Ódio e paixão

11 2 0
                                    

Terminando de se instalar no local, Nero e Zemia se sentaram para combinar algumas regras de convivência para que não acabassem ficando em um clima constrangedor, porém o que havia começado com uma conversa mais focada em tal assunto, acabou se tornando mais um papo sobre como era a vida de cada um antes de ir para o colégio. A moça explica que costumava passar o dia com sua mãe, normalmente estudava e tirava horas do seu dia para se dedicar a aprender escritas antigas; elfico ancião, palavras de poder diacrônico e hieróglifos. Ela ainda acrescentou que tinha uma ótima memória por conta desses anos de dedicação, dessa forma caso ela visse algo do gênero, poderia facilmente traduzir como se fosse sua língua materna. As palavras dela deixaram o ruivo encantado, ele lembrava que uma de seus maiores problemas com o seu aprendizado de magia eram as escritas antigas, que teriam em tese maior fonte de informação, porém inacessíveis para os que não fossem capaz de traduzir. Dessa forma conversa vem e vai, eles acabam por passar maior parte do tempo no quarto dialogando, porém durante a noite, exatamente as sete horas alguém bate na porta chamando por Nero. O rapaz percebe que a voz seria conhecida por ele, então ele pede para que Zemia ficasse em alerta em caso de algo ocorrer, pois a voz que ele ouvia talvez não fosse um bom sinal. Tendo ele dito isso, se encaminha em seguida para a porta, tendo aberto a mesma o ruivo veria quem lá estaria, Victor Morgan e dois rapazes atrás dele.

[Victor]
- Olha só, está se divertindo com sua amiguinha? 
- Ou estão fazendo algo mais?

[Nero]
- O que você quer aqui Victor? 
- Não é como se eu precisasse dar satisfação para alguém como você. 

[Victor]
- hahaha, respostas ácidas como sempre.
- Já que não gosta de enrolar eu vou direto ao ponto seu plebeu merdinha.
- A Elenor é minha e eu vi a forma como tratou ela, então eu vou te fazer pagar.
- Alguém aqui tem que por os inferiores nos seus lugares.

[Nero]
- Sinceramente...
- É sério que você veio aqui, falou tudo isso, fez todo esse clima.
- Porque eu coloquei a garota que nem sabe que você existe no lugar dela?
- Qual é Victor, pra quem se acha um maioral, sua moral é bem meia boca.
- Vai me bater? Pode vir, seu erro foi só ter trago dois capangas.

O clima logo esquentou entre os dois, Zemia se mantinha dentro por medo do que poderia acontecer, além de confiar que seu amigo conseguiria resolver aquela situação. Victor estaria em seu limite, ouvir as palavras de alguém que ele considerava menos do que nada era insultante para ele, todavia sendo ele um filho da realeza, não poderia simplesmente começar uma briga e acabar sendo expulso. Nero por sua vez tinha um ar manipulador, sua ideia principal era provocar Victor ao máximo para fazer cometer um deslize mínimo e assim ter a desculpa de legítima defesa para agir. A tensão se erguia ainda mais a medida que o tempo passava, até que um dos amigos de Victor põe a mão sobre o ombro do mesmo e pede para ele se acalmar. O nobre logo se enche de orgulho, respira fundo e em uma tentativa fútil de causar medo no ruivo, ele logo sugere um duelo.

[Victor]
- Eu sei o que quer fazer, mas eu não sou burro.
- Então o que me diz de um duelo? 
- Poderemos resolver nossas pendencias e eu vou poder acabar com a sua raça.
- A menos que esteja com medo.

[Nero]
- Um duelo...
- Uau, as vezes sua boca presta para alguma coisa Victor.
- Claro que eu aceito, mas com uma condição.
- Se eu vencer sua família vai me fornecer acesso aos livros da biblioteca mágica pessoal da realeza. 
- Isso claro se não estiver com medo de perder.

[Victor]
- Tsk... Aceito, mas quando eu vencer, você deverá me servir como um escravo até o fim desse ano.
- O que me diz?
- Estamos combinados para amanhã depois da aula?

Após ouvir a pergunta de Victor, o ruivo tira um papel do bolso de sua camisa, o mesmo esfrega seu dedo na parte inferior dele e repassa para o seu rival, o mesmo vendo que aquilo seria um contrato místico faz o mesmo para que assim, ambos tenham garantia que o perdedor cumprirá sua palavra. Tendo fechado tal acordo os três rapazes se dispersam para seus dormitórios, porém Nero ficaria ali parado por cerca de um minuto calado. Sua colega de quarto pensava que talvez ele estivesse tenso ou arrependido, quem sabe até com medo, mas na verdade, por dentro o rapaz sucumbia de tanta emoção, seu coração acelerava e as risadas em sua mente eram como altas gargalhadas. Aquela era finalmente a chance que ele tinha de por a mão nos livros de magia anciã, algo que ele só teria ouvido falar sobre por conta de seu pai. Logo o rapaz se recompõe e fechando a porta, o mesmo se volta para Zemia com um sorriso em seu rosto.

Prepare-se para morrer em outro mundo.Onde histórias criam vida. Descubra agora