Alvorecer

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Abri os olhos lentamente. Estava ferida, cansada, sangrando e com algumas partes da roupa rasgada. Acho que tinha perdido muito sangue. Não sabia que horas era aquela mas não ficaria ali pra ver o dia amanhecer e virar pó. Me levantei devagar e cambaleando, coloco as mãos no meu rosto, passei por meus cabelos no intuito de tira-los do meu rosto, eu os prendi em um coque meio solto.

Olhei ao meu redor devagar. Era um local coberto por verde. Tinha muitas árvores, pedras, musgos, flores...o chão era coberto de folhas e a copa das árvores quase não dava para se ver de tão altas que eram. Olhei ao meu lado e mais a frente, o vi. Eric estava ali deitado, e desmaiado. Corri até ele e tentei acorda-lo.
- Eric, Eric! Acorda bela adormecida! - falei enquanto o chacoalhava forte.
Ele não moveu nem uma parte do seu corpo sequer.
- Eric, acorda...
Me abaixei e coloquei meu ouvido na boca dele. Ele não estava respirando.
- Eric, acorda! Você não vai morrer aqui e assim, seu brutamonte!! - eu em completo desespero, comecei a bater no peito dele. Vendo que não tinha resultado, eu comecei a fazer respiração boca a boca nele.
- ERIC!!! por favor, acorda! Você tem que se acordar pra eu poder te matar com as minhas próprias mãos!!

Mesmo assim, ele não acordou. Em um impulso tomado pelo desespero, eu me levanto rapidamente e fiquei de pé, de costas pra ele e então as lágrimas começaram a rolar pesadas no meu rosto como pedras. Então me viro para olhar ele, e eu o vejo ali de pé, repentinamente na minha frente, com um olhar sério para mim.
- careta...por que está chorando? - ele perguntou com uma voz rouca e eu não tive reação melhor senão praticamente pular em cima dele e de uma vez, o abracei enquanto ele me olhava sem entender nada.
- nossa, você é esquisita. Me larga! - ele me afastou rapidamente.
- delicado como uma tijolada não é? Brutamonte!
- cadê o Lisandro?
- não sei daquele cretino. Você não se lembra de nada?
- a única coisa que me lembro é dele me controlando com o poder dele.

- quer saber o que aconteceu? Vou contar. bom, primeiro ele me sequestrou e me fez refém, me torturou de todas as maneiras possíveis... - falei e suspirei. Eric me olhou espantado.
- ele...ele...ele te torturou de todas as formas?? Ele...te...??
- o que?? N.. não, calma não falei nesse sentido não, meus Deus!
- ah nossa...me desculpa pensar isso mas é que com aquela mente doentia dele eu não duvido de nada do que ele seja capaz de fazer. Mas, por que ele te sequestrou e te torturou? Você não tem nada de especial careta!
- ah, obrigada Eric, encantador como sempre...bom, ele queria que eu o dissesse aonde o Demetrio estava escondido e onde era o Teatro Casa Vermelha.
- nossa...viu...eu disse que ele era doente. Mas, meu Deus careta, olhe o tamanho desse corte na sua barriga! - ele falou espantado e ia se aproximando de mim.
- NÃO!! não se aproxima! - eu o repreendi. - isso foi você que me fez. Com uma maldita navalha de sal! Você se lembra disso? - eu o perguntei e olhei fundo nos olhos dele.

Eric se afastou e me olhou com culpa nos olhos.
- mas que...porra careta! Droga! Eu só queria poder o suficiente pra enfrentar o Demetrio mano a mano. Estou cansado de seguir ordens. Não era para a Blecketh ser a nova anciã da casa dos Filhos Do Ossário, era pra ter sido eu!
O olhei transtornada.
- seu...seu maldito brutamonte, arrogante, metido de merda!!!
Ele me olhou indiferente e ficou calado.
- você... Não merece a família que tem, você não merece a consideração que todos eles te deram, você não merece fazer parte daquela clã, Só se preocupa com seu umbigo!!
- cala essa boca, você não sabe nada a meu respeito, Você chegou um dia desses!
- vem aqui calar seu estúpido!
- haha você mal se aguenta em pé, imagina me enfrentar. Mas... mudando de assunto, aonde estamos??
- eu, não sei ao certo. Mas pela elevação da terra, com altos e baixos e todo esse verde, parece uma serra, uma montanha ou algo do tipo. - falei e dei um pequeno sorriso. - bichos a vontade para caçar.
- temos que achar o caminho de volta. Mas, o problema é esse...saber aonde está o caminho.
- siga as borboletas...

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