Seja Minha

Capítulo 20

Paige

Acordo e ao tentar me levantar meu corpo não obedece meu comando e acabo ficando no mesmo lugar em que estou, minha visão vai voltando ao normal aos poucos e consigo ver com mais clareza onde estou, no entanto, eu desconheço o lugar. É um quarto, muito bonito por sinal, o cômodo é todo decorado com cores que variam entre preto e alguns tons mais claros de cinza, estou deitada numa cama enorme e ao olhar por baixo dos lençóis que estão me cobrindo me assusto ao notar que visto roupas masculinas, mais uma vez tento me levantar mas antes que eu consiga ouço vozes vindo do corredor e rapidamente fecho os olhos fingindo estar dormindo ainda.

- Acha que a garota vai demorar muito pra acordar, chefe?
- Espero que não.
- E o que vamos fazer enquanto isso?
- Aguardar o namoradinho dela vir até a gente.
- Tem certeza disso? Você sabe que o Joe não aceita perder nada, ainda mais a garota dele.
- Mas ele não vai perder, só peguei ela emprestada um pouquinho. Eu vou devolver, só não sei quando.
- Isso vai depender dele, né chefe? Depende da colaboração do Joe.
- Exatamente.
- A garota é linda, não é? Esquecendo o lado profissional, Joe tem razão de querer a todo custo tê-la.
- Sim... Mas agora quem a tem sou eu, uma pena eu não poder encostar um só dedo nela.
- E por que não?
- Porque a partir do momento em que eu tocar nessa garota o Joe vai partir pra agressão, e agora eu preciso ganhar tempo.
- Tem razão.
- Vamos descer, tenho que me organizar porque não se sabe quando Joe vai aparecer aqui.
- Mas e ela?
- Os guardas estão na porta justamente pro caso dela acordar e tentar sair ou sei lá o que. Agora vamos logo!

Ouço a porta bater e permaneço de olhos fechados por mais alguns minutos até finalmente achar que já é "seguro".

Pelo que entendi Arthur me sequestrou e vai usar isso a seu favor numa negociação com Joe e saber disso me faz estremecer porque as consequências podem vir de várias maneiras, posso sair ferrada nessa e pior, o Joe também corre esse risco. Tenho que dar um jeito de dar o fora daqui mas não consigo pensar em uma só maneira de fazer isso sem ser pega, me levanto indo até uma janela do quarto e ao olhar para baixo vejo três homens armados andando pelo gramado do jardim, essa saída já não é válida para mim e a porta também não pois ouvi Arthur falar sobre guardas que estão do lado de fora do quarto, pelo visto, minha única alternativa agora é esperar.
Me sento desanimada na cama até que uma ideia me ocorre, há uma chance de dar errado mas também é possível que dê certo e é isso que me motiva a tentar. Vejo um enorme vaso próximo a porta e o considero como uma alternativa mas antes vou até o banheiro que há no cômodo e abro o pequeno armário que há embaixo da pia em busca de algo cortante mas não encontro nada como já era de se esperar. Volto até o quarto e torno a olhar para o vaso, respiro fundo e então caminho até ele e paro em sua frente antes de chutar o objeto o fazendo se dividir em inúmeros cacos e rapidamente me jogo sobre eles de maneira que eu fico de joelhos simulando uma queda e gemo de dor ao sentir o vidro cortar minha pele. Em fração de segundos a porta do quarto se abre e um dos homens que estavam do lado de fora entra e se abaixa ao meu lado.
- Ei garota, está tudo bem aí?
- Não, eu senti uma tontura muito forte e acabei caindo antes de alcançar a porta...
- Você se machucou?
- Sim... - Aponto para minhas pernas que estão manchadas de sangue e o homem arregala os olhos.
- Merda! Michael vai buscar algo pra gente por nesse machucado agora!
- Onde?
- Eu sei lá, some daqui e só volta quando encontrar!
- Tá ardendo muito...
- Relaxa, a gente vai tentar dar um jeito nisso.
- Você é tão gentil. Qual seu nome?
- Não precisa saber disso, mocinha. Você acha que consegue se levantar e ir até a cama?
- Acho que não.
- Certo. Vou te segurar. - Assinto mas antes de me levantar agarro um caco e fecho a mão para que o homem não veja. Ele me levanta e me leva em seus braços e passo o braço por cima de seu ombro, o trajeto até a cama não é longo então me apresso em agir, abro um pouco a mão e cravo o vidro abaixo de seu pescoço e o homem, que grita de dor, me solta me deixando cair no chão, rapidamente puxo a arma que está em sua cintura e aponto para ele que ainda está caído no chão.
- Nem tente sair daqui garota!
- E o que vai fazer pra me impedir? - Noto ele tentar se levantar e sem pensar duas vezes atiro contra sua perna o deixando impossibilitado de vir até mim.
- Desgraçada!
- Encontrei essa maleta... - Me viro assustada em direção a porta ao ouvir a voz do outro guarda que estava aqui e ele ao ver a cena parte para cima de mim e entramos em uma espécie de luta, ambos na tentativa de tomar a arma um do outro, sinto o objeto tremer em minha mão e ao olhar a face do sujeito o vejo com os olhos arregalados, desço o olhos e noto que o disparo o atingiu na barriga. Rapidamente saio dali correndo enquanto este se contorce de dor. Por sorte a arma que roubei do primeiro estava com silenciador então os disparos não foram ouvidos pelos demais.