Duas horas atrás acordei. Duas horas atrás descobri que sofri um acidente de carro. Duas horas atrás descobri que dirijo com dezessete anos...não! Duas horas atrás eu descobri que tenho vinte e sete anos e, sim, dirijo. Duas horas atrás descobri que perdi a memória e isso levou dez anos da minha vida que, ao que tudo indica, mudou muito. Duas horas atrás percebi que tenho algum tipo de relação com esse Alex do futuro. E duas horas atrás descobri...não, não tem como descobrir algo que você já sabe, confirmei que meus pais continuam os mesmo, ou seja, se estou viva eles não precisam se preocupar.
Como parei aqui? Ninguém me contou em detalhes – na verdade, ninguém quer me contar nada em detalhes -, eles só disseram que eu estava saindo de casa com meu carro e em um cruzamento um carro atravessou o sinal vermelho e bateu do lado do passageiro no meu veículo, o que foi uma sorte, porque se eu não estivesse dirigindo e sim ocupando aquele lugar, não teria sobrevivido. Isso é bom, porque entre morrer e perder parte da sua vida...eu prefiro a segunda opção. Memórias podem ser refeitas e criados, uma vida não.
Sinto-me tonta.
Sinto-me presa.
Sinto-me perdida.
Acabei de sair da máquina de ressonância e....credo, aquilo é o bicho papão em formato de objeto. Ficar tão tensa me deixou tonta e levemente enjoada. Segundo o médico que está fazendo meu acompanhamento desde o dia que eu cheguei – à quatro meses! *gritos internos* – é normal eu me sentir mal no início, porque, afinal, acordei de um coma.
O Alex futurístico sumiu. Eu acabei desmaiando quando ele começou a chorar – e eu também – e apaguei. Quando acordei estava sendo levada para a sala de exames e ele não estava a vista. A enfermeira disse que ele foi tomar um ar, mas tenho até medo que isso seja sinônimo de ele está em uma dessas salas sendo medicado, porque seu choro foi tão cortante que causou hemorragias severas. Lógico que isso é irreal, mas gostaria de saber o porquê da sua dor.
- Acabou – A enfermeira de voz doce – Andy – diz. Dou um sorriso cansado e ela me ajuda a me sentar na cadeira de rodas – Vamos descansar, querida. Já, já você vai se sentir novinha em folha
– Eu espero...
Ela me leva pelo corredor branco e algumas pessoas me olham, outras simplesmente ignoram, como se já estivessem acostumados com isso. Penso na minha vida, nesses dez anos que me foram roubas e me questiono: O que eu fiz? Eu namoro? Sou casada? Alguém sentiu minha falta? Meus pais vieram me visitar?
Para essa última pergunta eu tenho certeza que a resposta é não. A única informação que tirei da enfermeira é que eles me mandaram um buque de rosas – eu odeio rosas – e estão viajando pela costa da Califórnia, do outro lado do país, enquanto eu estou aqui, sem nada familiar para me dar apoia. Mais ou menos. Alex é familiar, mas considerando que eu troquei algumas palavras – pelo que eu me lembro -, ele não é tão familiar para mim.
Falando nele, assim que passamos a porta do quarto, encontro-o olhando pela janela e, quando se volta para mim, percebo seus olhos inchados. Ele não sorri, mas se apressa em levantar e ajeitar a cama para eu poder deitar. Alex, meio receoso, se aproxima e me ajuda a me colocar na cama. Ele parece acanhado, com medo que eu o afaste de novo. Assim, percebo que ele se inclina para me...abraçar? Não sei, mas recua e respeita o meu espaço. Agradeço internamente por isso.
- Bem, vou pegar uma comidinha para você e deixarei vocês dois conversarem – Ela dá um olhar estranho para Alex antes de sair.
Ele suspira e se vira de novo para janela, mas logo está sentado na poltrona perto da minha cama. Noto que ele fica virando com a mão direita um anel...dourado? Ele é casado? Alex gira esse anel em seu dedo e quando tento ver melhor percebo que sim, esse anel é uma aliança. O menino que me encarava, usava sempre o mesmo agasalho e tinha as covinhas mais lindas se casou...com quem?
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Com amor, para a minha garota.
RomantizmAlex Rocksby tem lindos olhos, capazes de iluminar o mais escuro local, só com o seu brilho intenso de esmeraldas. Além disso, o menino ostenta um lindo sorriso, com direito a covinhas e tudo, porém é taxado de bad boy e esquisito, por se manter cal...