Capítulo Oito

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Sempre que pedia para que ele mentisse para mim, a verdade aparecia, e quando anoiteceu foi exatamente o que me aconteceu, escutei ao longe a porta sendo aberta, e sua cara me pareceu exaustas, como se tivesse sido atropelado por cinco caminhões de lixo, e pelo menos três desses caminhões tivesse dado a ré, podia se notar que estava abatido, algo tinha acontecido, mas como era o Biel que estava diante de mim, de uma coisa sabia, nunca me contaria nada e nem a situação seja qual for que ele estivesse passando, seu orgulho o mataria.

Seu corpo estirado no sofá da sala, como se ele pedisse um momento para recuperar o folego, mesmo a curiosidade me afetando de maneiras diferente, sabia que assim que perguntasse o que tinha acontecido, aquele ser cansado no sofá mudaria de personalidade e viria com tudo para cima de mim, já tinha aprendido a lição da primeira vez.

Aquela tarde foi marcada por várias coisas estranhas, a primeira dela, com certeza era o fato do sonho da faculdade estar tão próximo de mim, mas não foi isso que estava me preocupando e sim o fato do que viria em troca, nunca confiei muito na sua generosidade, e aquilo não estava a mudar.

No sexo, sua forma animalesca era a uma das situações que me deixava mais intrigado, o jeito que ele agiu comigo, a forma como que meu corpo rodava em suas mãos naquele quarto, ele não tinha mentido para mim, realmente ele estava pegando pesado, ele era um tipo de homem com uma agressividade grotesca, sempre agindo de forma rude, como se aquilo não fosse algo para se ter sentimento envolvido, somente o próprio prazer.

A forma de amor que foi vendida para mim era diferente da qual estava acostumado a ter, ele nunca tinha se quer chegado a me tocar, toda vez que vi o seu modo de agir, sentia que ele estava sofrendo, que talvez ele só precisasse de alguém para dividir os seus problemas, só queria poder descarregar o peso que estava sobre ele, e depois de desabafar e contar tudo, se libertaria das amarras, e poderia ter uma real sensação do que é um abraço.

As gorduras foram queimadas por ambos, mas como é ele que se esforça mais, ele sempre desabava ao meu lado, e logo pegava no sono, e na visão dele dormindo que se entendia porque estava-me apaixonando por aquele ser que repousava calmamente ao meu lado.

A perfeição dos músculos, os lábios, com um dos sorrisos mais lindos do mundo, os grandes lábios intocáveis, como se a santidade da sua boca não fosse permitida a plebeus como eu, mesmo sendo o seu maior amante nos lençóis brancos daquela cama.

A perfeição dormia ao meu lado, mas sempre me fugia a ideia de como seria o próximo passo, como seria daqui para frente, como a vida ia se seguir, o que será que vou encontrar nessa nova jornada, talvez amigos ou grandes amigos, qual seriam as dificuldades das disciplinas, os trabalhos, mas certeza o importante era fazer algo que no futuro pudesse me dar prazer e renda para um dia sair daquela casa, e viver sozinho e feliz.

A escolha de ser um escravo financeiro dele, ou tomar a liberdade como minha maior riqueza.

Três dias depois

Felicidade, nunca tinha sentindo uma sensação daquele nível, nunca tinha ficado tão feliz na minha vida, e não podia negar que estava com medo de tudo o que estava acontecendo, como se de uma hora para outra fosse abrir meus olhos, e perceber que tudo o que estava acontecendo não passava de um mero sonho. Mais não podia ser pessimista em tudo na minha vida, e se esse fosse o momento para presenciar a felicidade, faria isso da melhor forma possível.

Arquitetura foi a graduação ao qual decidir cursar, me sentia muito confortável na minha escolha, sabia que a decisão era a certa, adorava as coisas que eram relacionadas a esse curso, amava decoração, e os estilos arquitetônicos eram uma das minhas coisas preferidas, me lembro que quando vi as fotos do Taj Mahal, meu corpo se arrepio dos pés à cabeça, a surpresa era algo que tinha se instalado em meu rosto, ninguém me tirava a concentração em minha confiança no meu próximo desafio.

Garotos (Romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora