capítulo 03

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Luana

    Abri o email com o coração na mão, li tudo com calma e na metade do texto já percebi que se tratava de cobranças, com o ter que pagar aluguel e ajudar nas contas desse mês e na que estavam atrasadas, me restaram apenas seiscentos reais, e isso não paga os gastos da clínica que totalizam de novecentos a mil reais.

    Tentei escrever um novo e-mail, avisando que até o fim da semana depositária o restante do dinheiro. Teria de fazer um extra, até encontrar um emprego diurno.

    Me arrumei para o serviço no restaurante, e saí de casa, amanhã, acordaria bem cedo para continuar a entrega de currículos.

    Igual aos outros dias, o restaurante estava lotado, sempre de homens bem vestidos, terno e gravata, e um item que nunca deixei de observar em todos, aliança. Casados! A grande maioria aqui é casado. E nem todos vem a procura de uma refeição e uma conversa com amigos, como a maioria das pessoas normais, eles vêem atrás de sexo fácil, sexo com meninas jovens, já que a maioria aqui tem de dezoito a trinta anos, mulheres bonitas que se submetem a tal ato por não terem para onde correr, por não terem como sair do fundo do posso onde a vida as colocou.

Assim como eu!

Mas não! Jamais me submeteria a  tal ato, vender meu corpo, nem na pior das situações, nem na pior das hipóteses. Me levanto quando recebo o primeiro pedido, uma caipvodka, pedida por um senhor, que está acompanhado por ninguém mais, ninguém menos que Isis. Ela me estende um enorme sorriso, e assim que entrego a bebida ela saí acompanhada do homem.

   Por volta das dez, avistei um rosto bem conhecido por mim atravessar o hal de entrada, e me dá um sorriso assim que nossos olhares se cruzam.

ㅡ Boa noite! ㅡ deseja assim que se senta a minha frente.

ㅡ Rodrigo! ㅡ o cumprimento.

ㅡ A saudade que eu senti desse sorriso morena! ㅡ brinca e passeia o olhar por meu corpo. ㅡ E de algo um pouco além dele também. ㅡ Me encara safado.

ㅡ Como sempre. ㅡ Reviro meus olhos para a mesma cantada de sempre. ㅡ o drinck de hoje ?

ㅡ Olha gatinha, hoje eu preciso de algo forte. ㅡ fecha o semblante. ㅡ Patrão fez merda, e como sempre, sobrou pra mim resolver. Manda uma pesada aí pra mim. ㅡ pisca enquanto abre os primeiros botões da blusa. Fixo meu olhar no jeito angelical que ele desabotoa cada botão, as mãos grossas, escorregando pelo físico enquanto ele balbucia um palavrão silencioso, após não conseguir desabotoar um deles.
   
  Quase me ofereço para o ajudar, mas é tão excitante o ver chingando que nem me atrevo a me intrometer.

ㅡ Luana! ㅡ me viro dando de cara com Henrique, um dos poucos bartender homens daqui. ㅡ Um monte de cliente esperando para ser atendido e você aí babando nesse homem!  ㅡ comenta, e sinto meu rosto queimar. A Luana de alguns meses atrás revidaria, e armaria um barraco, mas a de hoje, tem dividas e precisa de um emprego. Me viro para Rodrigo que solta um sorriso sacana de lado, e me sinto mais envergonhada ainda.

Droga em Henrique.

  Me afasto atendendo os próximos clientes, enquanto sinto o olhar de Rodrigo em mim, é quente como brasa, a última vez que um homem me queimou assim, com um olhar, eu me queimei inteiramente quando senti seu toque, e merda, que droga de toque, tão viciante quanto aquele olhar negro e aquela imensidão de neutralidade dentro dele.

     Assim que sirvo todos, volto para meu posto, que é nada mais nada menos, que um cantinho próximo ao balcão. Fico ali, novamente presa em meus pensamentos. Até sentir o cheiro bom, e as mãos atenciosas acariciarem meu rosto.Levantei o rosto lentamente ja sabendo de quem se tratava. 

   ㅡ Um carinho pra quem esta carente pode ser uma perdição.ㅡ Abre um sorriso presunçoso.

ㅡ E quem disse que estou carente? ㅡ ergo uma das sobrancelhas, é claro que estou um posso de carência desde que tudo mudou tão drasticamente em minha vida, mas não acredito que isso esteja tão evidente assim.

 ㅡ E quem disse que se trata de você? ㅡ Seu sorriso se amplia.ㅡ Quem precisa de um carinho sou eu. ㅡ Morde os lábios.ㅡ E só serve o de uma pessoa especifica. ㅡ Umedece os lábios.ㅡ E eu confesso que estou apenas esperando uma chance, para um jantar talvez?ㅡ Pisca enquanto fico presa no convite.

 É nitido o quanto tenho tentado evitar ao maximo homens em minha vida, e olha que não tem sido algo facil,  principalmente quando se trabalha em um local onde tantos deles frequentam.Não minto que já sabia do interesse de Rodrigo em mim, só não imaginava que ele teria a cara de pau e a audacia de dizer isso assim pra mim.

 ㅡE então?ㅡ Pergunta ansioso, enquanto eu ainda assimilo e penso em uma resposta. Sou salva pelo chamado de um cliente, e faço questão de correr dali o mais rápido possível.

 Pelo resto da noite evito Rodrigo o máximo que posso, até o ver atravessar o hall da portaria, sozinho como em todas as outras  noites. Me sinto mal por te-lo evitado, mas ainda não me sinto pronta para sair com outro homem, ainda tenho resquicios de um bandido em mim. E isso ainda mexe comigo. Terror ainda mexe comigo. E a porra do fato de nem termos tido tempo para nos despedir. E a droga da raiva que sinto dele por não estar lá quando, mataram a Luíza.

 E o ódio de mim por ainda sentir tanto por ele mesmo sabendo que é errado.

     Passo o  resto da noite atendendo e servindo os clientes, até dar meu horário, me visto o mais rápido possível e corro para o ponto.

    Não é seguro andar quase meia noite nas ruas do rio de janeiro. Ainda mais sendo mulher. Por glória o ônibus não demora chegar, e consigo chegar em casa antes das uma da manhã. Tomo apenas um banho e caio na cama.

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Bom dia ❤️

     Contém erros ortográficos.

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O fim é apenas o começo ( Pausada E Sem Previsão De Retorno)Onde histórias criam vida. Descubra agora