Noites Vermelhas

Adrenalina

Seis longos meses se passaram rápidos iguais a uma flecha.

Nesse período de tempo, uma guerra declarada por meu avô Lisandro Bento II, batia a nossa porta. Descobrimos que não só o Teatro Casa Vermelha fora atacado, Mas também as outras casas onde se reuniam os outros de nossa espécie, como os Filhos do Ossário, Caveiras de Pedra e os Corvos Negros, também foram atacadas. Todas as casas estavam unidas e cientes de que deveriam unir suas forças uma vez mais, para que continuássemos existindo ali, e em paz.

Eu, que iria embora para os Corvos Negros, consegui ficar permanentemente no Teatro Casa Vermelha depois que Demetrio fez uma petição a Astrix para que eu permanecesse ali com eles. e a Astrix a concedeu. a cada mês, mais vampiros eram transformados, sem violar o acordo entre a Astrix e o príncipe, os anciões das casas, e os grandes entre os humanos, como a prefeitura e o governo.

Os humanos que tinham situação vulnerável como de rua, doentes terminais, alguns presidiários e os que eram considerados "uma pedra no sapato" do governo, eram transformados em novos vampiros com a autorização do mesmo e claro, o livre árbitro dos próprios. Assim, a cada dia, novos dons eram descobertos e as casas, iam aos poucos ficando cada vez mais fortes e se preparando para a guerra vindoura.

Lisandro também criava novos vampiros que também se uniam a ele. Mas diferente de nós, ele não respeitava as regras dos vampiros e nem o livre árbitro dos humanos.

Neste período de tempo, Eric e eu estávamos juntos oficialmente. Ele havia me pedido em namoro alguns dias depois do episódio da gruta e da morte de Blecketh. depois de tanta implicância dele para  comigo e de tanta raiva que passei, ele se declarou pra mim me surpreendendo de uma forma que nunca imaginei. Eu jamais esperaria algo tão romântico vindo de um arrogante como ele. meu ódio pelo Eric se transformou em amor. daí aquela famosa frase... "os opostos se atraem". nós nos lembrávamos e riamos com tudo isso. Eric continuava sendo o mesmo brutamonte de sempre com todos, mas menos amargo que antes. Apenas comigo ele conseguia ser menos ácido. (Assim como ele havia me dito na gruta.)

***

Demetrio havia conseguido mais relíquias do sol para todos nós. Ao todo na casa vermelha, já haviam 162 vampiros, com dons variados. E mais ainda iriam chegar. Aguardávamos pela Astrix que os enviariam. Ali, na sala de reuniões com Demetrio, Helena, Eric e Vale, eu me aproximei da mesa aonde todos estavam.

Observei e ouvi atentamente enquanto todos conversavam entre si, a cada nova informação dita. Vale trouxe em mãos uma espécie de mapa dado a ele por Eric. O mesmo roubou de Lisandro no dia do meu sequestro, horas antes de eu chegar e de ele ser controlado pelo sangue do mesmo. Nele, haviam todos os locais marcados em X, aonde Lisandro frequentava ou já havia andado. Eric o havia entregado como forma de pagamento a um favor concedido por Vale, e também como uma questão de segurança para mim, ele, Helena e Demetrio pois Lisandro nunca desconfiaria que tal mapa estivesse nas mãos de alguém tão "improvável".

Nesse mapa, havia um local que não estava marcado, e era aqui perto. Demetrio se aproximou de mim e me olhou fixamente.
- Ligeia, está pronta para isso?
- rs, nunca vou saber se eu não for não é Demetrio? - falei e dei um pequeno sorriso para ele.
- pois bem minha querida, tenho uma missão para você. preciso que vá até uma pequena cidade perto daqui. Lá existe um orfanato chamado Nossa Senhora da Piedade. vá até lá e procure informações sobre Hermia Monteiro.
- tudo bem. - os olhei e assenti com a cabeça para todos, fui saindo devagar.
- Ligeia, mais uma coisa. Dessa vez você irá sozinha. Pois sem os outros por perto, fico sem poderes.
Assenti para Demetrio e sai indo até meu quarto, pegando minha relíquia e uma pequena mochila de couro com alguns pertences. Saí indo até a entrada do Teatro, já com as chaves em mãos, fui até o pequeno estacionamento e peguei minha querida Harley Davidson, coloquei meu capacete e liguei minha querida moto, saindo devagar.