capítulo 6

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Luana

  Eu me sentia um lixo, tão enojada e desacreditada do que havia acontecido, da proposta tosca, e daquele homem asqueroso e nojento.

      Meus pensamentos estavam em minha mãe, se ele fizesse alguma coisa contra ela, ou se realmente a despejasse, aquela clínica é a melhor daqui, e com melhores avaliações, por isso eu a escolhi. Minha prioridade até então é a estabilidade de minha mãe. Nem que pra isso eu more embaixo da ponte.

    Liguei para seu Pedro e o avisei que chegaria um pouco atrasada, mas coisa de dez minutinhos. E mesmo contra gosto ele concordou.

     Me arrumei rápido, fiz uma breve maquiagem para tentar esconder as inúmeras olheiras e marcas de choro. É tudo tão difícil, recomeçar está sendo difícil, e eu juro que estou tentando suportar o máximo que posso.

    Corri para o ponto de ônibus, quase perco o dito. Enfiei o fone no ouvido, e enquanto as músicas passavam, meu pensamento voltava em um lugar calmo e  sereno, era uma plantação de girassóis, pegava de uma ponta a outra, eu mal via oque tinha depois dele, eram apenas os girassóis e eu.

   Então eu me levanto, e sinto o cheiro bom, um cheiro que  liberta e que me acalma. Fecho os olhos sentindo a música, e sinto mãos, elas me puxam com leveza pela cintura, então abro meus olhos e ele está ali. Calmo como sempre foi, sorridente, e atencioso.

   Minha primeira reação é o abraçar, sentir sua fragrância que a anos não sinto. Respiro fundo sentindo meu mundo ter cor após meses no escuro. Sinto ele tão presente que é impossível pensar que não é real.

Tem que ser real! Eu exijo que seja!

    O abraço com tanta força enquanto sinto ele me passar confiança e conforto.

ㅡ Vai dar tudo certo. Você é forte minha garota. E eu sempre vou estar aqui com você.  ㅡ De repente ele se vai, e leva com ele sua fragrância a calmaria, e o meu sorriso. Os girassóis murcham, e um breu toma conta de minha visão. É então que abro os olhos e eu estou novamente dentro de um ônibus lotado e com pessoas exaustas.

  Tudo volta a tona, a tranquilidade some a angústia a revolta e o medo voltam com tudo.

   Desço no meu ponto e caminho até o restaurante, antes de atravessar a porta respiro fundo me recuperando, e entro, dando leves sorrisos para alguns clientes que já estão no local.

   Caminho até o bar, atravesso o balcão e caminho até o pequeno vestiário ao final da cozinha.visto o uniforme e retorno para o balcão.  Atendo alguns clientes enquanto de longe avisto uma pequena comemoração de algo. Fico olhando os rapazes gritarem e se agitarem com a dança de uma mulher, ela desce rebola e ganha dinheiro, muito dinheiro. Olho fixamente para a menina que se exibe de forma sexy e por um momento estou cogitando me submeter a tal ato. Mas como um raio, ouço a voz de Terror e Guilherme me repreendendo, juntos. Até dou risada de como minha mente insiste em me lembrar que ambos são tão  diferentes, mas ao mesmo tempo tão iguais.

    Volto a atender, e um rosto conhecido atravessa o haal, dessa vez ele não vem sorridente, muito pelo contrário, parece estressado e impaciente. Próximo ao balcão ele nem conversa comigo, já se adianta e antes que eu vá o atender Henrique corre em minha frente.

    Encaro o rosto do pilantra, que me encara debochado. Ao contrário do que imaginava Rodrigo nem tenta relutar e pedir que eu o atenda. Talvez ainda esteja chateado pelo bolo que o dei da última vez.

    Então nem fasso tanta questão de ir atrás dele, organizo o bar, lavo alguns itens, atendo alguns clientes, e ele continua ali, sentado, atordoado, olhando para o nada. A imagem me dá até pena. Não consigo não me importar, então caminho até a parte do balcão em que ele se encontra.

ㅡ A moribunda da história sou eu, nem vem roubar a minha personagem não. ㅡ Brinco, ele me lança um olhar tão sofrido que até me assusto.  ㅡ Tá me assustando Rodrigo, oque aconteceu?

ㅡ Tive uma merda de dia, fiz um trabalho impecável pra entregar na empresa, um planejamento ótimo, pra no final ele escolher a porra da ideia de um cuzão.

ㅡ sinto muito.

ㅡ Todos os investidores votaram no meu, eu estava tão esperançoso, pra no final o chefe dizer e escolher o trabalho do outro. ㅡ sinto pena dele, isso parece realmente o chatear.

ㅡ Pior que quando a gente precisa do emprego não dá nem pra mandar o patrão ir a merda. ㅡ falo baixo, sorrindo.

ㅡ Pior ainda no meu caso, meu chefe é meu pai. ㅡ Abro a boca em um O, e dessa vez ele dá risada.

ㅡ E eu aqui mandando você mandar ele ir a merda! Meu Deus, Rodrigo. Porque não me avisou. ㅡ Fico totalmente envergonhada.

ㅡ Eu não podia perder essa oportunidade. ㅡ Umedece os lábios. ㅡ E você? Porque estava chorando?

ㅡ Está tão evidente assim? ㅡ Ele confirma. ㅡminha vida tá uma bagunça, tenho problemas gigantes, e nenhuma solução.

ㅡ se precisar desabafar...ㅡ sorri amigável. ㅡ hoje você saí que horas?

ㅡ quinze para as uma. ㅡ ele concorda.

ㅡ se não se importar, quer que eu te espere?

ㅡ Vai ficar tarde.

ㅡ Eu não me importo. ㅡ sorri.

ㅡ Então eu também não. ㅡ sorrio de volta. E saio assim que um dos clientes me chama.

    Essa me pareceu ser a noite mais longa de todos os meses que trabalhei aqui, não sei se por estar ansiosa ou com um pouco de receio em sair com Rodrigo daqui, mas parecia que as uma nunca chegava.

     Depois de quase uma eternidade, terminei meu turno, retirei o avental e o uniforme, bati meu ponto e voltei para o salão. Rodrigo acabava de pagar sua comanda, e assim que me viu abriu um vasto sorriso.

ㅡ vamos? ㅡ seu sorriso se amplia.

ㅡ vamos. ㅡ assim que pisamos fora do restaurante uma lufada de ar frio vem de encontro comigo, Rodrigo percebendo agarrou minha cintura, me puxando para mais próximo dele, fiquei um pouco aflita, mas era bom estar perto dele. E eu queria ficar assim.

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Bom dia bebês 💗

O fim é apenas o começo ( Pausada E Sem Previsão De Retorno)Onde histórias criam vida. Descubra agora