Paige
Estou em mais uma sessão de fotos quando noto alguém chegando no estúdio e ao olhar para o lado e ver que se trata de Joe sinto uma pequena alegria mas esse sentimento é rasgado quando olho por cima de seu ombro e vejo uma mulher ruiva chegar junto com ele, sei que ela não trabalha aqui pois é um rosto completamente novo para mim.
Ela se aproxima sorrindo e lhe entrega um café, apoiando uma das mãos em seu ombro em seguida, no entanto, enquanto ela está ali Joe não tira os olhos de mim e só percebo que estou o encarando a muito tempo quando o fotógrafo estala os dedos em minha frente tentando me trazer de volta para o que estávamos fazendo, volto minha atenção para as fotos novamente mas me pego olhando para o lado vez ou outra só para ter certeza de que Joe ainda está ali, e ele continua no mesmo lugar parado e me encarando com uma expressão séria, olhando de fora ninguém imaginaria o que já se passou entre nós.Minutos depois tenho meu intervalo e vou até o camarim para beber um pouco de água, assim que entro ouço a porta se abrir outra vez e pelo cheiro constato que é Joe, ele não mudou nada, nem mesmo o perfume que usa desde que o conheci, mas apesar de não ter mudado fisicamente noto algo diferente em seu rosto, uma mistura de melancolia com cansaço, um pouco abatido, mas ainda assim muito bonito como sempre foi. Quando nossos olhares se encontram fico tentada em correr e pular em seus braços, no entanto fico onde estou, congelada e sem dizer uma palavra sequer até ser surpreendida quando ele me envolve em seus braços, um abraço forte e familiar que me fez uma falta enorme nesses últimos meses e agora tendo isso de volta me sinto abrigada outra vez. Relutante retribuo o abraço e assim continuamos por não sei quanto tempo em silêncio até que Joe fala pela primeira vez desde que entrou aqui.
- Desculpa, eu precisava disso...
- Não se desculpe, era tudo que eu queria também. Nesse momento sinto meu rosto molhar, estou chorando, não acredito, por que tenho que ser tão sensível assim? Saio de seus braços e me viro numa tentativa em vão de disfarçar o que está acontecendo.
- Precisamos conversar, Paige.
- Precisávamos a um tempo atrás, agora creio que não seja mais necessário. Já até está com outra. Qual o nome dela? A conheceu na Itália, não foi? Não tem cara de americana.
- Primeiramente, ainda precisamos conversar sim. Nada foi esclarecido e não podemos adiar isso para sempre. E segundamente, a mulher que está lá fora é minha prima, Sophia o nome dela, não somos um casal. E realmente ela não é americana, tampouco da Itália, ela nasceu em Madrid.
- Ah...
- Sei que está magoada comigo e tem toda razão, vi sua mensagem na caixa postal, mas acontece que só vi a pouco tempo, e não por falta de importância mas sim porque eu estava evitando abrir seu contato em meu celular porque isso não me faria bem, eu precisava ficar longe de todas as maneiras porque eu ainda sentia algo muito forte por você, ainda sinto na verdade, e é por isso que eu voltei.
- Desistiu de fugir então? Pelo visto temos um progresso aqui.
- É, Paige. Eu estava fugindo, assim como você está fazendo agora.
- Eu?
- Sim, você. Bem, pelo visto está impossível de nos acertarmos, se quiser ir embora agora pode ir, afinal você gosta mesmo de fugir não é, Paige? Desde sempre se esquivando de tudo que faço, que te falo e de tudo que sinto, como se minhas ações fossem facas lançadas contra você quando essas facas estão voltadas contra mim enquanto tento nos salvar de toda essa merda que estamos nos tornando, eu sinto que te perdi e... Porra! Esse era meu maior medo e tô vendo ele se concretizando. Como você acha que me sinto?
- Como você se sente? E como eu me sinto não importa? Você diz que quer acertar as coisas mas desde que entrou aqui só está se justificando e mais uma vez não me deixando falar nada! Você é um egocêntrico! - Nesse momento Paige se aproxima de mim, me acertando um tapa no peito e quando ela tenta repetir o ato seguro suas mãos no ar e ela se desaba em lágrimas, vê-la daquela maneira me rasga por dentro e não consigo conter o choro que estava embargado em minha garganta desde que cheguei.
- Por favor, para! Eu quero te ouvir mas temos que nos acalmar.
- Engraçado, né? Passei todo esse tempo querendo ter essa conversa com você pra finalmente por um ponto final em tudo mas agora eu não quero mais fazer isso, e o motivo é o pior que poderia existir agora.
- E qual é o motivo? Porque sinceramente, eu só te dei motivos para querer ficar longe.
- É, com certeza tive e tenho razões para não te querer por perto mas é difícil ser racional quando se ama alguém, e eu te amo, Joe! Eu odeio te amar e odeio mais ainda ter que admitir isso porque me sinto vulnerável mas é o que sinto e não posso mudar. E guardar isso apenas pra mim só vai me sufocar ainda mais.
- Eu devia estar feliz por ouvir isso. Na verdade estou mas eu lamento por só ter me dito agora, não te culpo, é claro. Mas não posso deixar de pensar em como teriam sido as coisas se eu já soubesse disso a alguns meses atrás, nós podíamos ter sido muito mais, Paige. Eu também te amo, e muito, mas nosso amor partiu nossos corações e não o que eu sou ou o que você fez, mas sim o fato de nos amarmos e sermos covardes demais para admitir isso, por que a gente teve tanto medo de apenas sentir algo que nos fazia tão bem, Paige? Entende o que fizemos conosco?
- Talvez por temermos nos machucar.
- Mas esse medo da dor nos fez tomar a decisão errada e no fim das contas nos machucamos da mesma maneira, não acha? - Paige balança a cabeça e desvia o olhar para o chão.
- Isso é ridículo, pensar que tudo poderia ter sido evitado e que se tivéssemos tido coragem não estaríamos tendo essa conversa agora.
- Você entende o que estou tentando dizer?
- Entendo, Joe. Infelizmente eu entendo muito bem.
- É... E como seguimos agora? Acho que resolvemos um grande empecilho agora que finalmente assumimos o que sentimos, mas o que vem em seguida?
- Eu queria só dizer que agora é a parte em que ficamos juntos e felizes para sempre mas não é assim que funciona na vida real... Ainda tenho algumas pontas soltas e sinto que tenho que resolver isso antes de qualquer coisa.
- É com o Jake, não é?
- Não vamos falar disso agora...
- Eu sei que é ele. Vocês estão juntos?
- Não...
- Por favor... Sem mais mentiras. Não quero segredos entre a gente.
- Nós nos encontramos mais algumas vezes, mas não estamos de fato juntos. Só que não coloquei um ponto final com ele e sei que é necessário, e é isso que farei. Não se preocupe, já planejava fazer antes mesmo de saber que você havia voltado, se é isso que te preocupa.
- Está bem então. Acho que já conversamos. Bem, na verdade eu queria ficar aqui mas é que cheguei a pouco tempo e nem sequer tirei as malas do carro.
- Espera, a quanto tempo você está aqui?
- Cheguei a algumas horas. Passei o vôo inteiro pensando nas mil maneiras de conversar com você e sabia que não teria paz enquanto não o fizesse então vim do aeroporto direto pra cá.
- Ah. Acho que foi bom porque dessa maneira não tive tempo pra ficar ansiosa e nem nada.
- Claro. - Sorrio e a puxo para um abraço antes de sair. - Agora eu tenho mesmo que ir, preciso urgentemente dormir, não faço isso a mais de vinte e quatro horas e não está me fazendo bem.
- Joe?
- Hum?
- Não pense que estamos conversados, ainda falta me falar sobre o lance da máfia, não tocamos nesse assunto ainda.
- Claro. Como preferir, Paige.
- Hoje a noite, pode ser?
- O que?
- Meu Deus... Sobre o que estamos falando, Joe?
- Ah você quer marcar para...
- Pra gente tratar melhor desse assunto, tem muitas coisas que não sei. Na verdade, não sei nada e se vamos ficar juntos preciso saber.
- Tem razão. Então, hoje a noite. Está bem.
Paige assente e eu saio de seu abraço que já está durando um bom tempo, me viro e saio do camarim dando de cara com Sophia que está no corredor aparentemente me procurando.

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Seja Minha
RomancePaige viaja para Los Angeles com o único desejo de ingressar na agência que sonha em fazer parte desde que decidiu que iria seguir carreira internacional, a Mancini Model's, agência renomada em toda a América. Ela só não imagina que além do trabalh...