capítulo 9

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Luana

   Eu estava tão alegre tão radiante, que sentia que nada poderia me abalar, com o dinheiro dos dois empregos, conseguiria me reerguer, e daria um rumo melhor a minha vida.

    Comecei no emprego em uma  segunda feira, uma loja tão luxuosa, que eu, mesmo como vendedora me sentia um patinho fora d'água. Trabalhamos eu e mais cinco meninas, todas vieram da favela também, e graças a Deus nenhuma delas me conhecia. Oque me fez pensar que não eram de onde eu vim. Confesso que até me senti alíviada.

    Quando cheguei fui super bem recebida, são todas simpáticas, conversando um pouco com elas descobri que todas foram mães na adolescência, e que vieram trabalhar aqui apartir de um projeto que  a dona tem, em  uma ong que acolhe essas meninas, grávidas na adolescência, sem apoio familiar, e sem terem onde ficar. São histórias que me deixam com o coração tão quentinho, porque já cansei de ver, meninas sendo colocadas de lado, pais as expulsando de casa, ou sendo abandonadas pelos seus parceiros, quando engravidam.

E cada vez que me contam sobre a dona daqui, mais eu me apaixono.

   A loja é extremamente movimentada, então não existe probabilidade de não receber comissão.

     Nesse primeiro mês aqui, minha tabela de venda foi toda preenchida, e por mais que eu imagine que seja lucrativo, ainda não larguei o serviço no restaurante, acho tudo muito recente para largar.

    Assim que recebi, nós dois empregos e vi meu salário que antes chegava a mil e duzentos, chegar em praticamente três mil reais quase infarto de tanta felicidade, quitei a dívida com o seboso do Gustavo, paguei a pensão, comprei remédios e utensílios de costura pra minha mãe, depositei um pouco e o restante fiz oque eu mais senti falta de fazer nós últimos meses. FUI AS COMPRAS!

       Quando entrei no shopping com Cláudia, parecia que eu nunca havia frequentando aquele lugar. De tão empolgada e feliz que eu estava, era tão bom voltar a comprar meus cremes, maquiagens,roupas, peças íntimas. Sentia saudades até do cheiro desse lugar.

ㅡ É bom te ver sorrir, faz tanto tempo que não te vejo assim. ㅡ abro um sorriso enquanto bebo a coca.

ㅡ É tão bom Cláudia, ver que pelo menos um mês da minha vida, depois de toda aquela merda, valeu a pena e eu trabalhei com tanto empenho com tanta felicidade, que só de saber que com o dinheiro da loja e do restaurante eu quitaria minhas dúvidas, pra mim o mês todinho já valeu a pena.

ㅡ Fico tão feliz por você, tomara que vc cresça dentro dessa empresa.

ㅡ Aí amiga, amém, amém, amém. ㅡ ergo a mão para cima.

ㅡ E o bonitão? ㅡ Me olha sapecaㅡ ele é um filé em. ㅡ dou risada.  

    Cláudia nós encontrou juntos por acaso, estávamos comendo em um festfood, próximo a loja, e ela passou, me encarou com uma cara de surpresa e nem parou, segundo ela pra não nos encomodar.

   Desde então ela vem me perguntando, quem é, oque faz da vida, e oque temos.

ㅡ Rodrigo amiga. ㅡ Dou um sorriso ao me lembra do quanto ele tem sido importante na minha vida.

ㅡ E aí, já pegou ele de jeito? Dorme no ponto não boba, homão daqueles.

ㅡ A última vez que um homão daqueles entrou na minha vida, ela virou de cabeça pra baixo.

ㅡ Não me diz que quer comparar a vida que Terror levava, com a de Rodrigo Luana? O cara é podre de rico, não tem envolvimento nenhum com o tráfico, a mãe pelo visto é uma mulher extremamente sensata. A vida dele é perfeita.  ㅡ Tenta me convencer.

ㅡ Exatamente, a vida dele é perfeita Cláudia, a minha é que é uma bagunça. ㅡ abocanho o hambúrguer. ㅡ Ele não merece que eu o envolva nessa loucura. ㅡ falo de boca cheia e ela ri. ㅡ isso é muito bom.

ㅡ Porca! ㅡ gargalha.

  Ficamos juntas durante todo o domingo, a noite fui pra casa me deitei e só acordei na segunda, corri para me arrumar, e fui direto pro trabalho, assim que entrei avistei Maria do Carmo, conversando com a gerente. Ela falava calmamente, mas pela sua carranca era perceptível a raiva, passei por elas e nem cumprimentei, pelo tom de voz usado e a raiva evidente, não era bom que eu as interrompesse.

     No vestiário me troquei, vestindo o uniforme, e fui até o pequeno refeitório montado para os funcionários, as meninas cochichavam entre si, e quando me apaixonei sorriram indiscretamente, e me deram bom dia.

    Me sentei e comi  algumas frutas que comprei ontem, enquanto escutava um pouco dos buxixos.

ㅡ Eu sabia, sabia que ela era rata, a cara nunca negou. ㅡ uma dela comentou.

ㅡ Pois nem passava na minha cabeça, roubar no próprio serviço é loucura.  ㅡ nega balançando a cabeça.

ㅡ A gente não pode julgar a atitude dela, não sabemos oque se passa na vida dela. ㅡ a outra  defende. ㅡ Afinal de contas, só quem sabe da nossa realidade é a gente. ㅡ Deu de ombros, e me lembrei da minha situação nesses últimos meses. O quão difícil foi organizar minha vida, o quão terrível é ter de escolher entre comer e pagar as contas. A gente realmente não sabe da realidade de todos.

ㅡ Agora não vai roubar mais, foi descoberta. ㅡ gargalha. E minutos depois a gerente entrou, envergonhada, não falou nada  apenas pegou suas coisa e saiu. Confesso que fiquei com pena, mas ela fez sua escolha, e hoje está arcando com as consequências de atos cometidos  talvez por desespero.

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Boa noite amores! Desculpa a demora. ❤️❤️

   Tô desde ontem tentando postar esse capítulo, tive que entrar pelo navegador, porque o app não me deixava publicar de jeito nenhum 🤡.

O fim é apenas o começo ( Pausada E Sem Previsão De Retorno)Onde histórias criam vida. Descubra agora