Capítulo 14 - A Minha Tempestade

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[Narrado por Eric Lluv]

— Ei, não se preocupe, eles não sabem daqui, nós estamos seguros.

Ele e eu percebemos o que essas palavras significam simultaneamente.

— Não, não, não... — Ben corre até Bruce. Eu o sigo e me monto no cavalo que roubei na vila.

***

QUASE NÃO VEJO NADA DO que acontece durante os minutos em que percorremos a floresta até a casa da avó de Ben, e quando chegamos, o lugar parece tão tranquilo e tão imaculado que, imediatamente, sabemos que as coisas não deviam ser assim.

Ben apeia do cavalo chamando pela avó, por Art, por Lucas. Mas ninguém responde.

Observo a floresta a nossa volta. Tudo está tranquilo demais, apesar da chuva, do vento e dos raios e trovões.

Sigo Ben pelo caminho de pedra até a casa.

— Droga!

A avó de Ben e Art estão caídos no chão. Não estão machucados, talvez estejam apenas sob influência de algum sedativo. Ben tenta fazê-los acordar. Chego próximo ao garotinho deitado no chão, como se dormisse, e vejo a flechinha com a substância sedativa esverdeada na ponta caída do lado do garotinho. Mostro para Ben.

Alguém geme.

— Lucas! — Ben vai na direção do amigo.

Lucas começa a se mexer, ainda sedado demais.

— Saiam... daqui!

— O quê? — Ben pergunta, mas já sei o que Lucas quer dizer.

Sinto um calor estranho e a casinha se enche de uma luz alaranjada.

— Eles ainda estão aqui — digo, sem necessidade nenhuma.

— Sr. Diaz! — Alguém grita do lado de fora.

— Eu o conheço — Ben diz, olhando pela janela — é o guarda de quem roubei o dinheiro.

— Dinheiro?

— Lembra do cara na Vila Vermelha hoje mais cedo? Na noite que te encontrei, saímos, eu e aquele cara, para roubar o palácio Vermelho na vila, e acabei roubando dinheiro de um guarda que não parecia ser daqui.

— Victoria...

Ben para de falar, e seu rosto fica mais claro, como se agora tudo fizesse sentido.

— Sim, sim! Esse dinheiro seria pagamento de um serviço, acho que queriam sumir com alguém.

Meu corpo estremece. Então, Victoria é o verdadeiro responsável pelo meu sequestro?

— O quê?

— Eles querem o dinheiro.

— Não, Ben! Quero dizer, eles podem estar querendo o dinheiro sim, mas eles estão aqui para te matar.

— Por quê?

— Não sei, o Lucas falou que acham que você pode ser um bruxo.

Ben sorri, descrente.

— De onde eles tiraram isso... — Ben se interrompe e seu rosto se contorce. — Oh, droga!

— O quê?

— BENJAMIM DIAZ SAIA DAÍ OU INCENDIAREMOS A CASA INTEIRA!

— Eu posso ter feito algo estranho dias atrás.

Ouço o barulho do fogo do lado de fora, ainda que a chuva esteja forte.

— E TRAGA O PRÍNCIPE TAMBÉM!

A Canção do Rei [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora