Cap. 6 ♥

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Isabela

Com a ajuda do meu pai, consegui subir até meu quarto, e mesmo querendo pensar em outras coisas, o único pensamento que circula em minha cabeça são as palavras que o Lucca falou antes de sair. Juro que tento entender o medo que ele deve sentir em sair comigo, pelo fato de eu ser mais nova, tento entender e até aceito o seu jeito desapegado, e qualquer um que escutar ele falando, chega a conclusão que eu estou pedindo um casamento, filhos, com direito á um cachorro, quando na verdade eu estou tentando fazer exatamente o contrário. Não consegui encontrar nenhum argumento plausível que explicasse o sermão que ele me passou, sem necessidade alguma ficar me lembrando o tempo todo que eu serei apenas mais uma, que eu não posso me apegar, caramba, mesmo esse jeito de ser indo contra a tudo aquilo que eu sou, estou me esforçando o bastante pra tentar fingir que nossos ideais são os mesmos. Sinceramente, ser tratada como uma criança é completamente humilhante.

"Sabe de uma coisa, Lucca? Eu não preciso de lembretes o tempo todo de como você não quer se apegar a ninguém, em algum momento eu te pedi algo à mais do que você diz poder me oferecer? Não; A resposta é não, e eu simplesmente acho incrível o modo que você pensa apenas em si mesmo, sem ao menos prestar atenção nas pessoas que te rodeiam. Não sou nenhuma criança que não entende que você é bom, mas não bom o suficiente para se comprometer, achei que estava correndo antes de dar os primeiros passos, mas pelo visto quem está fazendo isso é você, dando valor demais ao que pouco importa. Não se preocupe Senhor Farias, a menininha aqui sabe cuidar de si própria."

Aperto o botão "enviar", e o trabalho está feito. Mesmo com medo da reação que ele possa ter, preciso que o Lucca saiba que eu sou mais do que uma garota frágil, mesmo que parte de mim ache que uma hora essa parte frágil virá à tona. Acabo pegando no sono, despertando apenas no dia seguinte, e pra a minha alegria, meu tornozelo está bem melhor. Resolvo ir para a faculdade, levanto, faço o que tem que ser feito, e tomo um táxi.

Logo encontro Daniela.

-Bom dia, Isa. Você ta melhor? - ela pergunta me abraçando.

-To sim, Dani. - Começamos a conversar, e como já era de se esperar, Daniela me coloca a par de tudo que eu perdi, até que ela faz a pergunta que eu tanto temia.

-Isa, não estou querendo me envolver, mas aconteceu algo ontem na tua casa? Porque o meu irmão nunca foi de fazer segredo quando o assunto é mulher, mas ontem quando liguei pra ele perguntando sobre você, ele foi terrivelmente rude. Falou que não sabia nada, e que mesmo se soubesse não me interessava.

-Não aconteceu nada demais, - ela me olha com desconfiança - sério, pode ficar tranqüila. Deve ter sido outra coisa, algo envolvendo os negócios, talvez. - falo tentando tranqüilizá-la. - Agora vamos pra sala? O professor já chegou. - Daniela concorda e juntas seguimos para o primeiro tempo de aula. Passo a manhã toda pensando em como ele reagiu à minha mensagem, porém, tenho que espantar esses pensamentos o mais rápido possível, hoje à tarde terei que encontrá-lo, e sei que vou ser obrigada a agir normalmente, é o que a ética exige. Nada de misturar vida pessoal com a vida profissional.

-Ei, gata, hoje o almoço vai ser no mesmo lugar de sempre, não é? - Dani fala, me despertando.

-Pode ser.

Seguimos rumo ao restaurante, almoçamos e vamos direto pra empresa.

-Meninas, que bom que vocês chegaram, o diretor de criação está super doente e não pôde vir, porém, a campanha tem que ser finalizada hoje, ou então perderemos os clientes mais importantes para nós. Lucca está na sala de reunião quase enfartando de tanta preocupação, acreditem, precisamos de vocês.

Calma, Isabela, você nunca dirigiu uma campanha, mas sabe como é que se faz, não é? Digo pra mim mesma.

Escuto Daniela falando o final de alguma frase que não consegui escutar, e pra não deixar transparecer o quanto que estou nervosa, acabo concordando.

Doce Inocência - Layne LimaOnde histórias criam vida. Descubra agora