[Narrado por Eric Lluv]
— Eles estão aqui? — Ela faz que sim com a cabeça. — Onde?
Tamara diz que provavelmente estão na ala médica. Um impulso toma conta do meu corpo que o faz mover para fora do quarto; da mesma forma, um medo estranho percorre meu corpo. Tamara me segue, falando meu nome, mas apenas sigo os corredores do castelo. Meu corpo parece a ponto de explodir; minhas mãos suam e sinto o conforto de Ben na medida em que me aproximo da enfermaria.
***
ABRO A GRANDE PORTA DA ala médica e sinto o cheiro pungente das ervas dali. A ala é dividida em salas e entro na primeira, de uma forma tão estabanada que provavelmente, se minha mãe ou Lilian vissem, já teriam me dado uma correção. Mas na cama ali vejo Art e a avó ressonando, provavelmente cansados por tudo o que passaram por minha causa. Sinto um alívio estranho; um alívio por perceber que, naquela noite, eu consegui parar antes que tudo pudesse ter ficado pior, embora naquele momento a minha parada tenha muito mais a ver com Ben do que comigo.
Saio do quarto em que estão e entro no próximo. Apesar de estar procurando justamente por ele, quando encontro Ben sentado na cama, sem camisa, com toda a barriga enfaixada, sinto que não sei o que fazer. Ele se assusta (pois, realmente, estou muito estabanado), se levanta e sua mão pega na espada escorada na parede rápido. Então, seu olhar cruza com o meu e sinto uma fraqueza estranha.
— Ah... — Ele diz.
— Oi.
— Oi.
Não sei por que, mas parece que esqueci todas as palavras que aprendi quando criança. Olho para ele, que continua olhando para mim pelo que parece ser anos. Por fim, vejo novamente sua barriga enfaixada.
— Como... você está?
Ele olha para a barriga também.
— Não sei, um homem estranho mexeu por um tempo e saiu com cara de preocupado. Acho que não tenho mais tanto tempo de vida.
Não sei como reagir por um instante, então, Ben ri.
— Ei, não vou morrer.
Sorrio.
— Você tem que parar com isso.
Ele continua sorrindo.
— É absurdamente prazeroso ver sua cara depois que eu falo essas coisas. — Eu tento fingir uma cara de bravo.
Continuo parado à porta.
— Então... — Ele diz.
E toda aquela noite volta à minha mente, juntamente com todo o resto: a mentira, os beijos, as conversas. Suspiro.
— Desculpe-me.
— Eric...
— Desculpe-me de verdade, eu não sei... — Ben dá um passo na minha direção.
— Ei... pare de pedir desculpas.
— Mas...
Ele está na minha frente e não consigo falar mais nada. Ele se aproxima mais e me dá um beijo; apesar de querer abraçá-lo e continuar sentindo-o perto de mim, me afasto.
Ben me olha.
— Para constar, não estou arrependido — Ele diz, sorri e acrescenta: — de nada.
Sorrio, sentindo meu coração pulsar tão forte, que sou capaz de ouvir meu sangue pulsando nos ouvidos.
— Preciso te contar minhas longas histórias.
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A Canção do Rei [Concluída]
FantasyE se os contos de fadas fossem diferentes? "A felicidade está sempre a um passo de distância, basta apenas que tenhamos coragem de dar um passo a frente" O príncipe Eric Lluv descobriu há pouco tempo que herdou os poderes destrutivos do pai e agora...