Cap 28 - a dor lhe corroía...

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"Concordo com você. Não importa. Não
mais."

E o último som que ouviu foi da porta
batendo atrás dela, antes de se deixar
afundar no sofá, o bolso dianteiro do
casaco parecia muito mais pesado agora,
como se a aliança fosse feita de chumbo,
puxando-a para baixo.

Como tudo tinha chegado aquela
situação? Era o que Marília se perguntava
constantemente. Como de repente, aquele
conto perfeito havia se transformado num
futuro sem perspectivas?

Havia um mês que Maiara fechara a porta
de sua casa, saindo de sua vida, afirmando
que iria correr para os braços de outra
pessoa.Um mês.

Desde então, Marília não sabia o que era
ter um minuto de paz. Era uma mulher
madura e experiente, uma mulher que
nunca tivera qualquer problema com
mulheres, uma mulher que nunca pensara
em compromisso.

Nem namoros longos ela teve. Na verdade
foram dois namoricos de três meses cada,
quando ainda era uma adolescente cheia
de espinhas e fantasias

Agora ali estava ela, sentada em frente
a sua mesa, com sete relatórios para
analisar e pareciam estar escritos em
árabe. Tudo por que há um mês ela não a
via.

Na primeira semana ficou louca. Não
queria dar o braço a torcer, afinal ela nem
havia dado chances para se defender,
simplesmente a julgou e foi embora
gritando na sua cara que tudo tinha sido
um mero acordo.

Um acordo? Acordo uma ova, não
parecia um acordo quando ela gritava e
tremia nos braços dela a noite inteira, ou
suplicava para ser possuída.

Estava com o ego ferido demais para
procurá-la, mas ainda assim seguiu os
passos dela, nas sombras. Maraisa a ajudou,
dizendo para ela o que Maiara estava
fazendo. Até onde soube, ela passara as
duas primeiras semanas trancadas em
seu quarto, sem atender ninguém e muito
menos sair.

E agora ela sabia que o maldito fernando
estava fora da cidade numa conferencia.
Isto era a única coisa que lhe mantinha
totalmente sã, pois sempre que pensava
em Maiara nos braços de fernando, seus
piores instintos afloravam e muito lhe
custava permanecer onde estava em vez
de agir como um homem das cavernas
e ir buscá-la pelos cabelos depois de
assassinar fernando brutalmente.

Fora acusada injustamente e isto estava
lhe corroendo. Não fazia a menor idéia
de quem fosse Bianca Silva, mas sabia
que era armação. Tanto quanto sabia que
o autor dela era fernando. O golpe era
baixo e mesquinho, assim como ele.
Pegou o telefone e começou a discar o
numero dela, mas antes de terminar
desligou o telefone com um baque surdo
e sentou esfregando as mãos no rosto com
impaciência.

Vinha sendo assim todos os dias desde
que romperam, dez, quinze, até mesmo
vinte vezes ao dia. Ficava ouvindo as
mensagens de texto que ela lhe mandara,
algumas sutis, outras mais sensuais.
Olhava as fotos que tinham tirado juntas,
estava completamente enfeitiçada.
Em vez de ligar para ela, ligou para o
irmão, tenente da Scotland Yard.

Ligação on

-Oi, é a Marília. Alguma novidade?

-Não Marília, nada ainda. Eu ainda não
consegui autorização para fazer uma
busca. Mas tenho certeza de que o
promotor autorizará hojem

-Mas eu prestei uma queixa.

-Eu sei Maríla, mas acontece que a
situação é inusitada. Tive que enfrentar
muita gozação aqui. O pessoal não
acredita que você deu queixa de trote,
ainda mais um trote sensual como aquele.
O promotor acredita que você dormiu
com a garota e agora quer tirar o corpo
fora.

-Mas que inferno, eu não conheço esta
mulher.

-Eu sei Marília, mas não é o suficiente.
Tenha paciência.

-Não posso ir até Maiara antes que eu
tenha uma prova de que não conheço esta
mulher.

-Eu sei Marília, mas não posso fazer mais
do que estou fazendo.

-Pode sim. Pode conseguir isso num piscar
de olhos por baixo dos panos. - disse mais
irritada.

-Não é assim que eu trabalho Marília e sabe
disso.

-Mas...

-Ouça sei que está apaixonada e respeito
isso. Mas em primeiro lugar, sua garota
deveria ter acreditado em você.

-Não é tão simples assim...

-Não estou dizendo que é, apenas estou te pedindo calma. Estou fazendo isso por que acredito em você, mas tenho de ouvir coisas que você nem imagina. Nem todo mundo foi criado como nós,acreditando no amor e na fidelidade Marília. E se fizermos tudo dentro da lei e você estiver mesmo certa, posso conseguir um processo para Fernando.
Esta fora a melhor parte da conversa.

-Não deixe de me avisar. - Marília disse
derrotada.

-Será a primeira coisa que farei. Agora
acalme-se.

-Certo. Obrigado. Tchau.
Desligou.


Ligação off

Quanto tempo mais teria que esperar?
Depois da briga, com raiva, ela quis dizer
a si mesma que era apenas por que ela
ainda a desejava, mas logo admitira estar
mentindo. Sentia falta do corpo dela, sim.
Ardia por ela todas as noites. Lembrar de
tudo o que compartilharam lhe tirava dos
eixos e das orbitas, mas não era só isso.
Sentia falta da voz dela, do sorriso, até
mesmo das reclamações. Daquele jeito
decidido e rígido que ela tinha. Sentia
falta do vermelho que surgia em sua
face quando a paixão se dissipava e ela
percebia o que haviam feito.

Sentia falta dela. Estava apaixonada por
ela.

Não. Era mais que paixão, era amor.
Amava Maiara Carla e por isso, aquela
maldita caixinha de veludo que carregava
um solitário caríssimo de diamantes ainda
estava em cima de seu criado-mudo.
Como se ela fosse aparecer a qualquer
instante e cair em seus braços.

Um mês inteiro sem nem ao menos
ouvi-la. Ela não estava mais aguentando.
Para Maiara não foi muito diferente. Ela
enclausurou-se em sua casa e afogou-se no
trabalho. Não conversava com ninguém.
A dor lhe corroia.



A MAIARA E O CORNANDO TERMINARAMM 🗣️

ATE O PRÓXIMO CAP

BJS DA RAY <3

A professora &gt;&gt;Mailila [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora