capítulo 2

215 31 26
                                    

     Assim que troco o cheque de meu pagamento, no banco, amontoou todo o dinheiro em minha carteira e saio andando até o ponto de ônibus. Ele não demora passar e não demoro a chegar em casa. Assim que passo pela porta da pensão avisto dona Sônia, ela prepara algo no fogão a lenha da pensão, e assim que me vê a ré um sorriso cauteloso e cheio de atenção. 
    
    Me aproximo calma e a entrego novessentos reais, referentes aos atrasos de contas dos últimos três meses. Ela me encara assustada e tenta me devolver, mas insisto em a entregar.

ㅡ Este dinheiro vai te fazer falta filha, ainda tem a clínica de sua mãe, como vai pagar? ㅡ A fala preocupada me deixa com vontade de chorar, mas sorrio tentando a reconfortar.

ㅡ Tenho um dinheirinho guardado que vai dar para pagar. ㅡ minto, eu não tenho um mísero centavo. E não fasso a mínima ideia de como vou pagar a clínica se retirando esses novessentos reais só me restaram seiscentos reais.

ㅡ tem certeza filha?

   Não.

ㅡ sim Dona Sônia. Vai dar para comprar tudo que ela precisa.
ㅡ Outra mentira, antes que ela prolongue o assunto me despeço e caminho para o quarto, ainda recebo olhares odiosos de alguns moradores, e apenas abaixo a cabeça. Pelo menos minha dívidas com a pensão já estão pagas, agora é tentar convencer a clínica de pegar os seiscentos reais que sobraram e dar um jeito de pagar os trezentos que faltarem no mês que vem. Caio na cama, tentando fechar as contas, se entregar todo esse dinheiro para a clínica ficaria sem dinheiro para comprar oque preciso.

ㅡ Meu Deus! Que situação é essa em que me meti. ㅡ agarro meus joelhos enquanto tento me acalmar. A situação financeira estava  feia, mal tinha dinheiro para comprar se quer um creme de pele, nem dos mais baratinhos. O som de notificação do meu celular me desperta, agarro o aparelho vendo uma mensagem de Cláudia.

Cláudia: Hey, tá afim de tomar uma comigo?

    Como eu queria ter dinheiro pra tomar uma amiga, mas nem isso eu posso fazer.

Luana: Hoje? não posso, sigo na luta atrás de um emprego.

Cláudia: Ah por favor! Estou te convidando, eu pago! :)

    Cláudia sabe de toda minha situação financeira, então presumo que ao ter falado que estou a procura de emprego, ela saiba que estou recusando por não ter como pagar, que merda, minha cota de vergonhas só aumentam.

     Acabo por aceitar o convite, ando tão aflita que beber algo possa me deixar um pouco mais relaxada, pelo menos é oque eu espero.

                                          .  .  .

ㅡ E então a gente meio que ficou noivos!  ㅡ Cláudia me conta euforica  mostrando o lindo anel de noivado. Agarro sua mão admirando a pedra enorme a vista.

ㅡ isso é maravilhoso. ㅡ abro um sorriso. TM e ela estavam noivos, quando eu imaginaria que ela largaria seu antigo namorado e iria noivar de novo, só que dessa vez TM. E logo ela que tem aversão a traficantes.

ㅡ Óbvio que não tenho o apoio de ninguém de minha família.  ㅡ Abaixa o olhar. ㅡ Eles não entendem Lu, que Tomas, tem sua vida errada, mas me trata bem, me vê como uma mulher linda e independente, eles só enxergam nele o lado mal do trafico. ㅡ bufa. ㅡ Mas não estou aqui para falar de mim. Como você está? E a tia? ㅡ puxo o ar olhando para a rua, e volto a encara-la.

ㅡ Tenho comprado todos os remédios que a Clínica me indica, mas o caso dela só vem piorando Claudia, cheguei lá para uma visita esses dias e ela não me reconheceu.ㅡ Abaixo o olhar. ㅡ Não sei como reagir, minha única vontade quando  a vejo naquela situação é chorar, minha mãe não se lembra mais nem de como usar o banheiro sozinha.  ㅡ agarro meus cabelos sentindo as lágrimas escorrerem por meu rosto.  ㅡ Não sei oque fasso, estou endividada, sempre que recebo tenho que escolher  pagar as contas da pensão ou pagar a clínica. E isso tem me dado dor de cabeça todas as noites. ㅡ choro.

ㅡ Luh, porque não me disse isso? Eu posso  te ajudar.

ㅡ Não posso aceitar ajuda, não teria como te pagar depois.

ㅡ E eu lá estou te cobrando? Tá louca? Somos uma pela outra. ㅡ Aperta minha mão. ㅡ de quanto precisa? 

ㅡ Não vou ten pedir dinheiro emprestado, não tenho nem previsões de quando te pagar, não posso aceitar eu me resolvo sozinha fique despreocupada. ㅡ Sorrio em meio as lagrimas.

 ㅡ Tenho tentado de tudo para vender a casa estou a oferecendo a torto e a direito, mas depois que G20 tomou posse do morro aquilo ali se tornou um inferno, e a maioria tem tentado se mudar, então, grande parte das pessoas estão vendendo suas casas, oque dificulta para que eu consiga vender a sua.  ㅡ Explica.

ㅡ As coisas estão tão ruins lá assim? ㅡ Pergunto ja tendo emm mente sua resposta. É claro  que lá ficaria uma merda com ele no comando.

ㅡ De mal a pior se ja achavamos ruim quando terror era o chefe, agora com G20 as coisas são bem piores. ㅡ respira fundo. ㅡ A taxa de proteção subiu pra trezentos e vinte. De lojas já está em quatrocentos. Os moradores não tem como pagar Luh, então eles ameaçam, espancam e esses dias até mataram. ㅡ Levo a mão até a boca espantada com o que ela conta.

ㅡ Como os outros funcionários estão aceitando isso? E a cúpula que me julgou? Estão deixando isso acontecer?  ㅡ Pergunto tentando compreender como ad coisas lá estão chegando a este ponto.

ㅡ Não entendo muito dessas coisas Luh, mas TM tem falado com o líder da facção e ele tem pedido pra que fiquem de olho nele, pra que ele não mate mais ninguém. ㅡ balanço a cabeça enquanto tudo que ela diz parece me engasgar. ㅡ Outro motivo pra não conseguir vender a casa, é a laje! ㅡ Bebe um gole da cerveja. ㅡ Sua laje tem uma vista da entrada e do fundo do morro, e direto tem envolvido em cima dela, isso assusta os compradores.

Merda!

ㅡ Guilherme tinha essa coisa com essa laje, sabia que isso iria atrapalhar. ㅡ deslizo as mãos pelos cabelos nao tendo em vista mais nada que eu possa fazer. ㅡ Não sei oque fazer mais. Juro que não sei.

ㅡ A gente vai dar um jeito calma, vou conversar com TM, tenho certe...

ㅡ Não! ㅡ Berro, sem nem ao menos ter essa intenção, respiro fundo vendo que ela se assustou com minha reação.ㅡ Desculpe! Eu só não quero ele metido em minha vida, nenhum deles.

ㅡ sabe que o Tomás não é assim né Luh. ㅡ ela tenta ser meiga, mas percebo em seu tom de voz que não gostou da forma como me retrai com o nome citado.

ㅡ Entendo, mas ainda assim não quero ajuda dele.

ㅡ Certo a escolha é sua. ㅡ ela se vira dando um gole na cerveja.

   A conversa demorou a voltar a normalidade, é claro que ela ficaria incomodada com o fato de eu não confiar mais em nenhum deles, principalmente pelo fato dela e TM estarem juntos. Mas não, não depois de tudo que eu passei. Eu não voltaria a me relacionar com eles, nem mesmo em uma relação de amizade. Isso não rolaria.

    Me despedi de Cláudia, quando estava próximo ao horário de ir para o serviço, confesso que precisava de um dia de conversa com alguém, e ela é sem dúvidas uma de minhas melhores companhias. Por um dado momento até esqueci meus problemas, mas assim que cheguei em casa e me deparei com um email da clínica onde minha mãe estava internada,meu coração já se comprimiu e a preocupação retornou com tudo.

*******************************
    Bom dia ❤️

Não esqueçam de comentar a opinião de vocês, isso é muito importante e me motiva a escrever cada vez mais.❤️

Contém erros ortográficos kkkkk 😌

O fim é apenas o começo ( Pausada E Sem Previsão De Retorno)Onde histórias criam vida. Descubra agora