Capítulo 13 - Não, não, não

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[Narrado por Eric Lluv]

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[Narrado por Eric Lluv]

Sinto o gosto do beijo dele, gosto de algo que nunca provei, e ouço o barulho da água caindo ininterruptamente, som que nunca ouvi, e sinto o cheiro úmido da floresta, cheiro que nunca senti. Ele toca meu rosto com as duas mãos e eu nem tento obedecer a minha razão dizendo para eu me afastar, afinal, não quero me afastar.

***

MAS.

AFASTO-ME DEPOIS DO BEIJO.

Ben me olha, confuso.

— Me desculpe. — Ben fala, mas sei que ele só está falando isso pelo costume.

Eu não sei o que dizer. Eu queria ter a coragem necessária para lhe dizer que sou o príncipe e que não mereço nenhuma espécie de compaixão sua, mas sou fraco e apenas me afasto. Ele me pede desculpas de novo. Eu assinto e vejo o seu rosto completamente perdido.

— Ah, podemos voltar. Daqui, conheço um caminho que vai para a casa de minha avó... e de lá.

— Preciso ir... ah... — Minha voz está estranha. — Minha família deve estar preocupada.

Ele concorda.

— Posso te levar até a Vila Vermelha, se for o caso, ou o Palácio do Lago... ou.

— Certo... eu, ah, agradeço.

Ben monta, com certa dificuldade, no cavalo e eu subo na sua garupa.

— O que foi?

— Nada não — ele reponde.

É estranho o quanto nossa viagem pela mata é silenciosa e, deus, eu queria que fosse diferente, mas acho que é melhor assim. Até Ben fica calado e isso me incomoda; um incômodo estranho.

Chegamos à Vila novamente por uma entrada diferente.

— É melhor eu não entrar — Ben diz, por fim. — Você sabe, a coisa da beleza, de homens correndo atrás de mim e tudo mais.

Sorrio e apeio do cavalo. Bruce relincha.

— Obrigado.

Ele assente.

— Tome cuidado — Ben diz.

E o tempo se prolonga mais do que eu queria, mas simplesmente não consigo mover um músculo do meu corpo. Olho para Ben; ele também está olhando para mim. Aceno com a cabeça, numa tentativa de despedida. Ele fala com Bruce e eles começam a se distanciar. Permaneço no mesmo lugar por preciosos segundos e, depois, sinto um aperto estranho no peito; percebo que estou sozinho e que, apesar de ter sido treinado no Forte para as mais variadas ocasiões, a de quase voltar dos mortos em um ambiente hostil não é uma delas.

Caminho vacilante pelas ruelas da Vila, vazias. Mas ouço vozes vindas da praça principal e ando na direção da praça. Enquanto caminho, penso no que fazer; provavelmente simplesmente chegar em algum guarda e me apresentar deveria ser o suficiente, afinal, treinei com vários deles no Forte, mas como já sei, a Guarda foi retirada daqui.

A Canção do Rei [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora