida ele se culpa por ser tão rude com o amigo. — Desculpa eu só... Não quero me sentir um total inútil, vá resolver isso, vou ficar bem aqui na porta.

— Tem certeza? — Chan sente seu peito apertar percebendo que novamente aquele ar triste se apossou do jovem.

— Sim, quero ir para casa logo. — Jisung se recusa a olhar Bang nos olhos quando sente os seus lacrimejarem minimamente.

O australiano suspira, e sem outra opção decide entrar na loja, enfurecido por ter que passar por uma situação como aquela, finalmente percebendo o quão sério poderia ser o descaso das pessoas com certas necessidades alheias. O que custava colocar uma simples rampa na entrada? A inacessibilidade de algo comumente visto como simples, abriu espaço para um sentimento amargo no peito do garoto, e aquilo pareceu esgotar-lhe por inteiro.

Envergonhado por toda a situação e pelos olhares de pena dos que passavam ali Jisung acaba abaixando a face, evitando ao máximo que sua garganta embargasse. Odiava aquele sentimento de pena. Era algo tão medíocre, fazia-o se sentir um completo merda.
Na cabeça do Han havia uma clara diferença entre compaixão e pena, e com certeza não era a primeira que aqueles estranhos sentiam ao lhe ver engessado e sozinho na porta da loja.

Han olhou através das portas de vidro vendo Chan conversar com um dos funcionários que parecia se desculpar por aquilo. Mais uma vez o moreno sentiu a impaciência lhe dominar e aquela vontade intensa de correr para longe dali se fazer presente.

— Ei! Volte já aqui!

Jisung direciona sua atenção para a confusão que se formava á alguns metros de distância de si. Seus olhos travam quando vê uma cabeleira ruiva, o garoto corria a toda pressa para fora da farmácia com alguns remédios em mãos, e logo atrás dele um homem com a logo do estabelecimento em sua roupa tenta o alcançar. Mas por mais que se esforçasse o menino esguio era ágil, e aquela velocidade toda ao correr o fez ser bombardeado de lembranças, imediatamente identificando o rosto assustado vindo em sua direção. Repentinamente o vazio em sua mente do momento do acidente até o segundo que acordara no hospital é preenchido de lembranças e ele sente um impulso nervoso que o fazia querer se meter no caminho daquele estranho mais uma vez.