Can't take my eyes off you

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Algumas lágrimas escorriam espontaneamente pelo rosto do ator, enquanto ele tocava o rosto pálido e gélido da mulher, chamando por ela e ao mesmo tempo procurava desesperadamente pelo seu pulso no pescoço dela. Não sentiu nada da primeira vez. O homem não conseguiu conter o choro.

- Não pode me deixar... amor... por favor... - sua voz saia com certa dificuldade, misturada com os soluços do choro.

Como algum sinal divino, Wilson pode ouvir Vera murmurando alguma coisa através dos lábios arroxeados e sem vida da atriz, embora ela permanecesse com os olhos fechados. Estaria ele delirando? Provavelmente. Mas não podia desistir dela de forma alguma. Precisava se agarrar a ideia de que ela ficaria bem. O moreno se aproximou da face da atriz, colando suas testas e pode sentir a respiração da mulher. Ela estava viva!

Wilson esbarrou com a água da banheira no processo e sentiu que ela estava extremamente fria, indicando que fazia algum tempo que Farmiga estava lá inconsciente e poderia estar lhe causando hipotermia.

- Patrick... - murmurou ela com dificuldade, ainda com os olhos fechados. O ator sorriu feliz em ouvi-la, ele não estava delirando, era real, agradeceu aos céus por ela estar viva.

- Tá tudo bem, amor. Vou te tirar daqui. - Imediatamente o ator a tirou da banheira, enrolou ela em uma toalha de banho e caminhou com ela em seu colo para o sofá da sala de estar, cômodo que recebia alguns raios solares fracos, mas que melhoravam a sensação térmica. Agilmente, Patrick retirou do guarda-roupa todos os cobertores que encontrou e levou até Vera.

- Vai ficar tudo bem, meu amor. Só precisa se aquecer... - Dizia ele enquanto a envolvia em alguns cobertores e esfregava suas mãos nos braços da atriz de modo a aquece-la mais rápido. Os lábios da atriz tremiam freneticamente pelo frio e a pele do seu rosto aos poucos ganhava vida novamente.

[...]

- Aqui, está quentinho. - Patrick entregou a Farmiga uma xícara de chá. Ele sentou-se no chão em frente ao sofá que a mulher estava apenas para poder observar melhor a atriz. Se minutos atrás ele chegou a pensar que jamais veria aqueles olhos oceânicos o fitando, agora ele queria aproveitar cada momento de vida que a mulher emanava. Ela era seu combustível, a razão pela qual ele não perdeu a cabeça e cedeu a tentação da morte quando a filha caçula do casal faleceu. Vera precisava dele e ele sempre estaria lá por ela.

- Obrigada. - Agradeceu um pouco envergonhada por tanto cuidado do homem para com ela.

- Por que está me encarando desse jeito? - questionou Vera com o humor completamente alterado quando notou que o homem não parava um segundo sequer de fitá-la com uma expressão séria e o pensamento distante. - Deve estar pensando no quão insana e autodestrutiva sua esposa se tornou, não é? - cuspiu ela em alto tom, enquanto colocava a xícara de chá sobre uma mesinha ao lado do sofá. - Sei que acha que tentei me suicidar, então vá em frente Wilson, me coloque em uma maldita clín... - Farmiga estava exaltada, obrigando o homem a levantar do chão e tomar uma atitude para que aquela conversa não se tornasse mais uma das brigas do casal. Ele estava farto daquilo. Farto de como Vera sempre encontrava algum motivo para afasta-lo dela. Farto de como ela, mesmo fazendo de tudo para afasta-lo, ainda era sua pessoa favorita do mundo. Agindo por impulso, Patrick uniu rapidamente seus lábios nos dela, a impedindo de terminar sua fala. O ator logo separou seus lábios e grudou suas testas, de modo que a respiração de ambos pudessem ser sentidas. Ambos permaneceram de olhos fechados.

- Você fala demais, Farmiga. - Sussurrou ele próximo à boca da mulher, ainda com os olhos fechados. Deixou escapar um riso pelo simples fato de poder ouvir a voz dela.

- Eu... - Vera abriu os olhos, pretendendo prosseguir com sua fala, mas imediatamente foi interrompida pelo homem, que agora levou seu dedo indicador até a boca da morena.

- Shii... Me escuta, só me escuta uma vez na sua vida... - Sussurrou ele sorrindo fraco para ela, ficando com o rosto a centímetros de distância do dela. - Eu fiquei com tanto medo de te perder Vera, você não faz ideia... Mesmo que eu já tenha te perdido em vida, não suportaria viver em um mundo em que você não estivesse. Então sim, eu não consigo parar de olhar para você, porque mesmo que não voltemos a ser o que éramos antes, você ainda está aqui e viva. Ainda posso olhar para você e desejar que você seja feliz mesmo que não seja comigo. Ainda posso ouvir sua risada escandalosa e inesquecível, mesmo que não seja eu que esteja provocando ela. Ainda posso admirar esses malditos olhos azuis enfeitiçantes desejando me afogar neles. Ainda posso sentir seu coração batendo e sua respiração descompensada na minha pele mesmo estando distante de você. - Finalizou ele, afastando uma mecha de cabelo da face da atriz, a colocando atrás da orelha.

A sinceridade nas palavras do ator e a calma e tranquilidade com que aquelas palavras saíram da boca do homem quebraram todas as barreiras que a atriz havia construído contra ele durante meses. Ela o amava, nunca deixou de o amar, amava ser amada por ele. Mas Farmiga tinha a plena consciência de que ela havia o ferido demais, se seu coração e todas as células do seu corpo ansiavam por ele, o peso na sua consciência de todas as suas atitudes impulsivas e questionáveis do passado não tão distante a reprimiam. Ela o afastou quando ele mais precisava dela e quando ela mais precisava dele. Não fazia sentido nenhum, mas ela assim o fez e não podia voltar atrás.

- Quero que saiba que eu te amo profundamente e nunca vou deixar de te amar, Farmiga. - Finalizou ele sorrindo fraco, um tanto constrangido pelo total silêncio da atriz e pelo modo com que ela alternava o olhar, ora para os olhos, ora para os lábios do ator.

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