Capítulo Dois

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O terror da semana passada ainda não havia sido digerido por mim, os sentimento que havia sido instalado em minhas memórias jamais me deixaria em paz, minha vida tinha tomado um rumo que no fundo sabia que não tinha mais como voltar atrás, e tudo aquilo tinha um culpado, e no fundo queria que aquilo não tivesse sido verdade, o medo de olha-lo novamente me corroía por dentro, não sabia como agir perante ele.

Mesmo não aceitando os termos impostos por ele, sabia que no fundo queria estar ali, onde a presença dele estivesse, podia soar como idiota estar próximo de uma pessoa que só te vê como um objeto particular.

No fundo queria acreditar que quando estávamos em quatro paredes havia muito mais que o ato sexual, no meu âmago, sentia que ele me amava também, mas a realidade massacrava os meus sonhos mais lindos, quando por fim percebia que na verdade, era que no fundo eu não passava de um brinquedo da sua coleção sexual.

O poder que ele movimentava tinha me fascinado no começo, e tudo aquilo me chamou a atenção, a sua influência era gigantesca, comparada com as pessoas da sua idade, e mesmo não querendo admitir sua fluidez, ele tinha me colocado para estudar na melhor faculdade do estado.

Na ironia do destino, meus pensamentos flutuavam entre certos assuntos que não compreendia, tais quais, como alguém como ele podia ter tantos contatos, sendo cruel com as pessoas, será que era somente comigo que ele agia dessa maneira, em certos momentos esses pensamentos me tomavam boa parte dos meus dias, como podia haver tanta injustiça, pessoas de bem que precisavam matar um leão por dia para sobreviver nessa selva chamada vida, e a vida irônica como sempre, entregava de mãos beijadas de tudo a eles e em resposta os mesmo desprezavam essas mordomias, e tem pessoas que não tem absolutamente nada e se arrastam para se manter de pé, viver essa injustiça era desagradável em níveis diferentes.

A perca era algo que fazia parte da minha vida, desde de cedo tinha aprendido a perder coisas e pessoas, meus pais foram os primeiros, quando tinha treze anos embarquei para São Paulo, meus parentes tinham decido que eu moraria com minha tia, logo após a perda trágica da minha primeira família.

Mas minha juventude não foi muito agraciada por ela, sempre achei que ela era meio louca, mas a realidade é que as pessoas que me mandaram para ela, que são as realmente doidas, ela não possuía filhos, vivia uma vida despretensiosa e insanas em certos momentos, mas o que me angustiava, era saber que no fundo ela só queria ser notada e amada por alguém, e isso a levou a relacionamentos desastrosos, sempre tinha gente se aproveitando dela, e teve momentos que tentei ajuda-la, mas ela ainda não compreendia o significado de "Amor próprio" e por fim, ela terminava o dia sempre sozinha, ao passar do tempo, não queria mais nem saber qual era os seus novos affair.

Quando se tratava de mim, seu descontrole era evidente em seus olhos, a desigualdade das palavras que saiam da sua boca era palpável, talvez esse fosse um grande motivo para ela não ter filhos, ela não saberia lidar com uma criança nunca, seu descontrole emocional era não para nunca nem se quer ter um ser humano em sua volta.

Mas meus sentimentos por ela eram estranhos, por que no fundo sabia que ela se sentia sozinha, como eu, depois da perda dos meus pais, mas ela nunca deu a brecha que precisava para que pudéssemos se aproximar, nunca tivemos uma ligação emocional, sinto que fui deixado ali para uma ultima tentativa de mudança, mas falhei até nisso.

Me recordo de quanto tinha ficado doente, deveria ter um quinze anos, ela me abandonou na frente do hospital, e me deixou lá por horas, voltando somente com um rapaz estranho de cabelo engraçado, as recordações dessa noite me fazem refletir sobre a vida, o vazia estampado no seu olhar, aquilo me fez entender o sentimento que a preenchia.

Quando nada fazia sentido na minha vida, os livros eram o refúgio perfeito, histórias românticas que sempre tinham um salvador ou príncipe encantado, o mundo da imaginação sempre foi algo que mantive perto, o mundo real era cruel com pessoa iguais a mim, e admitir isso não era fácil, qual era o significado de uma criança perder os pais tão cedo, e no final ser mandado para alguém sem coração que nem ela, meus outros familiares não tinham noção de como ela agia, simplesmente não se importavam, a partir daquele momento ninguém a não ser eu, se importaria com o que aconteceria dali em diante.

Bem vindos a minha história, sou Rafael de sobrenome não importante, de olhos da tonalidade mel claro, com um corpo magro e uma altura razoável para os padrões da sociedade, mas não quero que foquem muito nessa parte, quero que o foco seja a história a qual vou contar, sobre a capacidade do ser humano de amar alguém tão intensamente que fecha os olhos para a realidade que está a sua frente. 

Garotos (Romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora