𝑰

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Capítulo um: On 'cause they
will run you down,
down till you're caught.

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𝕮onforme o sol se escondia no horizonte dando lugar a escuridão azul do céu o pânico de Yongbok se acalmava abrindo espaço para a consciência em seus pensamentos.

A cada passo trêmulo que dava em direção a sua casa o ruivo de fios longos tomava noção de sua situação atual.
As mãos ainda tremiam denunciando tamanha ansiedade que sentia, sua pele não estava mais suja de sangue mas mesmo assim o garoto teve a impressão de que ainda tinha o líquido viscoso em seu rosto, o que o fez limpar a face com agressividade levando junto as lágrimas que molhavam as bochechas sardentas.

Mal conseguiu girar a chave do portão ao chegar tanto que suas mãos tremulavam. Quando entrou em casa foi direto até seu quarto a passos rápidos pegando a primeira mochila que encontrou pela frente.

Lee se apercebia vazio, como se seu coração tivesse sido arrancado do peito. Ao mesmo tempo em que sentia uma dor indescritível parecia haver um vazio infinito ali, teve a impressão que seu corpo estava somente obedecendo aos comandos vagos de sua mente que lhe dizia a todo instante que devia fugir. Fugir o mais rápido possível. Com esse pensamento acabou pegando algumas roupas e coisas julgadas importantes jogando-as todas na bolsa. Realizava cada movimento no automático, não sabia o que exatamente estava fazendo, a única coisa que pensava era que não queria arranjar encrenca para os seus pais; eles já tinham problemas o suficiente para lidar, o filho não precisava ser mais um deles.

Foi como se apenas por pensar neles os invocasse, ao fundo o garoto ouviu o barulho da cadeira de rodas de sua genitora se aproximar da porta de seu quarto mas não teve coragem de olha-la, apenas continuou pegando tudo o que achava necessário e colocando na bolsa.

— Yongbok, filho... — A mulher já de idade nota a mochila nas mãos do garoto e o questiona confusa. — Aconteceu algo? Por que está chorando? — Lee se encontrava tão inerte naqueles milhões de pensamentos vagando entre sons de tiro, sangue e um corpo caído que sequer havia notado quando suas lágrimas voltaram a descer. Os dedos frios enxugam com pressa e apatia o próprio rosto de forma desajeitada.

Yongbok não tivera tempo algum para digerir toda a situação em que estava. O som do disparo ainda ressonava em sua cabeça como um trovão o lembrando a todo segundo do que tinha feito, o pavor tomando conta de cada célula do seu corpo.

— Mamãe. — O jovem finalmente diz, mas entre soluços, virando e se ajoelhando de frente a mulher, segurando suas mãos sentindo o calor que o corpo da mais velha emanava. — Me perdoe. Eu fiz algo horrível. — A preocupação na face da senhora apenas o deixou mais angustiado, porém não deu abertura alguma para ser interrompido. — Preciso ir, me desculpe por não poder cuidar de vocês por mais tempo mas se eu ficar só trarei problemas.

— Yongbok você está gelado! Querido, se acalme. Me explique o que aconteceu, não tome decisões precipitadas. Se lembra o que eu sempre digo? Não deixe o medo dominar suas ações. Foca no aqui e agora.— As mãos da senhora Lee fazem um carinho na face do filho que tinha um sorriso angustiante ali, sua expressão exalava tristeza bruta em seu mais puro estado.

Ela se preocupava com seu garoto, ainda mais após o ver naquele estado em que mal havia chegado em casa e já fazia tudo as pressas, lhe dizendo coisas estranhas e com o olhar vagamente perdido pelo medo. Duvidava que qualquer tipo de maldade pudesse habitar no coração de seu menino, por isso desejava apenas lhe acalmar para resolverem as coisas com paciência como sempre fazia quando ele ficava mal. Mas dessa vez a situação parecia pior, e a Lee se assusta quando o filho se afasta e pega a caixa de conchas que guardava em sua cabeceira tirando de lá todas as suas economias — o que não era muito — Entregando metade na mão da mais velha que receosa não quis aceitar o dinheiro, mas o ruivo insistiu.

Run - ❛ 𝙅𝙞𝙡𝙞𝙭 ❜Onde histórias criam vida. Descubra agora