Isabela
Daniela abraça o irmão sem conseguir esconder o entusiasmo; E das duas, uma... Ou ela não é tão esperta como eu imaginei, ou está apenas esperando o momento certo pra me fazer um interrogatório.
Passamos o resto da tarde terminando de elaborar idéias que servissem para campanha, um novo modelo de bola de futebol será lançado pela empresa. Uma bola, que segundo o próprio Lucca, revolucionará a história do futebol, trazendo mais agilidade, conforto e tantas outras coisas que ele está tentando explicar, mas que eu sinceramente não sei nem para onde vai.
-Por hoje é só, meninas. -ele fala desligando seu notebook.
Tento ser rápida ao organizar minha bolsa, mas antes que eu fale algo, a voz de Dani soa:
-Te cuida ein?! - ela diz olhando pra mim, mas rapidamente vira na direção do irmão- Leva ela com cuidado, maninho.
-Ela já sabe, não é? -pergunto tímida e ele sorri.
-Eu não contei, mas, ela pega tudo no ar, e você me chamou de Luck. -ele diz esboçando uma tentativa de parecer bravo- Depois dessa ela sabe que algo aconteceu.
-Porque?- pergunto curiosa.
-Ninguém me chama assim, Isabela. -Lucca fala, e eu percebo a seriedade em suas palavras.
-Eu chamo; - afirmo sorrindo.
-Só você, garota. Só você.
Sinto como se houvesse algo por trás desse apelido que coloquei nele, algo que talvez ele não esteja disposto a dividir comigo. Sendo assim, prefiro não tocar mais no assunto e acabar ultrapassando os limites. Andamos em silêncio até o estacionamento, ele abre a porta para que eu entre, e sinto-me corar, devo parecer uma idiota, mas o que vou fazer? É nisso que dá nunca ter se envolvido com homem algum, qualquer movimento do sexo oposto, mais precisamente do Lucca, me deixa completamente boba.
-Desisto; - ele fala me passando o aparelho de mp4 até minhas mãos. Eu o olho, e depois de perceber a confusão que provavelmente se instalou em meus olhos, ele sorri.
-Escolhe uma música, não consegui escolher nenhuma. Está em suas mãos a nossa trilha sonora; - Lucca brinca.
Começo a deslizar meus dedos na tela do aparelho, e me surpreendo, o homem tem de tudo, juro que não estou exagerando. Acabo parando em uma que amo, mas, sinceramente? Não o enxergo ouvindo esse tipo de cantora, mesmo assim resolvo arriscar. Levo minha mão até o botão, e assim que aperto o play, os primeiros sons começam a sair do aparelho: "Não consigo olhar no fundo dos teus olhos e enxergar as coisas que me deixam no ar, deixam no ar. As várias fases, estações que me levam com o vento e o pensamento, bem devagar. Outra vez, eu tive que fugir, eu tive que correr, pra não me entregar, as loucuras que me levam até você, me fazem esquecer que eu não posso chorar..." Ficamos em silêncio até o término da canção, minha cabeça à mil por hora, mal conheço o Lucca, mas essa semana sem ao menos o ver foi tão estranho. Nos primeiros dias eu tive raiva, raiva dele, por ser tão idiota, por me tratar como uma garotinha que se apaixona pelo primeiro menino que aparece em sua frente. Porém, senti mais raiva de mim, afinal, o que eu to pensando? Não faz duas semanas que a gente se conhece, aceitei sair com ele no primeiro dia, depois já comecei a fantasiar um milhão de coisas, e eu nem sei se isso é normal. Não sei,e isso tudo porque eu não consegui ter a merda de uma adolescência normal; essa é a primeira vez que um homem me chama atenção, e olha que incrível, ele tinha que ser onze anos mais velho. Não pode piorar, definitivamente não pode.
-Então... Hum... Obrigada pela carona. - falo me aproximando e dando um beijo casto em seus lábios. Afasto-me pra abrir a porta do carro, mas sinto sua mão segurando meu braço, e acabo me virando e encontro ele me olhando com um sorriso desafiador estampando seu rosto.
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Doce Inocência - Layne Lima
Roman d'amourIsabela, 18 anos, estudante de publicidade, vê sua vida virar de pernas pro ar quando tem que se mudar pra Barcelona graças ao trabalho do seu pai. Ela nunca foi boa quando o assunto é socializar, fazer novos amigos, enfim, sempre foi a menina invis...