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Sairíamos em poucas horas em rumo a caçada ao brutamonte da morte, foi assim que chamei nossa missão. Fenrys e Gavriel acharam o nome ridículo, mas eu achei ideal para se referir ao Lorcan. Maeve já havia passado as últimas instruções e colocado feitiço para cobrir nosso cheiro.

Estava fechando minha bolsa quando o cheiro amadeirado e almíscar invade meu quarto, me viro e me deparo com Gavriel usando suas roupas habituais — tons claros e tecido efieciente, bons para batalha, suas tatuagens no peito e pescoço estavam mais à mostra — seus braços cruzados na altura do peito e seu ombro encostado na porta.

— Já vieram me apressar de novo? Uma mochila de uma mulher sempre há mais coisas que as de um homem, ok? Sem contar que vocês sempre esquecem algo e sobra para mim emprestar tudo depois. Já estou quase pronta. — Fechei o zíper da mochila e fui até o espelho grande que fica rente a porta. Enquanto fazia uma trança em meus fios longos, Gavriel me observava da porta. — O quê?

— Se eu falar o que eu pretendia você vai me socar na cara. — Sua voz era divertida.
— Bom, ainda bem que você sabe. — Terminei a trança e coloquei minhas armas no corpo. — Estou pronta.

— Finalmente, vamos. — Revirei os olhos e fui saindo em direção à porta. — Não está esquecendo sua bolsa?

— Leãozinho, aprenda a ser um cavalheiro e leve para mim. — Ele riu baixinho e colocou a mochila nas costas, soltei um beijinho no ar para ele e fomos embora atrás de Fenrys.

...

Estávamos cada vez mais perto da Baía das Caveiras. Lá, iriamos falar ou subornar o capitão Rolfe a nos dar alguma informação sobre o paradeiro de Lorcan e sabendo que Rowan está lá, poderíamos tirar alguma informação dele também.

Paramos em uma estalagem para passar a noite e de manhã partiríamos. O local não era um dos melhores, havia uma festa ocorrendo na região então o local parecia estar cheio, já que era a única estalagem da região.

— Deram sorte, temos dois quartos disponíveis. — A atendente do local disse enquanto organizava o valor. Nós três nos entreolhamos.

— Merda. — Murmurei. E antes que eu pudesse falar que dividiria o quarto com Fenrys, ele diz antes:

— Bom, Celeste, você terá que ficar no mesmo quarto que Gavriel. — Arregalei meus olhos para ele, de costas para Gavriel. — Sabe, já tive que dormir no mesmo quarto que você diversas vezes, está na hora de conhecer coisas novas, não acha? — Seus sorriso estúpido era maior que a própria cara arrogante. Eu me virei para Gavriel sem saber o que dizer.

— Por mim está tudo bem. — Ele dá de ombros, como se fosse a coisa mais simples do mundo. Talvez fosse, não sei, eu já tive que aguentar Fenrys bêbado no meu quarto diversas vezes, mas nunca rolou nada demais, e também já havia dormido com Gavriel há muitos anos quando ocorreu aquele transtorno com Rosaline. Assenti lentamente e me virei para Fenrys.

— Ok, sem problemas. — É, sem problemas. Não há nada demais nisso, contanto que depois eu descontasse essa vergonha em socos no focinho de Fenrys, estaria tudo ótimo. Da próxima vez esses dois machos idiotas iriam dormir juntos e eu teria a cama inteira só para mim.

A moça entregou as chaves assim que pagamos pela hospedagem e comida. Fomos andando até os quartos, ambos ficavam um de frente para o outro e assim que Gavriel entrou no quarto, falei que já já iria entrar, Fenrys estava destrancando sua porta quando eu o puxei pelo ombro e dei um beliscão em seu braço, ele sibilou e esfregava a mão na região.

— O que foi, porra?
— "O que foi, porra?" EU que te pergunto o que foi aquilo porra! — Falava baixo o suficiente para que Gavriel não escutasse. — Você nunca reclamou em dividir quarto comigo seu idiota.

— Você tá precisando relaxar sabe, e eu acho que Gavriel pode te ajudar com isso. — Ele falava com uma calma insuportável, minhas sobrancelhas se ergueram tanto que poderiam ter tocado nos cabelos.

— Fenrys... — Respirei fundo.
— Vai me agradecer depois, boa noite. — Ele bateu a porta antes mesmo de eu falar algo. Saí bufando e entrando no quarto. Assim que fechei a porta me deparei com uma vista que pelos deuses...

Gavriel estava tirando sua camisa de costas para porta, suas costas flexionavam enquanto ele tirava a camiseta, suas tatuagens abraçando cada centímetro da lateral das costas, contornando seu corpo até a frente. Acho que durante todos esses anos que estive na armada de Maeve, só vi Fenrys e Rowan sem camisa, e pelos deuses, Gavriel parecia ter o dobro de músculos que os dois.

Meu ar ficou preso na garganta e meus olhos corriam descaradamente pelo seu corpo, mesmo após ele se virar para mim.

— Apreciando a vista? — Ele tinha um sorriso malicioso no rosto. Eu nunca havia o visto com um sorriso desses. Eu acho que poderia morrer ali. Só não sei se seria de vergonha ou por causa daquele maldito sorriso.

— Cale a boca, idiota. — Disparei até minha bolsa e entrei no banheiro. Suspirei fundo assim que fechei a porta atrás de mim. Comecei a tirar a roupa que estava vestindo e fui procurar uma roupa para dormir. Quando minha mão tocou o cetim de minha camisola cor cobreada, puxada para os tons de dourado...

Um sorriso brotou em meu rosto.

...

Assim que a porta do banheiro se abriu, soube que meu cheiro invadiu o quarto ao ponto de ver os olhos de Gavriel se abrirem. Ele não estava dormindo de fato e assim que me viu, seu olhar se tornou algo feroz, predatório. Meus pelos se arrepiaram por completo e os bicos de meu peito ficaram destacados na camisola. A medida que andava até a cama, pude ver a cor de seus olhos saírem de seu dourado habitual para negros.

Desejo

Era o que ele transmitia naquele momento.

Mas não seria fácil assim.

Não quando meu peso fez com que o colchão cedesse um pouco e me visse colocando minhas mãos em cada lado do corpo sentado de Gavriel. Sua respiração ficou tão pesada quanto a minha, seu hálito se misturava ao meu a medida que me aproximava cada vez mais de seu rosto, nossos narizes a centímetros um do outro.

— Celeste... — Sua voz rouca, saíndo como um sussurro grave atingiu diretamente o meio de minhas pernas, e tive que segurar todo meu orgulho e instinto para não arrancar aquela camisola e montá-lo ali mesmo, naquele momento. Ao pensar nisso, sabia que meu cheiro havia mudado, pois Gavriel tinha um olhar de como se quisesse me comer viva... no bom sentido.

— Cuidado da próxima vez que tentar me provocar, Leãozinho... — Vi centímetros de seu corpo avançarem, mas recuei. Um frio percorreu em mim assim que me distanciei do corpo de Gavriel, me obrigando a deitar do seu lado como se nada daquilo tivesse acontecido.

Poderia ter evitado todos meus instintos naquele momento de não deixar Gavriel satisfazer meus desejos e eu os dele, mas valeu a pena assim que o vi apagar a luz das velas do quarto e se direcionar ao banheiro.

Um sorriso malicioso subiu em mim antes de eu fechar os olhos e dormir.

𝐂𝐄𝐋𝐄𝐒𝐓𝐄 - GavrielOnde histórias criam vida. Descubra agora