Seja Minha

Capítulo 14

- Estamos perdendo o paciente! Nesse estado ele não pode ir para o centro cirúrgico.
- O que fazemos agora?
- Vou tentar mais uma vez. Carrega novamente!
- Aqui.
- Se afasta. - A médica olha para o monitor onde os batimentos caem até se formar uma linha reta e ela balança a cabeça negativamente, desanimada olha para o relógio na parede. - Ele não resistiu. Hora do óbito, sete e meia da noite. Me repassa o nome e idade do paciente por favor.
- Jake Fontana Mancini. Trinta e dois anos.
- Causa da morte, parada cardiorrespiratória. Você pode terminar de desligar os aparelhos enquanto tento falar com a família.

Sinto uma pontada no braço e acordo assustado, ao abrir os olhos sou atingido por uma luz branca e forte e então percebo que aquilo foi apenas um pesadelo, olho ao redor e tudo que vejo é a figura embaçada de um homem, tento me levantar e sinto alguém segurar meu corpo enquanto chama por outra pessoa.

- Calma... Tenta ficar parado.
- Meu braço...
- Eu sei, eu sei.
- Oi. Ele reagiu?
- Acordou mas ainda está meio atordoado.
- Reduz a medicação, deixa apenas um analgésico.

Nesse momento a pontada em meu braço volta e só então olho para baixo e noto que a dor é causada por uma agulha que está sendo retirada do meu braço.

- Por que eu tô aqui?
- Sem muitas perguntas, ok? Tenta ficar calmo.
- Onde é que a Paige está? Eu quero ver ela.
- Só vamos observar seu quadro e daqui a pouco você vai receber visitas.
- Ela foi embora?
- Não... Só saiu pra comer algo com um rapaz que estava com ela mas já já volta.
- O Matt?
- Quem?
- O rapaz que estava com ela. Era o Matt? Eu lembro que ele estava comigo antes de eu apagar no...
- É, era ele sim. Mas ele está bem. Agora temos que cuidar de você, tá legal?
- Ele está bem. Pode liberar a entrada da moça e do rapaz quando eles voltarem.
- Certo.
- Jake, vamos sair mas se precisar pode tocar esse botão ao lado de sua cama e voltamos rapidamente, ok? Vou ver se seus amigos estão lá fora.
- Ok.
Espero por alguns minutos e o sono começa a vir, creio que seja efeito dos remédios. Estou lutando para me manter acordado quando vejo a porta se abrir lentamente e ao ver quem está entrando fico tão feliz que acho que nesse momento até meus batimentos aumentaram. Vejo Paige entrar e vir correndo para me abraçar e antes que ela chegue até mim eu me assusto e acordo, outra vez, agora no meu quarto.
Me sento na cama, frustrado, primeiramente por ter sido um sonho e seguidamente por ter desejado tanto que aquilo que tivesse sido real, não o lance de estar num hospital mas apenas a parte de Paige estar comigo, sorrindo ao me abraçar.
Faz exatamente três meses que ela saiu do meu apartamento, me xingando de todas as maneiras possíveis, me odiando, pelo menos naquele momento.
E lembrando do lado bom, faz três meses que nos deitamos juntos no terraço e paramos para olhar o céu, abraçado nós conversamos por horas até que eu lhe lancei a última pergunta e o restante já não faz mais parte do lado bom da nossa última noite. As vezes sinto sua falta, Paige foi de longe umas das melhores pessoas que já passaram por minha vida e apesar de nunca ter dito isso para ela em voz alta eu gostava de quando estávamos juntos, não importava como, ela é aquele alguém que tem o poder de aliviar até mesmo a pior dor, alguém que você vai querer ter por perto mesmo nos dias em que só quer estar só, aquele alguém que você passa a por em seus planos futuros porque jura para si mesmo que nunca irá deixá-lo ir embora, nada foi planejado mas hoje sei que Paige chegou no momento certo mas infelizmente tivemos que nos despedir, foi inevitável, eu poderia dizer que foi o melhor para nós dois mas não é verdade, pelo menos para mim está sendo horrível e espero que pra ela não.

Após alguns minutos me convenço a levantar da cama e vou tomar um banho, me visto e me arrasto para a cozinha, tomo um café rápido e vou para a sala, ligo a televisão e busco por algo para assistir, não encontro nada que me agrade então ponho um filme pra passar o tempo.