Capítulo Um

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A luz negra do quarto desenhava as formas dos nossos corpos nus, a movimentação pesada de seu corpo sobre o meu, me pressionando cada vez mais para baixo, como se me forçasse aquilo, seus dedos procuravam a minha boca, fazendo caricias na minha língua, ele se empenhava para uma entrada forçada, toda a sensação que aquilo me trazia, era sentida por cada parte do meu corpo, que negava profundamente os meus instintos de sobrevivência.

Os toques, o cheiro que exalava dos nossos corpos pairavam no ar, tudo se conectava de uma maneira estranha, mesmo não querendo admitir o que estava acontecendo, meu corpo necessitava fazer parte daquilo, talvez fosse a questão da grana, me forçando a estar naquela situação, mas talvez lá no fundo havia um pouco de sentimento, mas era uma coisa que tentava negar até o fim.

Por mais que não queira admitir, não podia negar os sentimentos fortes que estava sentindo por aquela pessoa que no fundo nem se quer importava comigo, a maneira grotesca que tinha uma relação estranha, todos aqueles desejos bizarros, toda aquela maldade em seu olhar, ainda mais quando se direcionava a mim, não compreendia como alguém podia fazer aquilo com outra pessoa, a ilusão era pior do que ser penetrado sem a minha permissão, e com certeza fazer com carinho não era uma de suas intenções.

—Estou impressionado, você está ficando cada vez melhor... sua mão espalmou na minha banda direita da bunda, seu pau ainda estava dentro de mim.

Seu corpo desabou para o outro lado e finalmente podia sentir o alivio que era ele não estar mais dentro de mim, o peso dele já não estava sobre o meu fraco esqueleto, e seu pau descansava ainda com a camisinha.

— Tira a camisinha... Sua voz ressoou entre as paredes daquele quarto, minha mão se direcionou para retirar, mas antes que eu pudesse toca-lo, sua voz voltou em um tom de deboche.

— O que pensa que está fazendo? Quero que tire com a boca... Meu corpo congelou diante da sua frase, ele não se cansava de me colocar para baixo, e quanto mais ele pisava, mas demonstrava em seu olhar a sua excitação, como se aquilo fizesse parte de um fetiche doentio.

Minha cabeça, foi lentamente em direção a seu pau mole, que pendia para a parte direita do seu corpo, senti o gosto do lubrificante atingir a minha boca, o nojo tinha se instalado, mas quando senti a sua mão pressionando meu pescoço para baixo, fiquei tenso na hora, queria que aquilo acabasse o quanto antes, e retirei a camisinha o mais rápido que pude.

O plástico mole e com gosto duvidoso, me causava náuseas, o cesto do banheiro parecia estar a um milhão de quilômetros de distância, quando por fim joguei fora a camisinha, senti que nunca mais minha boca seria igual.

— Você realmente me impressiona, o sexo está cada vez melhor, anda praticando demais... Podia sentia o ironia em seu tom de voz, ele sabia que aquilo me afetava mais do que eu queria que afetasse.

Um grunhido saiu da minha boca, como se fosse uma concordância com o que ele tinha acabado de falar, por mais que negasse a situação, no fundo eu só não queria admitir meus reais sentimentos, estava na cara que aquilo, não era somente dinheiro, estava mesmo sentindo algo por ele.

— De quanto tu vai precisar? Ele se inclinou e pegou sua cueca preta de marca no chão, não conseguia compreender como alguém tão bonito por fora tinha uma penumbra obscura que exalava em suas ações, será que ele não percebia o que realmente estava acontecendo.

— Está surdo? De quanto vai precisar? Despertei dos meus delírios e a carteira já estava em suas mãos, seus olhos me perguntavam quanto valeria toda as safadezas que ele tinha me obrigado a fazer naquela noite, e naquele momento minha voz teve coragem de sair da minha boca.

— Não vou precisar de nada! A angustia de olhar para ele, e para o gesto que estava fazendo, mesmo precisando não queria admitir que o pagamento fosse necessário.

— Está de sacanagem comigo, me fala logo quanto é! O tom sério da sua voz me fez recuar algum centímetros — Você não entendeu ainda que não quero nada sério, então me fala logo quanto é, antes que... exaltado por minha negação ele não completou a sua frase.

Um aperto foi subindo pelo meu corpo, podia sentir meu coração pulsando no meu peito em uma frequência diferente, toda vez que ele direcionava suas palavras a mim, me fazendo sentir cada vez mais um lixo como pessoa, talvez o dinheiro não fosse realmente necessário naquela situação, mas no fundo sentia que a gente não escolhe por quem se apaixona.

— Já disse que não preciso de dinheiro... Meu movimento foi rápido para que ele não pudesse me prender mais naquela situação horrorosa na qual eu mesmo tinha me submetido.

Fechei a porta do banheiro, e me tranquei lá dentro, a água morna caia sobre meu corpo ainda ferido, mas não feridas externas, mas grandes buracos emocionais internos, a fervura percorria meu corpo, e nos delírios do meu banho, parecia que ele estava presente, os movimentos que a água fazia por minhas curvas laterais, sentia que era sua mão passeava pelas dobras do corpo, por trás podia sentir ele respirar no meu pescoço um hálito doce e fresco, e os beijos doces que me arrepiavam da cabeça aos pés, seria lindo se tudo aquilo fosse real.

Sequei meu cabelo na toalha branca e felpuda, mas algo estava diferente e quieto, quanto por fim abro a porta percebo que sua presença não habitava mais aquele lugar, não percebi a hora que ele tinha me deixado, a janela só mostrava a imensidão escura lá fora, mesmo não enxergando nada, no fundo queria que ele estivesse só caminhando lá fora, respirando um ar novo, melhor que do aquele sufocante do quarto.

Quando retorno a minha atenção para dentro do quarto, percebo que ele tinha deixado algumas notas no criado mudo, nenhum um bilhete de despedida, somente o dinheiro de culpa, meu corpo desabou na cama, e as lágrimas foi inevitável, o sentimento de culpa dominava o meu corpo, não queria acreditar que estava passando novamente por isso.

Abusado? Talvez fosse a palavra que mais se encaixava naquele contexto, como no fundo alguém podia se apaixonar por um ser humano daquela espécie, mesmo sabendo que era tudo errado, não tinha o que fazer, está envolto demais naquela situação e no fundo sentia que eu pertencia a ele, mas a pergunta que não saia da minha cabeça era:

"Como alguém pode fazer o que ele faz comigo, com a pessoa que o ama tanto, será que eu não demostrava o suficiente para ele perceber?".

Garotos (Romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora