O almoço do casal que prometia muito diálogo, caminhava no mais absoluto silêncio. Vera deu como desculpa uma terrível dor de cabeça, que inclusive tinha nome e sobrenome. John Duhamel, seu colega de trabalho, estava se revelando um homem muito obcecado e perigoso. A atriz temia pelo que ele podia fazer com ela, ou pior, com a sua família. Após o almoço silencioso do casal, Patrick e Vera chegaram ao seu apartamento no centro da cidade de Nova York.
- Vai me contar o que está acontecendo agora? - Patrick suspirou jogando as chaves e o roteiro de James Wan no balcão da cozinha, enquanto Vera caminhava em direção ao quarto do casal.
- Só estou com dor de cabeça, Patrick, já disse. - A voz da mulher soou quase inaudível.
Na tentativa de não adiar a conversa novamente, Wilson foi atrás da mulher. Precisava de respostas. Estava começando a se sentir um palhaço, haviam tantas teorias sendo formuladas na sua cabeça que ele podia jurar que iria explodir a qualquer momento. E não seria nada agradável se esse momento fosse na sua casa, com suas filhas de plateia.
- Está me traindo com aquele cara, Vera? - Wilson segurou o braço da mulher com força, fazendo ela encará-lo assustada. A força que Patrick usou não foi o suficiente pra machuca-la, apenas queria que ela entendesse que ele possivelmente havia descoberto algo de extrema seriedade e estava furioso, aguardando alguma explicação plausível da parte da atriz.
- Como é que é? - questionou incrédula com a acusação que acabara de ouvir do marido.
- Não, não, não! Não se faça de desentendida, ok? Não torne isso pior do que já é! - Wilson soltou o braço da esposa e se afastou, dando as costas para ela, enquanto caminhava em direção oposta e então voltava lentamente a se aproximar dela novamente.
- Ontem, nossa filha chegou a me perguntar se você iria abandonar nossa família para ficar com outro homem e hoje aquele atorzinho de quinta veio zombar com a minha cara! - Explicou tentando ao máximo manter a calma naquela situação que caiu como uma bomba na reconciliação recente do casal. Patrick jamais queria que a atriz sentisse medo dele, por isso se esforçava em abordar aquilo controladamente, mesmo que parecesse ser uma tarefa impossível.
- O que ele te disse? - a atriz sentiu seu corpo fraquejar, imaginando o quão traiçoeiro John poderia ser para acabar com seu casamento.
- Foda-se o que o seu amante me disse! Eu quero que você me diga que porra está acontecendo aqui. Não era mais fácil pedir o divórcio de uma vez? Deixar sua filha te ver com outro homem aos beijos? Eu esperava mais de você, Vera! - disse enfurecido pelo calor do momento.
- Eu nunca teria permitido que Clara visse aquilo, não foi minha culpa! Aquele imbecil estava no meu camarim e me agarrou assim que eu entrei, deixando a porta entre-aberta... Clara estava vindo atrás de mim e acabou vendo tudo! - Explicou furiosa, elevando o tom de voz. Não admitiria que ele pudesse realmente acreditar que ela fez aquilo de propósito para que a própria filha assistisse.
- Então vocês transavam no seu camarim? Por isso você não me deixava te tocar? Tinha medo que eu visse seu corpo marcado? - Os questionamentos de Patrick soaram muito mais como pensamentos conclusivos do que perguntas que precisassem de respostas. Wilson riu ironicamente com o sangue fervendo de ódio, imaginando sua mulher sendo tocada por outro homem, enquanto ele fazia o papel de otário indo em sessões de terapia para tentar recuperar seu casamento.
- Meu Deus, Patrick! Agora você foi longe demais!
- Ah claro, claro... Você me trai bem debaixo do meu nariz e eu que fui "longe demais"?
- Eu nunca transei com ele, Patrick! Eu nunca te traí, porra! Como pode pensar uma coisa dessas de mim? - Vera estava incrédula pelas sérias acusações vindas do próprio marido, aquilo a magoou de um modo tão profundo que certamente a atriz jamais esqueceria aqueles olhos de julgamento do parceiro. Ele nunca havia a olhado daquela forma - cheio de repulsa, como se ela realmente tivesse cometido o pior dos crimes.
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Shadow Preachers
FanfictionQuando alguém que você ama se vai, é quase inevitável se perder dentro de si mesmo.