Capítulo 21

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Jake

Após um breve percurso que parecia se estender a cada segundo nós finalmente chegamos ao local em que Paige está, normalmente tentamos ser discretos para pegar o inimigo de surpresa mas dessa vez foi diferente, não fizemos questão de disfarçar nossa chegada, afinal, Arthur já sabia que estávamos vindo e preparou um verdadeiro circo para nos receber, homens armados na porta da casa liberam nossa entrada mas por garantia antes de chegar aqui mandei que alguns de nossos soldados seguissem pelos fundos de maneira que a casa ficou cercada, na sala entro junto com Joe e outros três homens que vieram com a gente, arrisco dizer que são nossos melhores atuantes até então. Ao pisarmos no cômodo o mesmo está preenchido por alguns caras, consigo contar quatro além de Arthur e claro, Paige, que está sentada num sofá que fica no centro da sala. Ela veste roupas extravagantes como se estivesse numa festa e Arthur usa um smoking preto, a cena é ridícula até mesmo para um idiota como ele.

- Que merda é essa? Por que estão vestidos assim?
- Nossa festa, irmãos Mancini!
- Será que não consegue agir como homem pelo menos uma vez?! - Esbraveja Joe que avança um passo a frente o que faz com que os homens de Arthur apontem as armas para ele.
- Calma, loirinho. Quer acabar com a festa rápido assim?
- Tá achando que isso é um circo, seu maluco de merda? Você quer negociar, não é? Então vamos fazer isso.
- Achei que seria mais difícil te convencer...
- Mas tenho uma condição antes.
- É claro. - Arthur revira os olhos e se senta ao lado de Paige passando o braço por cima de seu ombro. - Mas pode falar, eu e minha querida hóspede estamos ansiosos para saber o que você propõe.
- Primeiro você vai soltar a Paige, e só então podemos conversar, até largamos as armas se você quiser.
-  Muito fácil assim. Acha que a vestiria dessa maneira para lhe entregar com tanta facilidade? Nunca. Jake queria saber porque estamos vestidos assim. - Arthur se levanta e puxa Paige junto com ele a segurando pelo braço. - É porque hoje é um dia especial e essa princesa aqui tem dois caminhos, ou sairá em ascensão daqui e pra isso precisa estar vestida a altura, não é? - Ninguém responde e Arthur pergunta novamente mas com um tom mais alto dessa vez.
- Fala logo o que quer, seu desgraçado!
- Voltando ao que eu estava falando, se Paige não sair daqui vitoriosa com vocês ela ficará aqui, bem, na verdade o corpo dela ficará aqui. E seria uma tragédia linda uma modelo morrer como ela está agora. Tão bem vestida, até me lembro da primeira vez que a vi, ela estava bem parecida com como está agora.
- Arthur, você vai se arrepender profundamente de tudo que está dizendo quando sentir o gosto amargo de sangue na sua boca!
- Eu aceito negociar com vocês dois. Mas vamos para meu escritório. - Continuamos imóveis enquanto Arthur segue rumo ao corredor que dá para sua sala. - Vão ficar olhando? Andem logo, antes que eu mude de ideia e mande matar todos vocês.
- Me dá nojo só de pensar que um dia já tive você como um aliado...
- Pense pelo lado positivo, vim para trazer um pouco de emoção na vida de vocês. - Paramos em frente à uma porta e Arthur a abre com a digital de seu dedo, ele entra primeiro com Paige ao seu lado que não disse uma palavra sequer desde que chegamos aqui, em seguida entro junto com Joe. - Mas que irônico, não acham? Vocês falam como se fossem santos mas no fim das contas nessa história não há heróis, somos apenas vilões tentando se sobressair de alguma maneira.
- Quer dar lição de moral agora, Arthur?
- Não, claro que não...Viemos aqui a negócios e é isso que faremos. Podem se sentar. - Arthur aponta para cadeiras vazias ao redor de uma longa mesa enquanto ele se senta na cabeceira dessa, quando Arthur faz isso olho para meu irmão e pelo seu olhar em resposta creio que ele tenha entendido, um a zero para nós agora.

Joe

- Então o que você quer afinal?
- Aceitam um cigarro? Ou uma bebida? Fiquem tranquilos, não há nada envenenado aqui.
- Obrigada mas prefiro não beber quando estou a trabalho.
- E você, Jake?
- Também não. Vamos logo ao ponto, Arthur. Sem mais enrolação ou joguinhos porque já estou me cansando e quando isso acontece só consigo pensar em como me livrar daquele que está tomando meu tempo.
- Está vendo, Paige? Ele se livra das pessoas quando se cansa delas, ainda bem que você escolheu o Joe...
- Fala logo o que você quer, caralho!
- Eu só quero o que é meu.
- Mas não tem nada seu com a gente.
- É aí que você se engana, Joe.
- Seja mais específico, ninguém aqui quer perder tempo.
- Quero os territórios que ajudei a tomar quando trabalhei com vocês. - Encaro Arthur sem reação porque realmente não consigo ter nenhuma diante disso, não é possível que ele tenha armado todo esse circo só pra pedir uma merda dessas.
- Quais deles? - Indaga Jake em meio ao riso enquanto Arthur o fita sério.
- O lado leste da cidade. - Nesse momento Jake para de rir. - Ou pelo menos o ponto principal, vocês podem ficar com o restante se eu tiver a garantia de que meus rapazes vão poder trabalhar tranquilamente por lá.
- Não fode, você sabe que naquele lado tenho a minha boate e eu não vou te entregar isso de mãos beijadas.
- Bem, claro que vocês têm escolha. Ou vocês me dão o que estou pedindo ou eu fico com o que já tenho em mãos que é bem mais precioso. - Arthur olha para Paige enquanto passa a mão em seu cabelo e consigo ver o nojo estampado no rosto dela.
- Certo. Fique com o lado leste.
- O que? Ficou louco, Joe? Estamos falando de algo meu.
- O que você tem por lá além da boate, Jake? Que eu saiba temos pontos de venda concentrados por lá mas nesse caso estamos falando de posses da família, nada é totalmente seu ali.
- E por que você acha que pode falar em nome da família?
- Porque sou eu quem cuido da parte administrativa aqui e você mais que ninguém sabe disso. Ou se esqueceu que nosso pai me deu esse trabalho porque você não tinha condição alguma de tomar conta das nossas coisas sem foder com tudo?
- Uou, parece que temos uma briga de família aqui...Vocês não cansam dessa disputa, não? Disputam territórios, poder... Mas sabe o que é mais triste? Disputam o amor daqueles que são importantes para os dois, sempre foi assim com o pai de vocês e agora que o Anthony não está por perto vocês direcionaram a disputa para a Paige.
- Cala a sua boca Arthur! Não mete nosso pai nessa conversa.
- Sempre tive uma dúvida, quem tomou a garota de quem aqui? Quem foi o mais ambicioso dessa vez que quis tomar o que era do irmãozinho querido? - Em fração de segundos Joe se levanta indo em direção a Arthur que não esboça uma reação sequer enquanto meu irmão o puxa pela camisa ignorando completamente a presença de Paige que está ao lado.
- Sabe que se eu tiver um arranhão vocês não saem daqui com a garota, né? Ela é minha garantia, Joe, então se quer sair daqui com ela é melhor pensar um pouco antes de fazer qualquer coisa comigo. - Com raiva, meu irmão solta Arthur que tranquilamente ajeita a gola da camisa.
- Essa é minha proposta. Aguardo ansiosamente pela resposta de vocês, e fiquem tranquilos pois temos o dia todo então não me importo em esperar.
- Eu já falei. O lado leste é seu.
- Selamos o pacto como de costume ou a família Mancini abandonou os costumes?
- Ainda mantemos nossos costumes mas não com traidores como você. Nesse caso somente nossa palavra basta.
- Se preferem assim por mim tudo bem. Já selei com Paige.
- Você... Você o que? Não seria louco.
- Mostre a eles, querida. Fique tranquilo, Joe, ela nem reclamou e confesso que isso me surpreendeu. - Arthur puxa a mão de Paige e a estende sob a mesa mostrando o corte em sua palma assim como na dele. Olho para Paige que mantém os olhos voltados para o chão. - Agora não podem voltar atrás do que combinamos. Se me traírem a pessoa que tá marcada tem que morrer.
- Não é assim que funciona! Paige não tem nada haver com isso! - Esbraveja Jake que está vermelho de raiva e posso notar as veias em seu pescoço extremamente alteradas, com meu irmão ainda de pé Arthur começa a rir, aumentando o tom de sua risada insuportável cada vez mais.
- É tão fácil tirar vocês do sério. Calma, eu sei das leis e sei que não é assim que funciona. Só fiz isso pra me divertir, e claro, deixar em evidência que Paige esteve comigo, vocês sabem que gosto de marcar as pessoas que passam um tempo junto a mim.
- Você é um doente de merda! Um sádico!
- Sem gritar, Joe. Não aprecio o barulho. - Em um milésimo de segundo vejo Paige erguer rapidamente a mão e cravar algo na barriga de Arthur que imediatamente grita pelo golpe enquanto Paige se afasta horrorizada parecendo não entender o que ela mesma acabou de fazer, ela para ao nosso lado e não penso em outra coisa se não em a abraçar e é exatamente isso que eu faço, a abraço com todas as minhas forças como se minha vida dependesse daquilo, e de certa forma depende porque preciso de seu toque mais que tudo no momento, a sensação de tê-la em meus braços e sentir seu corpo quente colado ao meu é com toda certeza a melhor que eu poderia ter experimentado hoje.
- Sua vadia! Vai se arrepender do que fez, Paige.
- Você não vai mais se aproximar dela de jeito nenhum, Arthur.
- Agora você vai liberar a nossa saída como se a negociação tivesse sido como combinado. E nem ouse tentar passar algum sinal para eles, você vai falar como eu mandar.
- E por que eu faria isso? Sinceramente não vejo motivos pra obedecer algum de vocês.
- Mas você vai obedecer. - Jake se aproxima de Arthur e ao parar em sua frente gira o objeto cravado em seu abdômen, um caco de vidro pelo que vejo. - Ou não obedeça, a escolha é sua. Mas não vou poupar esforços para te convencer a fazer o que eu quero. - Meus olhos vão de Jake para Arthur e vejo a careta de dor que o mesmo faz enquanto meu irmão o tortura aumentando ainda mais seu ferimento que já sangra bastante. Minha vontade era ir até eles e ajudar Jake com o trabalho mas tenho que ficar ao lado de Paige que já está abalada o suficiente para me ver participando disso.
- Não! Eu tenho uma ideia melhor. - Jake para atrás de Arthur e me olha esperando que eu continue falando. - Você vai liberar a saída de Paige. Diga que estamos terminando de conversar e que é para levarem ela em segurança até a sala, diga que Sophia a receberá.
- Joe, não estenda isso ainda mais, por favor. - Paige diz literalmente implorando mas infelizmente dessa vez não posso ouvir o que ela me pede.
- Meu amor, pode ir. Eu não demoro pra encontrar vocês, prometo. - Me viro novamente para Jake que já está com o rádio parado a frente da boca de Arthur que logo começa a falar ordenando que liberem a saída de Paige assim como dizemos. Ao encerrar a conversa me volto para Paige e deposito um beijo no topo de sua cabeça enquanto ela se dirige até a porta e Jake empurra a cadeira em que Arthur está de modo que ele fique próximo o suficiente da mesa para que os guardas que vieram até a sala não vejam seu ferimento.
- Senhor?
- Não precisam entrar, só levem a garota e a entreguem para a ruivinha lá embaixo. Estou terminando a conversa com os garotos e não quero terceiros aqui por enquanto.
- Tem certeza?
- Toda. Agora saiam logo e nem ousem nos interromper. Se eu precisar chamo vocês outra vez.
- Entendido. Venha, garota. - Um dos homens chama Paige e pega em seu braço para a levar até a porta.
- Tira a mão de mim! Sei andar sozinha. - Não contenho o sorrisinho que insiste em escapar de meus lábios ao ver Paige sair na frente dos capachos de Arthur. Quando a porta se fecha me viro para meu irmão e Arthur que permanecem no mesmo lugar em que estavam.
- Finalmente. Agora somos só nós três, Arthur. E se lembra de minha promessa, né? Irei te fazer se arrepender de cada palavra que disse sobre a minha mulher e não vai conseguir sequer implorar por sua morte porque não vai ter forças pra isso.

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